quarta-feira, 29 de abril de 2009

Obras públicas: fórum debate oportunidades para empresas e recursos humanos da região

Debater o impacto das novas obras públicas no desenvolvimento de Trás-os-Montes e apontar oportunidades para os jovens licenciados e empresas da região são os objectivos do Fórum “O Futuro é Hoje”, que pretende trazer a Vila Real representantes dos consórcios a quem foram adjudicadas essas obras.

De 19 a 21 de Maio, o Núcleo de Engenharia Civil (NEC) pretende reunir na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), representantes dos consórcios a quem foram adjudicadas o Túnel do Marão, a Auto-estrada Transmontana, o Itinerário Complementar 5, o Itinerário Principal 2, e ainda as barragens do Alto Tâmega, Sabor e Tua, juntamente com alunos do curso de Engenharia Civil e empresas da região do sector da construção.

“Os investimentos públicos não podem passar ao lado da região”, afirmou o representante do NEC, Rui Guedes, que sublinhou a importância de “antecipar necessidades a nível de recursos humanos” e de adaptar os programas dos cursos e o perfil do licenciado às necessidades do mercado que vão ser geradas com a construção destas infra-estruturas rodoviárias e empreendimentos hidroeléctricos. Rui Guedes sublinhou que não serão feitas obras em Trás-os-Montes com esta envergadura tão cedo e que “nunca a região teve tantos investimentos num período de tempo tão curto”. “Se as empresas da região não se prepararem para estes investimentos vão ser as empresas de outros locais, mais habituadas a este tipo de obras, a ganhar com eles”, afirmou o estudante de Engenharia Civil.

O director do Departamento de Engenharias da UTAD, Luís Ramos, lembrou que estas obras se vão reflectir nas economias de todos os municípios da região, não só naqueles onde vão ser construídas as novas infra-estruturas. “Os centros de formação profissionais, por exemplo, podem formar quadros intermédios em função das necessidades das obras”, afirmou.O professor salientou que estes investimentos vão criar um movimento capaz de reactivar várias áreas de negócios, como o alojamento ou a restauração. Luis Ramos lembrou que, muitas vezes, estes consórcios subcontratam empresas mais pequenas, o que se poderá transformar numa oportunidade para as empresas da região, caso estas se preparem a tempo para obedecer aos requisitos exigidos.

Luís Ramos vai aproveitar este Fórum para lançar um desafio aos autarcas, associações e demais entidades com responsabilidades na área para a elaboração de um estudo sobre o impacto destas obras nas localidades afectadas pelas obras, ao nível das oportunidades e desafios para as comunidades locais.

Estão já confirmadas as presenças do presidente da Iberdrola Portugal, Pina Moura, do director-geral da EDP, António Castro, e do membro do Conselho de Administração da Somague, Vieira de Sá. Soares da Costa e Monta-Engil também foram convidadas. Foi também endereçado um convite ao Primeiro-Ministro, José Sócrates, para estar presente neste Fórum.Este Fórum, para além de alertar consciências, pretende estabelecer laços com as empresas e concessionárias e dar visibilidade à UTAD. O Fórum “O Futuro é Hoje” é organizado pelo Núcleo de Engenharia Civil, com o apoio do Departamento de Engenharias da academia transmontana.

Sandra Borges in http://www.noticiasdevilareal.com

Moimenta: uma aldeia entre Portugal e Espanha

Enquanto o Grupo de Gaiteiros animava a tenda de artesanato e de produtos da terra, vários grupos de pessoas juntavam-se para ver a chega de touros de raça mirandesa, um dos principais cartazes da Feira Franca da Moimenta (Vinhais).

Não é possível quantificar os números da assistência, mas não será exagero dizer que se contavam aos milhares, tal era a moldura humana que compunha o tauródromo improvisado pela Junta de Freguesia. A primeira parelha demorou a medir forças e já havia público impaciente, mas o começo da luta fez esquecer as hesitações dos touros.

No recinto da feira, dois homens vendiam a “banha da cobra”, acenando com pares de meias, cobertores e blusões ao preço da chuva, que ambos pediam que caísse ao de leve para vender um pacote de dois guarda-chuva aos mais desprevenidos. Mas o sol alternava com algumas nuvens e a meteorologia esteve sempre do lado da Feira Franca da Moimenta e os carros que se acotovelavam nas duas principais entradas da aldeia atestavam o movimento de pessoas que por ali se vivia.

Há muito que a Feira Francafaz parte do calendário do povo espanhol
Na tenda coberta, máscaras de Vila Boa, licores de Santulhão, fumeiro de Vinhais e produtos caseiros da aldeia misturavam-se com o aroma libertado pelas tasquinhas. Cá fora, o Cão de Gado Transmontano disputava o habitual troféu, não fosse a Moimenta o berço do reconhecimento desta raça. Mais à frente, eram os bovinos de raça mirandesa que desfilavam sob o olhar atento do júri, enquanto iam chegando as dezenas de convidados da Junta de Freguesia para o almoço-convívio que decorreu no salão de festas da aldeia. Pelas ruas da aldeia era tão fácil ouvir falar português como espanhol, pois há muito que a Feira Franca faz parte do calendário de “nuestros hermanos”. Com o tal, o poder local de Espanha também faz questão de estar presente para assistir a actividades emblemáticas como a luta de touros, seguida atentamente pelo alcalde de Puebla de Sanábria, José Fernandez Blanco. A fechar, mais um encontro gastronómico na tenda gigante, em jeito “até para ao ano”.

Fonte: http://www.jornalnordeste.com/

Foz do Sabor: uma aldeia piscatória

Com pouco mais de 90 habitantes, a pequena localidade da Foz do Sabor, a uns escassos seis quilómetros de Torre de Moncorvo, é a única aldeia de pescadores na região transmontana. Apesar de estar situada no fértil Vale da Vilariça, a população da típica aldeia sempre se dedicou, ao longo dos séculos, à actividade piscatória que depressa se tornou no sustento de praticamente todas as famílias que por ali residem. É preciso recuar uns 40 ou 50 anos atrás, antes da construção das grandes barragens do rio Douro, para recordar que, nessa altura, o peixe abundava e era vendido nos concelhos vizinhos do sul do distrito de Bragança.

Actualmente, a Foz do Sabor é bastante procurada por turistas e pelos apreciadores dos saborosos partos de peixes do rio, em que as migas de peixe assumem um lugar de destaque, consideradas por muitos como uma verdadeira iguaria gastronómica. Porém, na memória dos mais velhos ainda prevalecem as imagens dos tempos duros da pesca, já que no Inverno era preciso pernoitar no barco para recolher as redes que traziam o pescado.

Ramiro Relha, um dos mais antigos pescadores da Foz do Sabor, ainda recorda que havia bastante competição entre os pescadores. “Os tempos eram outros e quanto mais depressa chegássemos à margem mais depressa começávamos a vender o peixe, o que era sinal de melhor negócio”, lembrou o pescador. A emigração tirou muita gente à aldeia e, agora, os pescadores são apenas meia dúzia de pessoas que, por gosto à terra ou falta de oportunidade, sempre foram ficando por aquelas paragens.

Apesar da procura de turistas, Foz do Sabor sofre com o drama da desertificaçãoNo café Beira-rio, a escassos 100 metros das margens, a sua proprietária, Aurora Soares, recorda que herdou negócio da sua sogra e adianta que não se queixa do negócio, já que há pessoas que vêm de muito longe para petiscar um peixinho do rio frito ou assado.

A cozinheira garante que o sabor do prato por si confeccionado não está só na qualidade do peixe, mas também em algumas ervas que se encontram nas margens do rio, sendo que a erva peixeira é o tempero máximo e único.No entanto, até ao próximo dia 1 de Junho é proibido pescar apesar de haver sempre um pescador mais afoito que ainda traz um “peixito do rio nem que seja para beber um copo de vinho com os amigos”, afiançam alguns pescadores, mas sempre com o receio de serem apanhados pelas forças do SEPNA da GNR.

