sexta-feira, 29 de maio de 2009

Investimentos na região têm de ser aproveitados

Numa altura em que se prepara o início das obras da Auto-estrada e decorre a construção do Túnel do Marão, investigador da UTAD pede maior dinamismo aos órgãos de poder local.

Aproveitar a construção das grandes obras em curso na região para promover o seu desenvolvimento e não esperar que estejam concluídas para se “pensar o futuro”. O repto foi deixado pelo coordenador do Grupo de Estudos Territoriais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Luís Ramos, durante o fórum “O Futuro é Hoje”. Este encontro serviu também para anunciar o início dos trabalhos do Túnel do Marão e que a Auto-estrada Transmontana (AT) arranca já no próximo mês.
A organização deste debate, que decorreu de 26 a 28 de Maio, esteve a cargo do Núcleo de Engenharia Civil e juntou no painel de discussão os altos quadros das empresas Iberdrola Portugal, EDP, Somague, Soares da Costa e Mota-Engil.
Da apresentação dos projectos das Barragens do Alto Tâmega e do Tua, do Túnel do Marão e AT, os participantes, na sua maioria alunos da academia, puderam retirar vários conhecimentos. Francisco Silva, administrador da Somague, a empresa a quem foi concessionada a construção do Túnel do Marão, referiu que os trabalhos já foram iniciados. A obra permitirá a ligação subterrânea entre os 5665 metros que separam Amarante e Vila Real. Durante os 44 meses de trabalho, cerca de 900 pessoas estarão envolvidas, naquele que representa um investimento de 400 milhões de euros. Este troço será depois ligado à AT entre Vila Real e Bragança. Esta segunda infra-estrutura, igualmente de capital importância para a região, começará os seus trabalhos práticos durante o próximo mês. Esta garantia foi deixada pelo administrador da Soares da Costa, António Fraga, empresa responsável pelos trabalhos. A via estende-se ao longo de 186 quilómetros e tem como concelhos directamente atingidos Amarante, Vila Real, Sabrosa, Murça, Alijó, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança, num total de cerca de 250 mil pessoas. Já em desenvolvimento está também o complexo hidroeléctrico do Alto Tâmega, que terá a exploração da Iberdrola Portugal.
Estes três exemplos, a que se juntam a construção do Itinerário Complementar 5 e o Itinerário Principal 2, são para Luís Ramos essenciais para região, mas já no “imediato”. Para este investigador, será um erro esperar o fim da construção como factor de desenvolvimento. “Julgo que os presidente das câmaras, as associações empresariais, os grandes responsáveis políticos da região ainda não se aperceberam que este investimento vai arrastar e mexer muito com a região.” Luís Ramos não compreende a “passividade e quase desinteresse dos agentes locais”, naquilo que concerne a mover esforços e aproveitar o dinamismo criado pelas obras em fase de execução. “Será necessária não apenas a mão-de-obra, mas também o fornecimento de refeições, bens e serviços de todo o tipo, como de engenharia ou da própria publicidade. Se a região não se organizar e não estiver preparada para agarrar as oportunidades, passa tudo ao lado”, referiu o coordenador do Grupo de Estudos Territoriais da UTAD. Nestes próximos oito anos, o investimento em novas infra-estruturas rondará os quatro mil milhões de euros. Ainda segundo Luís Ramos, também a administração central não está compreender o interesse deste tipo de obras, sob o ponto de vista do desenvolvimento de outro tipo de actividades, que não a infra-estrutura propriamente dita. Para o investigador, tudo é visto como numa “lógica meramente de mercado”, esquecendo o “desenvolvimento regional”. “Mais do que deixar a estrada ou barragem tem de se alavancar um determinado tipo de dinâmicas para potenciar outro tipo de actividades na região”, reforçou. Outras das preocupações, para as quais é preciso alertar, é a “responsabilidade social das empresas”. “Deixam umas migalhas na região, fazem uns pequenos contratos de serviços, mas não entendem a sua verdadeira responsabilidade, ou seja, o papel que podem ter no desenvolvimento da região”, sublinhou. Para este investigador, as grandes multi-nacionais que vão estar envolvidas nos trabalhos devem usar a sua “competência e conhecimento” para impulsionar as empresas e actividades da região. Para que assim seja, a iniciativa não terá de partir apenas das grandes companhias. Os órgãos de poder, locais e nacionais, deverão, à semelhança do que se faz noutros países, assegurar que o desenvolvimento seja uma realidade. E nunca esperar pela conclusão das obras. “O emprego criado depois da obra concluída é muito pequeno, mas se, durante a construção, empresas em muitos sectores forem ajudadas a crescer e a desenvolver-se, a região vai apresentar um tecido económico muito mais forte e activo no futuro”, acrescentou Luís Ramos.
Frederico Correia in http://www.mensageironoticias.pt/

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