quarta-feira, 20 de maio de 2009

Sobrevivência das adegas do Douro obriga a redefinir propriedade - Fusão posta em causa

A fusão de adegas na Região Demarcada do Douro não resolve os seus problemas económicos e financeiros. Uma das conclusões do debate sobre a crise cooperativas, realizado, no sábado, em Santa Marta de Penaguião.Muitas daquelas unidades vivem uma situação aflitiva. A maioria luta com passivos elevados, deve várias vindimas aos associados e não consegue ser competitiva num mercado onde, cada vez mais, só as estruturas fortes vingam.A situação tem motivado largos debates ao longo dos últimos anos. A fusão ou concentração das cooperativas têm sido defendidas como as saídas mais viáveis. Maior escala e gestões profissionais permite reduzir custos de produção e ganhar competitividade.
O Governo tem incentivado aquelas soluções, mas João Rebelo, professor catedrático da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, entende que “quer a fusão, quer a profissionalização (que devem ser associadas) não resolvem o problema das adegas”. O economista defende que a solução passa pela “redefinição dos direitos de propriedade e pela mudança do próprio modelo cooperativo”. Isto significa, que “o poder de decisão tenha por base a participação no capital, ao invés do actual modelo que atribui um voto a cada pessoa”.João Rebelo explica que a participação de um viticultor no capital da adega “pode ser proporcional ao volume transaccionado”. E defende que o investimento “seja objecto de remuneração”. Obviamente, esta solução vai permitir que uns viticultores tenham mais poder do que outros na cooperativa, mas seria compensada, pela “atracção de investimento e capital”.
O Governo continua a incentivar a “concentração ou fusão das adegas com mais dificuldades”, como frisou o secretário de Estado da Agricultura, Luís Vieira, que participou, sábado, no seminário organizado pela Associação Cívica Antão de Carvalho. Nesse sentido criou linhas de crédito, com “discriminação positiva” para as cooperativas, seja no processo de concentração propriamente dito, ou na aquisição de equipamentos para modernização das unidades.
Na Região Demarcada do Douro tem sido considerado um exemplo a seguir a fusão das Adegas Cooperativas de Santa Marta de Penaguião, Cumieira e Medrões, todas no mesmo concelho. A operação, concretizada em 1987, resultou na criação das Caves Santa Marta, cujo presidente, José Lopes, assegura: “Neste momento temos mercado, uma marca, e já intervimos no mercado exterior”. Junta-se-lhe o exemplo das Caves do Vale do Rodo, que resultaram da fusão, em 2004, das cooperativas de Peso da Régua, Armamar e Tabuaço. As adegas de Alijó, Favaios e Pegarinhos deverão seguir o mesmo caminho.
In JN, 2009-05-20

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