Francisco Pinto in http://www.jornalnordeste.com/

Grande encontro de Montanheiros no Alvão

Perto de trezentas pessoas participaram, sábado, no I Encontro de Montanheiros de Vila Pouca de Aguiar sob o lema, flores, fragas e brisas transmontanas, em que se cumpriram estas expectativas biológicas e paisagísticas. Com um tempo primaveril que reforçou a recepção de boas-vindas, os caminheiros deram o primeiro passo no centro histórico rumo à encosta do Alvão.Organizada pela Associação Desportiva da Efacec, Caminheiros aguiarenses da casa F.C.P. e Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, com apoio do Município, Juntas e entidades sociais e comerciais, a caminhada cultural e ecológica passou pelo Museu Municipal, capela e eira tradicional em Fontes, capela e a igreja de S. Tiago em Soutelo, casa da Nogueirinha em Pontido e Castelo de Aguiar. Foi numa eira central desta aldeia do Castelo que as energias foram revigoradas com presunto, broa ou um bom caldo de cebolas ao som das concertinas e da boa disposição dos presentes absorvidos pelas cores do monte, soutos e majestosas fragas graníticas.Destas, há uma enorme que foi colocada a bolir pelos caminheiros que foram chegando ao cimo da encosta do Alvão. Por entre sol e chuva, de passagem no ribeiro e no cruzeiro, por sepulturas medievais, gado maronês, capelinha de Paredes e um baile espontâneo com amêndoas, os montanheiros continuaram pelo Alvão, ladearam pelo grande lago e pela senhora da Luz até começar a descer a montanha do Alvão em direcção à sede de concelho. Mais de 20 km e dezenas de experiências que as pernas e os sentidos recebem e com olhares fotográficos à exposição no Museu. Jantar de convívio, conversar e cantar pela aventura de uma jornada por entre a natureza.
Fonte: http://www.avozdetrasosmontes.com/

INATEL quer investir no Douro e em Trás-os-Montes

Num momento de viragem da sua existência, o INATEL passou a Fundação INATEL. Agora pretende criar uma nova dinâmica através de um conjunto de investimentos direccionados para a Região Norte e no estabelecimento de acordos com alguns operadores turísticos, ligados ao ramo hoteleiro. Neste contexto, o Douro pode vir a ter um novo Hotel cuja localização aponta para as Caldas do Moledo, no concelho de Peso da RéguaEm Bragança o processo está mais adiantado, e tudo aponta para a construção de uma unidade com 50 quartos no espaço do Parque de Campismo. Em relação às Caldas de Moledo o processo pode ser mais moroso, uma vez que a Câmara do Peso da Régua quer tomar posse por usucapião do parque termal, cuja propriedade é também reivindicada pela nova Entidade Regional de Turismo do Douro, que já impugnou judicialmente as respectivas escrituras. O presidente do Conselho de Administração da Fundação INATEL, Vítor Ramalho, avançou, ao Nosso Jornal, estas duas iniciativas e abordou a nomeação da nova responsável pela Agência (acabaram as delegações) de Vila Real. Este responsável explicou as transformações feitas em termos administrativos e organizativos da instituição. “Estou ciente que estas alterações são para muito melhor. A Fundação passou a existir apenas desde 1 de Julho de 2008 e a actual administração tomou posse há quase sete meses, mais precisamente no dia 8 de Setembro de 2008”.O antigo deputado, eleito pelo PS pelo distrito de Vila Real, pormenorizou as mudanças. “Primeiro, alteramos a imagem que será dada a conhecer com mais força do que aquela que existia. Depois, as estruturas das delegações eram muito politizadas, em que as administrações eram nomeadas em função do cariz político que tinham e colocavam delegados, representantes dessa tendência política. A partir do momento em que passou a ser uma Fundação, com uma gestão empresarial muito mais forte, esta situação alterou-se. A minha preocupação imediata foi dotar os representantes das antigas delegações que agora se chamam Agências com quadros da própria instituição INATEL. São elementos que conhecem bem a casa. A Agência de Vila Real também está em restruturação. No distrito há uma nova responsável e, em breve, haverá também em Bragança. Estes responsáveis serão apoiados por assistentes técnicos na vertente do turismo, da cultura e do desporto, numa lógica enquadrada na função de um Delegado Regional, em função das NUTs, em que haverá cinco. A relação de proximidade com as associações, os centros de cultura e desporto vai ser muito mais dinamizada. A nova responsável de Vila Real, nasceu em Chaves e por vontade própria voltou para cá, e é uma pessoa que conhece as associações”. A sustentabilidade da Fundação INATEL tem sido questionada por alguns quadrantes políticos. A Instituição, por si, será capaz de fazer tranquilamente esta mutação? “Ao contrário do que as pessoas possam pensar, o Inatel vai avançar numa lógica de auto-sustentabilidade, o que significa que os recursos próprios vão ter de aumentar de forma significativa. Até há pouco tempo todo o orçamento provinha do Estado”. Quanto a investimentos, este responsável levantou o véu de alguns que estão na calha e que poderão ser uma mais-valia para Trás-os- -Montes e Alto Douro. “Nesta região, vamos estabelecer laços de proximidade com o turismo da Região do Douro, mormente na área da hotelaria e associações. Iremos criar, aqui, uma unidade hoteleira que poderá ser nas Caldas de Moledo. Para o efeito já tive duas reuniões com António Martinho, responsável da Turismo Douro. Está tudo bem encaminhado, há apenas alguns constrangimentos resultantes de uma conflitualidade normal entre Câmaras. Se esta situação for superada, da nossa parte há vontade de avançar e construir o hotel nas Caldas de Moledo. Temos uma grande experiência, sente-se que esta região precisa de ter este reforço de equipamentos, agora falta apenas o entendimento entre a Câmara e a Turismo Douro”.Por sua vez, o presidente da Turismo Douro, António Martinho, vê com bons olhos a possibilidade destes investimentos. “Em Portugal, o INATEL é hoje um dos maiores operadores turísticos, onde o Turismo Sénior e Social têm a gestão de termas. Podia ser uma virtualidade para a região. Deixemos que as coisas sigam o seu caminho naturalmente e o mais importante é aproveitarmos tudo o que temos de bom no Douro. Caso contrário, as gerações vindouras não nos iriam perdoar”. Recorde-se que foi D. Antónia Adelaide Ferreira, (conhecida como Ferreirinha), em 1880, quem mandou construir as termas das Caldas do Moledo, o seu parque frondoso de plátanos “manchado” por uma célebre poda cirúrgica, há uns anos atrás, e um palácio para acolher o rei D. Luís I, cujo imóvel arruinado ainda existe. Para o distrito de Bragança, Vítor Ramalho também avançou com novidades. “Recentemente, falei com o Presidente da Câmara Municipal de Bragança sobre o Parque de Campismo que começou a ser explorado há pouco tempo e o INATEL tem de realizar um conjunto de obrigações. Estas conversações com o Presidente da Câmara vão no sentido de projectarmos, em conjunto, uma candidatura de investimento ao novo QREN, para que haja possibilidade da concretização do protocolo que já está outorgado entre a Câmara e o INATEL. Sinceramente, espero que o Parque de Campismo seja valorizado, onde se prevê a construção de uma nova unidade hoteleira com 50 quartos. O projecto ainda não está concretizado, mas espero dinamizá- -lo o mais breve possível”. Vítor Ramalho aproveitou para anunciar a recuperação de duas pousadas na região Norte. “Vamos melhorar e requalificar a Pousada de Vila Nova de Cerveira, uma unidade importante que serve toda a região minhota. Será igualmente requalificada a de Vila da Feira. Estas obras esperaram financiamento há cerca de sete anos, e vão finalmente avançar, ainda este ano, de forma a transformar completamente estas duas unidades.A unidade de Vila Nova de Cerveira está orçada em 500 mil euros e a da Vila da Feira será mais onerosa, numa requalificação a rondar um milhão de euros”.
José Manuel Cardoso in http://www.avozdetrasosmontes.com/

Sonoridades resgatadas em Pensalves

A energia sobra-lhe nos gestos que a idade tornou rotineiros. O corpo irrequieto revela a argúcia com que domina as ferramentas espalhadas pela banca de trabalho. As mãos gastas vão conversando à volta do bombo em construção...
Nem a porta escancarada empresta mais luminosidade à oficina onde executa os procedimentos necessários à construção ou reparação de instrumentos musicais. A chuva que cai lá fora e o frio que se sente cá dentro, não demovem João Batista Almeida de dar voltas e voltas aos aros até que, por fim, assentam na forma circular que os vai sustentar. É na pequena povoação de Cabanes, na freguesia aguiarense de Pensalves, que o artesão de 74 anos abraça este ofício há largos anos. Tudo começou porque, certo dia, queria um bombo para acompanhar a arruada ao povo. “Disseram-me ‘fazes um’. Então, arranjei umas vergas de castanho, um bocado de platex e fiz um bombo. Comecei a fazê-los e nunca mais comprei nenhum.” Em si há um olhar astuto de quem, orgulhosamente, aprendeu sozinho um ofício invulgar. “Vi um bombo velho, desmanchei-o para ver a forma como estava feito e fiz por aquele.” A essa primeira tentativa bem sucedida, João Batista Almeida não parou de arranjar instrumentos: bombos, concertinas e castanholas, mas como um trabalho alternativo, porque sempre trabalhou “as terras”. Contudo, foi graças aos bombos que conseguiu “governar a vida”. O processo de fabrico parece ser encarado com facilidade, à excepção de uma fase. “O que dá mais trabalho é fazer os aros e depois, coser os coiratos [formas triangulares de segurar as cordas]”. Se já tiver os aros feitos, João Batista Almeida assegura que num dia, faz um bombo. “O que demora mais a fazer são os aros, que têm que ser serrados e feitos logo, ainda em verde.” Feitos em negrilho ou canacipe, madeiras que arranja com facilidade pelas matas da aldeia, os aros são alisados com a navalha e a plaina, mas, por vezes, têm que ser serrados numa fábrica em Vila Pouca de Aguiar. João Batista Almeida procura reaproveitar materiais para a superfície cilíndrica do tambor. Por isso, já chegou a utilizar um tambor de uma máquina de lavar a roupa, um barril ou mesmo um bidão cortado. Os únicos materiais que adquire são chapas de alumínio e as cordas, uma vez que até “os coiratos são feitos de botas velhas”. A pele do tambor é devidamente talhada e demolhada antes de ser esticada nas bases da superfície cilíndrica. Uma tarefa que requer “muita paciência” e na qual o artesão conta com a ajuda da esposa. “Às vezes, chateava-me, porque metia de um lado e saltava do outro”, conta o artesão. Posteriormente, João Batista Almeida coloca um dos aros e vira a pele com uma chave de fendas. “Depois meto outro arco em cima, colado com cola da madeira”, revela. As vibrações da pele e do corpo do tambor são as responsáveis pela emissão de som, o que leva o artesão a preferir as peles de ovelha ou de cordeiro. “É que zoam melhor”, justifica. Em tempos, eram utilizadas peles de cão, essas é que “zoam bem”. Na etapa final, são colocadas as cordas e apertadas. Os buracos para que elas passem são feitos com “um espeto quente reluzente”, que está “ao ar da braseira”. “A minha única máquina é o espeto, de resto é tudo feito à mão”, sublinha o artesão aguiarense. As cores dos bombos variam entre o branco e o vermelho, o branco e o azul, o verde ou o preto e são aplicadas com um pincel. Como “não há por aqui ninguém que os faça”, João Batista Almeida é procurado por pessoas “de todo o lado”. Pela proximidade, vêm de Vila Pouca de Aguiar e de Ribeira de Pena, depois também do Douro, do Minho e até de Bragança. Há ainda quem os leve para os grupos folclóricos da Suiça, da França e da Alemanha. O preço do bombo é determinado pelo tamanho, assim pode oscilar entre os 25 e os 100 euros. “Os mais pequeninos são mais ruins de fazer do que os grandes e demoram mais. Um bombo grande verga-se melhor, a madeira não parte tanto”, revela o artesão. De baqueta em punho, João Batista Almeida faz zoar um dos muitos bombos que já produziu, envergando um sorriso de evidente satisfação.

Legado (in)transmissível
Já o seu filho, Delfim Dias Lopes, dedica-se ao conserto e à criação de concertinas. Com um mestre mesmo ao seu lado, não foi preciso outra escola. Foi aprendendo por observação e intuição. “Isto é mais por artesanato e se uma pessoa há-de estar aí sem fazer nada, vai-se entretendo”, justifica. Basta-lhe o ouvido para perceber o que está a soar mal e, consequentemente, a reparação necessária. “Podem precisar de afinações, de botar línguas [teclas], de cobrir foles ou de reparar botões e correias.” O compasso de espera varia conforme o tipo de conserto. “Se for só para afinar, são umas três ou quatro horas; já para pôr as línguas, uma meia hora”, explica. No sossego da tarde, embala uma concertina desarranjada. “Tinha as línguas partidas, depois têm que ser afinadas. O fole está a ser todo forrado de novo para ficar mais duro e bonito. À frente, vai levar um feitio: uma estrela.” Delfim assegura que fazer uma concertina “dá bastante trabalho”, implica “serrar a madeira, passá-la na plaina, lixá-la, tirar todas as medidas certinhas”. Sem qualquer formação na área da música, vai procurando as afinações na banca artesanal para “pô-la a tocar em sol ou em fá”. Sempre que possível, procura recuperar peças de concertinas que se calaram, enquanto “um ferro quente” faz todos os signos decorativos. Aos 41 anos, Delfim intercala esta actividade com trabalhos temporários na Suiça, até porque “lá se vai ganhando mais algum”. Por isso, fazer uma concertina demora-lhe cerca de dois meses, se trabalhasse a tempo inteiro, era suficiente uma semana. “A concertina que foi para a França, vendia por 500 euros, mas era pequenina. Esta será para 1 500.” Os emigrantes costumam ser compradores preferenciais. “Os emigrantes que têm lá ranchos vêm cá muitas vezes, de cada vez levam sempre três a quatro concertinas.” Como instrumento de palhetas livres e fole, a concertina tem nítidas semelhanças com o acordeão, mas uma sonoridade distinta. João Batista exibe os seus dotes musicais em várias concertinas, também elas parte integrante da família. Com discreta reverência, vai pressionando os teclados que flanqueiam o fole e as notas musicais vão povoando a atmosfera numa cadência melodiosa. Ao seu lado, a esposa, Maria Isaltina, entoa cantigas de sempre. “Gosto muito de cantar, já tocar não me puxa”, confidencia. Também Delfim se diz tocador de todos os instrumentos, embora o pai não o deixasse tocar na concertina quando era mais pequeno. “Quando ele [João Almeida] ia com as vacas, era eu que lhe dizia para ir tocar e eu cantava”, conta a mãe. Na verdade, toda a família mantém uma ligação muito estreita com a música. Dois dos quatro filhos trabalham na mesma arte do pai, que “mal se põe a pé, já está a tocar na concertina e acaba de cear, senta-se no escano e toca”, revela Maria Isaltina. Sem pauta formal, mas com uma percepção auditiva invejável, João Almeida procura ouvir as zoadas fortes que se desprendem dos bombos que materializa e retirar das cacofonias das concertinas, uma combinação harmoniosa de sons.
Patrícia Posse in http://www.mensageironoticias.pt/

Os moínhos utilizados na moagem do cereal

Da agueira para a calha e desta para o rodízio. Depois as pedras giram, esmagam o grão e a farinha cai, mas raramente, pois poucos são os moinhos que resistem à modernidade. O de Frieira é um deles.
“Quando tem água bebe vinho, quando não tem água bebe água”. Assim se contava antigamente da profissão de moleiro, dito justificado no leito de água que fazia o moinho trabalhar, que quando secava não permitia que o grão passasse a pó e deixava o moleiro sem rendimento. Os moinhos, engenhos hídricos introduzidos por romanos e árabes em diferentes períodos na Península Ibérica, proliferaram em Trás-os-Montes, utilizados na moagem do cereal. Actualmente, as pequenas construções do nordeste transmontano encontram-se maioritariamente em ruínas, sendo escassos os que ainda funcionam, de que é exemplo o moinho de rodízio, na aldeia de Frieira, concelho de Bragança. Inicialmente propriedade de famílias de Frieira, Sanceriz e Izeda, denominados de “herdeiros”, a partir da década de 60 passa a “moinho do povo” e ainda hoje alguns populares utilizam o engenho para moagem de cereais, principalmente para alimentar os animais que criam. Situado à beira da ribeira Vale de Moinhos, assim denominada devido ao número de construções que existia na aldeia, com a ponte medieval no horizonte, o moinho de Frieira emerge de cara lavada, pois o antigo edifício foi objecto de recuperação em 2005. A acompanhar, um e outro habitante que vai usufruindo dos primeiros raios de sol de Março. “Antigamente vinha muita gente aqui moer, de Izeda e assim, os herdeiros. Vinham com carradas de sacos e traziam os criados. Estavam aqui aos dois dias seguidos a moer. E, às vezes, os de Morais estavam cá às semanas, porque moíam para todo o ano. E não dava muito trabalho, porque é só botar a pedra a andar e ela roda e mói. A água é que faz tudo”, lembra Ana Maria Branco, que vai conversando com as vizinhas que acenam que sim, que dantes era outro movimento numa terra que “quase não vê ninguém e só tem meia dúzia de velhos”. Maria de Jesus Martins vai contando que “o moinho estava sempre aberto, pois tinha sempre gente. Muitos faziam fogueiras, levavam merendas e vinho e dormiam lá toda a noite. Nunca parava e eram uns atrás dos outros. Faziam farinha para todo o ano, que depois guardavam em arcas de madeira e iam cozendo conforme precisassem”. Apesar de o rodízio (roda de madeira com as palhetas em forma de concha que se movimenta com a força da água, fazendo rodar as pedras que moem) hoje em dia rodar pouco, ainda há quem utilize o engenho para moer o cereal, seja por hábitos antigos, por gosto ou seja por questões economicistas, uma vez que, como explicou Maria Augusta, “o pão do padeiro é caro”. Com um olhar azul profundo, orgulha-se de ainda fazer o pão à moda antiga: “eu ainda cozo o meu pão. Sai moreno, mas sabe bem, pois é sumento. O meu pão dura uma semana e nem seca nem apodrece. O do padeiro põe-se logo duro e áspero. Moer, moo pouco, pois não tenho que moer, mas ainda há quem moa para as galinhas e animais”. Ao lado, Maria do Céu Rodrigues corrobora e sublinha que “o pão à moda antiga é muito melhor. Mesmo comprando a farinha. E rende mais um pão que nós cozemos do que três dos comprados. Esses, em tirando duas ou três torradas vai-se embora”. Acrescenta, satisfeita, que “agora a gente com as arcas mete-os lá, congela e depois vai comendo. Tenho um filho em Torres Novas que quando cá vem cozo-lhe uma fornada de pão para levar, que ele não compra pão. Até porque o pão comprado leva muito fermento”. Na mesa de granito à sombra, Cândido Ramos elogia o pão das senhoras, adiantando ser o único que consome: “eu só como o pão cozido pelas mulheres daqui e não do padeiro. Mas a maioria já compra a farinha e não mói, porque fica mais barato e não dá trabalho. Agora o pão é melhor e dura mais e não é como o do padeiro que vai embora de repente”. As saudades do tempo em que os moinhos de Frieira traziam gente levam as mulheres a recordar, em conversa, os herdeiros, os destinos, a vida que a aldeia tinha “antes da chegada das máquinas”. Com Hermenegildo Pires como guia, filho e neto de moleiros, a visita ao moinho de Frieira começa por fora, junto à represa que armazena a água que depois é canalizada pela denominada “agueira do moinho”, que emboca na calha, mais larga em cima, onde a água é conduzida com pressão para fazer mover o rodízio. Já dentro do antigo edifício centenário, actualmente recuperado, Hermenegildo vai explicando como tudo se processa: “uma destas pedras está fixa e a de cima é a força da água no rodízio que a faz andar, no sentido dos ponteiros do relógio. É da fricção de pedra com pedra que se mói o grão. O grão é despejado na tramóia (espécie de funil de madeira suspenso sobre a pedra), e depois cai pela calha para o buraco da pedra, mas o cereal só cai com a trepidação do tarabelo, pequeno pau encostado à calha e que vai estremecendo com a rotação da pedra, com maior ou menor vibração de acordo com o peso, pequena pedra pendurada”. Gesticulando e apontando em pormenor os engenhos que compõem o moinho, o herdeiro dos moleiros de Frieira continua a descrever o processo: “no caso de se querer moer para animais o grão pode cair mais depressa, porque a farinha pode ficar mais grossa. Quando é para pão, tem que ficar mais fina e então o grão corre menos. Depois a farinha moída cai do intervalo das pedras para o farneiro, de onde, com a pá, é retirada e ensacada, com a ajuda das estacas, em forma de fisga, que mantêm os sacos abertos”. E, antigamente, quer os sacos de cereal, quer os de farinha eram transportados em cargas por burros. “Os moleiros iam buscar o cereal e depois voltavam para entregar a farinha. O seu trabalho era pago em grão. Antes de moerem tiravam sempre a chamada maquia em cereal e depois vendiam ou moíam para si”, explicou. Para Hermenegildo Pires o moinho não esconde nenhum segredo, pois, como recorda, foi criado junto às pedras e dormiu muitas horas aninhado junto à lareira do moinho, presença obrigatória em todos os engenhos hídricos para o moleiro se aquecer nas duras noites de inverno. “O meu pai foi moleiro aqui em baixo durante muitos anos e eu gostava muito de ir moer. Havia aqui muitos moinhos e moleiros. Mas o do meu pai tinha três casais de pedras, dois deles de pedras alveiras, onde moíam o trigo, porque tinha que ser uma farinha mais fina, e um par de cantaria, utilizado para moer o centeio e outras farinhas para os animais. E os três casais de pedras moíam todos ao mesmo tempo”, lembra com orgulho, lamentando que hoje em dia o uso dos moinhos seja esporádico e, maioritariamente, para ração de animais. “Agora já só se mói para animais. Desde que apareceram as indústrias das moagens, os moinhos movidos a água quase deixaram de funcionar. E também não há pessoas suficientes para dar uso aos moinhos”, concluiu, com saudades do moinho dos avós e pais, “o dos Américos”, como era conhecido. De regresso aos bancos de granito junto à ribeira, as mulheres continuam sentadas, partilhando histórias e memórias. Lamentam não haver moinho, mas sobretudo a falta de “gente que animava a terra, que era tanta que marcava vaga e dormia por aqui”.
Aida Sofia Lima in http://www.mensageironoticias.pt/

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Rosquilha celebra elevação de Arcozelo a vila

Argozelo acolhe quarta edição do certame dedicado ao produto mais emblemático da localidade . A rosquilha voltou a ser a protagonista da feira que decorreu no passado fim-de-semana e que celebra a elevação de Argozelo a vila.

O certame, que vai na quarta edição e é organizado pela Junta de Freguesia, em parceria com a Câmara Municipal de Vimioso, assumiu o nome do produto mais emblemático da localidade, que continua a ser fabricado na época da Pascoa por todas as famílias. “A feira visa assinalar a elevação de Argozelo a vila e optámos por lhe dar o nome de rosquilha, porque é um bolo típico da Páscoa e muito característico desta localidade”, explicou o presidente da Junta de Freguesia de Argozelo, António Alves.

Além das rosquilhas, os visitantes que passaram pelo certame puderam comprar produtos tradicionais e artesanais, como artigos em pele e renda, entre outros, nos oito expositores que marcaram presença na IV Feira da Rosquilha.

“Temos mais vendedores este ano e estamos disponíveis para apoiar todos aqueles que estejam interessados em participar neste evento”, adiantou o autarca.
Feita a partir de ovos, farinha, aguardente e açúcar, a rosquilha é vendida ao longo de todo o ano por padarias instaladas naquela localidade.

“Há pessoas que procuram este produto todo o ano, pelo que se faz bastante negócio com a sua venda”, sublinhou o António Alves.

A feira foi animada pela Banda Filarmónica da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vimioso, Grupo Musical Triangulo, Rancho Folclórico de Vimioso, Grupo Mirandanças e Mini Banda de Vimioso.
Recorde-se que Argozelo tem cerca de mil habitantes e foi elevada a vila em 2001.

Sandra Canteiro,In http://www.jornalnordeste.com/index.asp?idEdicao=264&id=11672&idSeccao=2404&Action=noticia

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Operadora turística das Filipinas pode trazer 5000 turistas aos socalcos durienses

Os filipinos têm os olhos colocados no Douro. Uma equipa de uma das maiores operadoras turísticas deste país esteve na região a fazer prospecções de oferta turística com o objectivo de criar um pacote turístico para o nosso país.
O Douro foi a região escolhida e Sabrosa o local a visitar obrigatoriamente. Fátima e Fernão de Magalhães serão os principais atractivos propostos por esta operadora que durante o próximo ano pretende conduzir até Portugal cerca de 5.000 filipinos.
A vertente religiosa deste povo encontrará em Fátima um excelente motivo de visita, enquanto que o Douro, e mais precisamente Sabrosa, serão apresentados coma a terra de origem do navegador português Fernão de Magalhães, figura histórica que exerce um grande fascínio sobre o povo filipino.
A Entidade Regional Turismo do Douro, já reagiu considerando de grande importância atrair para a região vinhateira do Douro proveniências turísticas variadas.Também o município de Sabrosa se está a prepara para receber os admiradores de Fernão de Magalhães, tendo para o efeito lançado o projecto do Centro de Interpretação Fernão Magalhães, uma obra orçada em cerca de um milhão de euros.
Esta infra-estrutura cultural tem sido apresentada como "um espaço de encontro entre as comunidades "tocadas" pela circum-navegação, designadamente os países europeus que contribuíram com tripulação e aqueles por onde passou Fernão de Magalhães, nomeadamente Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Filipinas”.
in http://noticiasdonordesteultimas.blogspot.com

Promover e divulgar o parque natural no Montesinho

Com o Parque Natural de Montesinho como pretexto, surge uma associação que no início resultou de uma conjugação de interesses de pessoas amigas, mas que acabou por assumir a promoção turística e uma posição interventiva em defesa da área protegida.
A história principia nos passeios de fim-de-semana que um grupo de amigos apreciadores da natureza protagonizava no Parque Natural de Montesinho (PNM), quer a pé, de jipe, bicicleta... Com interesses comuns, decidem criar uma associação ambiental, que no final de 2004 ganha forma. Surge a Montesinho Vivo, com o objectivo de “defesa, promoção, apoio e divulgação do PNM em todas as suas vertentes, nomeadamente nas que se relacionam com o turismo, protecção do ambiente, salvaguarda das tradições e gastronomia, valorização do património histórico, cultural, natural, agricultura tradicional e biológica e prática de desportos de natureza”, como se inscreve no site da associação. Foi na Feira de Fumeiro de Vinhais, em 2005, que a associação se apresentou formalmente, elencando o conjunto de actividades que se propunha desenvolver. “A nossa primeira actividade organizada foi um passeio pedestre na zona da Moimenta, na calçada medieval, que contou com bastantes participantes, não só associados e amigos, mas visitantes de Lisboa e do Porto”, explicou Telmo Cadavez, presidente da associação. Acrescentou que foi em 2005 que “organizámos a nossa grande actividade, que, tal como o passeio de Moimenta, repetimos todos os anos, no final de Setembro: o passeio da brama, um percurso para observação de veados, que tem sempre muitos participantes com conhecimentos científicos e técnicos”. Ainda no primeiro ano de existência, a Montesinho Vivo edita o Mapa & Guia do Parque Natural de Montesinho, o único guia turístico completo que existe sobre a área protegida, que contém os principais pontos de interesse identificados com fotografias, percursos, alojamento, entre outras informações, tendo a edição sido apoiada pelas câmaras municipais de Bragança e Vinhais, Região de Turismo, particulares, promotores turísticos e associados, um dos poucos apoios que ao longo dos cinco anos que a Montesinho Vivo tem de existência foram concedidos. “Temos pedido apoios e tivemos alguns, nomeadamente para a edição do guia, mas, a partir daí, nunca mais nos foi concedida qualquer ajuda e a associação ainda não tem sede física, apesar de já ter sido solicitada ao Ministério da Agricultura, através da Direcção Geral de Florestas, uma casa da floresta, pois a maioria está abandonada. Ainda não tivemos nenhum feedback. Precisamos de uma sede e consideramos que é uma questão de justiça e igualdade”, sublinhou o presidente. No segundo ano de actividade a associação organizou o III Campo de Montanha, um fim-de-semana de actividades desportivas, e promoveu a iniciativa “O pão e a tradição”, uma visita a um forno tradicional a lenha em Gondosende, com a possibilidade de participação no fabrico do pão. Passeios de diversa espécie e participação em várias feiras e certames do distrito são outras das actividades que a Montesinho Vivo tem levado a cabo.

Intervenção cívica em defesa da área protegida
No entanto, a associação não promove apenas actividades turísticas, mas assume uma postura de defesa de valores que considera justos de protecção do parque. Sempre atenta, a Montesinho Vivo participou na discussão pública do Plano de Ordenamento do PNM, manifestando o seu descontentamento quanto à possibilidade de instalação de aerogeradores na área protegida. Segundo Telmo Cadavez, “sobre a possibilidade de se instalarem aerogeradores no PNM, a associação é contra, porque consideramos que os valores naturais da paisagem não se coadunam com a instalação de uma cortina de aerogeradores”. Contudo, como adiantou, “o plano já existe e deixou abertura a essa possibilidade. Agora temos que ver o que se afigura no futuro, se será minimamente aceitável ou não. Há medidas no plano para acautelar interesses e de tal forma os interesses são relevantes que o plano deixou a porta aberta, mas com muitas reservas, o que é compreensível”. E foram estas preocupações que a associação registou em 2008 numa petição apresentada na Assembleia da República, que continua em apreciação e parecer na 7ª Comissão: Poder Local, Ambiente e Ordenamento do Território, aguardando a Montesinho Vivo uma resposta sobre a matéria. Também a degradação da Estrada Nacional 308, que há quinze dias motivou uma manifestação na aldeia de Carragosa, preocupa a associação, que enviou um pedido de esclarecimento ao Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, relativamente à EN 308, pois, como frisou o presidente, “o estado da via é lastimável e há mais de 30 anos que não é objecto de intervenção. E, para além de servir as populações de Vila Nova, Meixedo, Carragosa, Mofreita, Dine, entre outras, tem uma utilidade turística essencial, uma vez que é uma das principais vias dentro do PNM”. A Montesinho Vivo reclama ainda a definição de um modelo de gestão para a zona de caça da Lombada. “Consideramos que seria importante um modelo de gestão na zona da Lombada, que tem um potencial turístico não só relacionado com a caça, mas também com outros aspectos”, explicou Telmo Cadavez. Acrescentou que “só com a definição de um modelo de gestão e implementação de regras muito claras, todos poderão beneficiar: populações, agricultores, caçadores, associações e autarquias locais”, referindo o caso espanhol da zona da Serra da Colebra, como exemplo a seguir, uma vez que, apesar de ser também uma zona de caça, “existe um plano que possibilita liberdade total dos visitantes nos percursos disponíveis, quer seja de carro ou a pé”.

Associação anfitriã do parque
A comunicação social, regional, nacional e internacional, tem elegido a Montesinho Vivo como auxiliar na realização de trabalhos sobre o PNM, o que Telmo Cadavez justifica na projecção da área protegida realizada através do site da associação: “o facto de a imprensa nos contactar a nós e não entidades oficiais penso que tem que ver com a visibilidade que as tecnologias de informação e comunicação hoje permitem, pois, através do nosso site, divulgamos o PNM de uma forma que consideramos estar a ser bem conseguida”. “Contactam-nos e nós somos bons anfitriões, até porque a associação visa a promoção do parque”, acrescentou. Assim, em 2006 o PNM figurou nas páginas da revista Activa, na GEO espanhola, na Rotas e Destinos, na Auto Frotas e foi tema de documentário para o canal televisivo italiano RAI 1. “A associação conduziu, num passeio de jipe, os jornalistas italianos e respectiva tradutora numa visita ao PNM e ao moinho da aldeia de Terrosos, que foi colocado em funcionamento, tendo sido demonstrado o método de fabrico artesanal do pão num forno a lenha daquela aldeia”, lembrou o presidente. Ainda nesse ano, o Diário de Notícias publicou três reportagens no suplemento “Boa Vida”, sobre diversos aspectos do parque, tendo a associação guiado os jornalistas portugueses durante três dias, contemplando diversas actividades, desde observação de veados, visita à Casa do Mel, visita a várias aldeias, entre outros. Com a questão da possível instalação de aerogeradores no PNM sobre a mesa, a RTP realizou o programa Biosfera sobre eólicas, contando com a participação da Montesinho Vivo, em 2007, ano em que a associação, em parceria com a Universidade Católica do Porto, realizou um vídeo promocional sobre o parque, que disponibilizará no novo site que será apresentado brevemente. “Consideramos que esta ligação à comunicação social é importante e temos tido uma relação de empatia, disponibilizando sempre a nossa ajuda, revelando esta grande casa que é o PNM”, sublinhou.

O que falta em Montesinho
Boas acessibilidades, planos de gestão ordenados, maior promoção da área protegida, maior protecção ambiental são alguns dos valores que a associação, que já conta com quase uma centena de associados, pretende defender. “Falta mais vida. Somos a associação Montesinho Vivo e pretendemos animar mais o PNM, com actividades e incentivando os promotores turísticos a tornarem-se nossos associados e participarem activamente na discussão de diversos problemas, como a estrada EN 308, as eólicas, a zona de caça da Lombada e outros, uma vez que, quantos mais formos, mais força temos”, adiantou Telmo Cadavez. Lembrou ainda que seria importante a criação de um traking que percorra todo o parque, destinado a quem pretenda passear a pé, em circuitos de dias ou semanas, bem como a constituição de rotas para bicicleta, e ainda sinalética uniformizada e tradicional. Com cinco anos de existência, a Montesinho Vivo vai continuar a fazer do Parque Natural a sua casa, preocupada com a protecção ambiental e com o desenvolvimento turístico da região, assumindo-se como promotora da área protegida pelo que considera primordial a parceria com diversas entidades que contribuam para um Montesinho melhor.

Aida Sofia Lima in http://www.mensageironoticias.pt/

Concelho de Vinhais transformado em ecomuseu

O concelho de Vinhais foi transformado em Ecomuseu, com o objectivo de melhor aproveitar os seus recursos naturais e humanos, passando o território a ser visto como um museu vivo, para atrair mais turistas.
Trata-se de uma área com mais de 694 quilómetros quadrados e 35 freguesias, que a Câmara quer promover como um Ecomuseu, ou seja um espaço natural e um verdadeiro museu vivo. A autarquia investiu cerca de 250 mil euros para adquirir equipamento tecnológico que foi instalado no posto de turismo e criar o Museu de Arte Sacra, que deverá ser inaugurado em Maio.
O projecto do Ecomuseu, lançado há um ano e meio, foi apresentado ontem, tendo como objectivo divulgar os principais recursos e a identidade do concelho, nomeadamente a natureza, as tradições, actividades económicas, o património arquitectónico e histórico. A ideia é levar os visitantes às aldeias e sítios onde estão essas riquezas.
O Executivo municipal avançou com este projecto por existirem lacunas na área da divulgação turística. "O Turismo é uma das nossas potencialidades, sobretudo a natureza e a gastronomia, a estratégia já está a ter resultados e o número de visitantes está em franco aumento", afirmou Roberto Afonso, vice-presidente da Câmara.
O Museu de Arte Sacra já está concluído e contou com a colaboração da Ordem Terceira de São Francisco de Vinhais, que cedeu as instalações. Foi reunida uma colecção de ourivesaria de alfaias religiosas litúrgicas, pinturas a óleo e peças "muito importantes", destaca Roberto Afonso, que pertencem à Santa Casa da Misericórdia de Vinhais e a várias igrejas do concelho, que vão integrar a exposição temporária.
Glória Lopes in http://jn.sapo.pt/

60 milhões para regeneração urbana de 20 concelhos do Douro

Intervenção visa criar condições para que as pessoas voltem aos núcleos urbanos

É uma autêntica revolução em 20 sedes de concelho. O programa de regeneração urbana do Douro prevê um investimento superior a 60 milhões de euros. Objectivo: devolver vida e actividade aos centros históricos.
É a primeira vez que na região se concretiza um plano concertado. É como se fosse um "programa Pólis" dos pequenos aglomerados do interior do país. Desde Baião até Miranda do Douro vários concelhos aproveitaram o incentivo comunitário de mais de 42 milhões de euros, para traçarem projectos com que lavar a cara de algumas zonas importantes de vilas e cidades. As mais delas semi-abandonas e em ruínas.
Mas não só de obra se esculpe este programa de regeneração urbana. "É muito mais que isso!", exclama o chefe da Estrutura Missão do Douro, Ricardo Magalhães. O edificado e o mobiliário do espaço público vai ser requalificado, é evidente, mas depois vem a parte difícil: "O surgimento de actividades económicas e culturais; a reutilização de certos espaços com outras funções", reforça o responsável, prevendo que de outra forma "passarão cinco ou seis anos e será necessário requalificar outra vez".
Para que aquele desígnio seja alcançado é preciso mudar de atitude (e para mudar esta, partir muita "pedra"). Sobretudo para não se continuar a apostar em mais do mesmo. "É necessário que apareçam visionários que apostem na alternativa e assumam o risco", precisa Mendes Baptista, adjunto do secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades.
O visionário só terá de (e não é pouco) desenhar uma estratégia para ajudar a dar vida ao núcleo urbano regenerado. Ou seja, fazer com que haja pessoas interessadas em voltar a viver lá. O presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques, atira que os projectos de regeneração urbana "não serão bem sucedidos se não se criar dinâmica económica e, como consequência, empregos".
A ideia é assinada por baixo por Mendes Baptista, mas desde que essa actividade seja suportada pelos operadores privados. "Não pode ser o orçamento público a estar constantemente a assumir a despesa da animação", vinca. O exemplo de um café belga que funciona simultaneamente como galeria de arte, é avançado, a talho de foice, por José Marques, como uma actividade que, lá no sítio, se converteu num ponto de atracção.
E é nisso que pensa o autarca quando fala do centro interpretativo sobre Fernão de Magalhães que tem previsto para Sabrosa. "Um projecto atractivo, cujo dinamismo poderá passar por um simulador da viagem de circum-navegação", explica, sem dúvidas que "isto é que vai ser diferenciador, capaz de atrair os jovens".
O presidente da Câmara de Moimenta da Beira, Agostinho Correia, desconfia, porém, que o segredo não passa exclusivamente pelo comércio. "Se não colocarmos lá serviços públicos dificilmente arrastaremos pessoas para os centros históricos", opina.
Olhando a questão por um outro prisma, o edil de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira, defende a criação de eixos urbanos como forma de criar dinâmicas entre concelhos, que resultem em benefícios para quem neles vive. Pela sua parte, anda há anos a tentar criar um eixo entre Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa, dada a proximidade, mas já sabe que "não vai ser apoiado porque os dois municípios não somam mais de 30 mil habitantes". O único que existe é o de Vila Real-Régua-Lamego, denominado Douro Alliance e que já está a desenvolver uma série de iniciativas.

Eduardo Pinto in http://jn.sapo.pt/

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Fecharam 2 mil empresas no Distrito de Vila Real em 2008, segundo a NERVIR

Cerca de 2.000 empresas fecharam no distrito de Vila Real em 2008, o que traduz um aumento face a 2007, mas uma descida relativamente a 2006, disse hoje à Agência Lusa o presidente da Associação Empresarial - Nervir, Manuel Coutinho.
Manuel Coutinho avançou com dados provisórios da evolução da economia regional, os quais referem que o total de empresas que fecharam as portas foi de 1.976 em 2008, enquanto que no ano anterior encerraram 1.632, e dois anos antes 2.125 empresas.
O responsável sublinhou que os sectores mais afectados no distrito de Vila Real são a alimentação e as bebidas, com 334 encerramentos em 2008 contra 206 em 2007, e o comércio a retalho com 148 encerramentos contra 59 em 2007.
Outros sectores afectados foram o da construção, que viu encerrar 134 empresas, e a agricultura e silvicultura, com 113 encerramentos.
Manuel Coutinho explicou que o tecido empresarial do distrito é maioritariamente constituído por micro, pequenas e médias empresas.
Segundo os dados da Nervir, em 2006 o distrito possuía 17.121 empresas, com um total de 39.177 pessoal ao serviço, as quais representaram um volume de negócios de dois milhões de euros.
O responsável salientou que, “por força dos encerramento de empresas e estabelecimentos comerciais”, a taxa de desemprego no distrito é de 12,1 por cento”.
Em Fevereiro, o distrito contava com 10.534 desempregados, mais 3,3 por cento do que em Janeiro e mais 6,8 por cento do que em Fevereiro de 2007.
“Estes valores representam uma subida em relação à taxa do mês anterior e, sobretudo, à taxa do mês homólogo do ano anterior”, frisou.
Na região do Douro, o desemprego atingiu os 11,7 por cento em Fevereiro e, em Trás-os-Montes, essa taxa foi de 11,1 por cento.Nesse mês, Trás-os-Montes contabilizou 19.034 desempregados e o Douro 10.268.
“Ainda que não seja possível quantificar a queda no volume de vendas, é previsível e lógica a redução dos negócios em todos os sectores de actividade, acompanhando a tendência de contracção nacional do PIB que acaba de ser avaliada em 3,5 por cento”, salientou.
Manuel Coutinho referiu ainda que os investimentos na região são predominantemente públicos, com 82 milhões para o distrito de Vila Real, e 120 milhões para o Douro.
Os investimentos elegíveis dos privados rondam os 17 milhões de euros no distrito e os 8,6 milhões no Douro.
“Tratando-se de uma economia suportada pela administração pública e nas micro e pequenas empresas, a evolução da crise regional deve ser acompanhada de forma específica e autónoma”, frisou.
Decorreu hoje na Nervir uma sessão pública de apresentação de medidas de apoio às pequenas e médias empresas, nomeadamente no que diz respeito às soluções de financiamento e medidas de apoio ao emprego e à contratação.
Manuel Coutinho reclamou uma discriminação positiva para as empresas da região, referindo que no Interior as mesmas contam com maiores entraves.
In http://www.maraoonline.com

Vinho “Moscatel Favais 10 anos” conquista grande Medalha de Ouro em Itália

A Adega Cooperativa de Favaios, concelho de Alijó, conquistou a Grande Medalha de Ouro na feira italiana “Vinitaly” 2009 com o “Moscatel de Favaios 10 anos”, anunciou hoje fonte da empresa. Segundo a fonte, em Itália a adega duriense conquistou ainda uma medalha de prata com o “Favaios 1989” e outra de bronze como o “Favaíto”.
A “Vinitaly” decorreu de 02 a 06 de Abril, em Verona, sendo considerada a maior festa do vinho italiana e uma das maiores e mais importantes feiras do sector em todo o mundo. Instalada no concelho de Alijó, em pleno coração da Região Demarcada do Douro, a Adega de Favaios é hoje um dos mais modernos centros de vinificação duriense. Criada em 1952, a adega é conhecida pelo Moscatel de Favaios, o qual já detém cerca de 80 por cento da quota de mercado dos moscatéis.
O vinho vencedor da Grande Medalha de Ouro foi lançado em Maio de 2007 e é da responsabilidade do enólogo Miguel Ferreira, sendo produzido à base de uvas moscatel galego. Com uma idade media de 10 anos, é elaborado a partir da mistura de vários vinhos de colheitas jovens que, com as mais velhas enriquece o aroma e sabor resultantes, aumentando a complexidade.
Dos vinhos jovens predominam os aromas a tangerina, casca de laranja, limão, tília e rosas, e dos vinhos envelhecidos a torrefacção, os frutos secos, o mel e o caramelo. A fonte anunciou ainda o lançamento da nova embalagem do “Encostas de Favaios”, um vinho Regional Terras Durienses, uma das marcas mais fortes nesta categoria, e com um volume de vendas projectado para este ano de 1,6 milhões de litros. A nova imagem deste vinho explora a origem do vinho, reforçando a alusão às encostas de Favaios e adicionando símbolos como o barco rabelo e o rio Douro.
O “Encostas de Favaios” é um vinho branco e tinto, para consumo diário, cujo sucesso, segundo a fonte, deriva da sua excelente relação qualidade/preço. Esta nova imagem do vinho regional é um passo adicional na estratégia de diversificação do negócio da Adega de Favaios através dos vinhos, depois de 2008 ter sido o ano do relançamento do DOC Douro “Foral da Vila”.
In http://www.maraoonline.com

Estrangeiros querem explorar Montesinho

As aldeias do Montesinho são cada vez mais procuradas por empresas estrangeiras que querem aproveitar os seus recursos para a produção de energia. Há irlandeses interessados no vento e espanhóis na água.

A empresa irlandesa Airtricity, que há dois anos desenvolve estudos no Montesinho com vista a instalar um parque eólico com capacidade até 600 megawatts (MW), quer dar andamento ao projecto dentro de dois anos para começar a produzir pelo menos 250 MW. A Airtricity está, actualmente, a elaborar o Estudo de Impacto Ambiental e, segundo uma fonte oficial da empresa, espera-se que dentro de dois anos existam condições para começar a instalar o parque, em várias aldeias dos concelhos de Bragança e Vinhais.

No entanto, o Governo ainda não abriu o concurso público para a instalação de eólicas no Montesinho, uma área protegida, onde aquele tipo de investimento está sujeito a condicionalismos.

Há dois anos que o projecto foi anunciado em Bragança, pela Airtricity, e, desde então, as várias freguesias abrangidas recebem uma verba anual pelo arrendamento do espaço.
A freguesia de S. Julião de Palácios recebeu, nestes dois últimos anos, cerca de 6300 euros, uma quantia que "tem dado bom jeito, mas se calhar podia-se estar a receber mais do que isso por ano, se o parque estivesse a produzir energia", explicou o presidente da Junta de Freguesia, Elias Vara. É ponto assente entre os autarcas de que é preciso "fazer pressão para o parque ir em frente".

A empresa ainda não estabeleceu, também, qualquer acordo com a Câmara Municipal de Bragança. O edil local, Jorge Nunes, referiu que "não há nenhuma parceria formalizada com a Airtricity, mas o município tem apoiado o processo de instalação de eólicas na região".
Todavia, o autarca adiantou que não excluiu a hipótese de chegar a um acordo quando existirem condições que satisfaçam as indicações da autarquia.

Refira-se que os irlandeses já terão gasto cerca de um milhão de euros na realização de estudos de viabilidade e na mediação do vento naquela área protegida, "para fazer a triagem das zonas mais viáveis".

Entretanto, várias aldeias do Montesinho, nomeadamente as de França e de S. Julião, já assinaram os protocolos com uma empresa espanhola que vai recuperar os moinhos de água, para a instalação de mini-hídricas de produção de energia eléctrica.

Gloria Lopes in http://jn.sapo.pt/

Vila Real - Cidade do Azevinho

Primeiro passo para a “Cidade do Azevinho”foi dado com a plantação dos primeiros azevinhos, prespectivando.se que Vila Real vai ter 400 Azevinhos nos jardins da cidade cidade.

A Câmara Municipal de Vila Real, a Associação de Produtores Florestais do Vale da Campeã e a Quercus – Núcleo Regional de Vila Real e Viseu, têm em mãos um projecto pioneiro que pretende transformar Vila Real na cidade dos azevinhos. Ao todo, e numa primeira fase, serão plantados cerca de meio milhar de exemplares.

O lançamento do projecto “Vila Real Cidade dos Azevinhos” iniciou-se anteontem com uma plantação simbólica de algumas destas plantas, junto à Igreja de Nossa Sr.ª da Conceição, na Praceta Monsenhor João Gonçalves da Costa. Aliás, os espaços públicos serão privilegiados nesta acção, mas também as pessoas interessadas em plantar azevinhos, nos seus jardins, podem solicitar o seu pedido através da Internet para o endereço: vrcidadedoazevinho@gmail.com. O presidente da Câmara Municipal de Vila Real, Manuel Martins, plantou o primeiro exemplar e estava satisfeito com esta iniciativa ecológica.

“É um projecto muito bonito, e eu só posso aplaudir esta ideia bem interessante que nasceu com a Quercus e com a Associação de Produtores Florestais do Vale da Campeã, parceiros da Câmara Municipal neste projecto. É uma ideia original, uma vez que não conheço nenhuma cidade em Portugal que seja a cidade dos azevinhos. É uma iniciativa única e pioneira”.

O autarca adiantou que a preocupação actual da Câmara Municipal é manter a população da cidade igual ou a menos de 200 metros do espaço verde. “Temos cerca de 60% da população a 200 ou menos metros do espaço verde, e temos cerca de 8% da população entre 200 a 400 metros do espaço verde. O que é bom. Contudo, gostava de vos citar que a organização das Nações Unidas prevê que deve existir nas cidades cerca de 20 m2 de espaço verde por habitante, em Vila Real temos 22,4 m2. É obvio que estou contente, mas vamos fazer tudo para aumentar isto”.

Por outro lado, João Pereira, da Associação de Produtores Florestais do Vale da Campeã, referiu, ao Nosso Jornal, que “o projecto surge numa altura em que a tendência mundial é utilizar em todo o lado o mesmo tipo de plantas. É também uma forma de mostrarmos às populações locais a beleza das espécies autóctones que temos”.

O maior incentivo e o maior destaque vai ser dado ao azevinho, mas também vão ser utilizadas outras plantas de jardim que são autóctones. Nesta iniciativa está prevista a plantação de 400 azevinhos e 100 plantas de outras espécies. “Vão ser plantados não só em espaços públicos mas, também, em jardins privados. Todas as pessoas que tenham espaço privado e que pretendam plantar um azevinho podem entrar em contacto connosco que nós iremos lá plantar as árvores sem qualquer custo”, sublinhou João Pereira.

Por sua vez, o representante da Quercus, João Branco, explicou a razão da escolha do azevinho. “Escolhemos o azevinho porque é uma espécie emblemática, associada ao Natal e tem uma mística. Queremos aproveitar para ‘colar’ a imagem do azevinho à cidade de Vila Real, se isso for possível. Se as pessoas visitarem Vila Real e virem muitos azevinhos, a cidade será identificada como a ‘Cidade do Azevinho’, como o Porto foi em tempos a ‘Cidade das Camélias’. Mas temos outras espécies: o medronheiro, o azereiro e o folhado, que são espécies autóctones, onde, por exemplo, o medronheiro e o folhado são espécies muito resistentes à secura”.

O azevinho numa primeira fase precisa de rega, depois de uma certa dimensão deixa de precisar de ser regado. Esta planta possui árvores macho e árvores fêmeas. E só as fêmeas é que dão as famosas bolinhas, mas se não houver machos para polinizar as flores das fêmeas, também não há bolinhas. Refira-se ainda que esta acção vai até ao final deste mês, mas se for necessário poderá ser prolongada. Esta iniciativa terá ainda a colaboração das escolas na plantação em outros locais.
JMcardoso in http://www.avozdetrasosmontes.com/noticias/index.php?action=getDetalhe&id=3354

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Trás-os-Montes recebe primeiro olival superintensivo

São Pedro de Vale de Conde acolhe plantação experimental com cinco hectares

São Pedro de Vale de Conde, na freguesia de Marmelos (Mirandela), foi o local escolhido para acolher o primeiro olival superintensivo em Trás-os-Montes e Alto Douro, plantado no final do mês passado. No total, são cinco hectares de olival, intensivo e superintensivo, plantado com recurso a cultivares tradicionais e regionais. O objectivo é avaliar a sua utilização nas diferentes práticas de cultivo e contribuir para uma melhoria genética que permita a sua aplicação neste tipo de plantação, mas sem colocar em causa as características do azeite regional.

O projecto será supervisionado por uma equipa multidisciplinar, que terá a seu cargo a implementação de novas métodos de plantação, fertilização, rega, protecção fitossanitária e colheita, entre outros. Recorde-se que esta iniciativa, que não beneficiou de qualquer tipo de apoio nacional ou comunitário, tem como objectivo a reunir informações que digam respeito à possível instalação ou reconversão de novas formas de produção olivícola na região. O projecto foi promovido sob a orientação da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), em parceria com a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança e do empresário agrícola José Neves. Esta plantação experimental vem de encontro às teorias defendidas pela AOTAD, que realça a necessidade de investir em projectos que conjuguem as técnicas e instrumentos tradicionais aos inovadores e modernos, como é proposto no Plano Estratégico da Fileira Olivícola da Região de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Por: Sandra Canteiro in http://www.jornalnordeste.com/noticia.asp?idEdicao=263&id=11611&idSeccao=2397&Action=noticia

Posters Planos de Mobilidade Sustentável - Miranda do Douro, Mirandela e Santa Marta de Penaguião

No âmbito do Projecto Mobilidade Sustentável foram desenvolvidos Planos de Mobilidade Sustentável para 40 casos de estudo, alicerçados em Relatórios de Diagnóstico, Relatórios de Objectivos e Conceito de Intervenção e em Relatórios de Propostas.

A diversidade de situações analisadas – que incidiram sobre concelhos de Norte a Sul do País incluindo os Açores, a riqueza dos ensinamentos recolhidos e a diversidade das soluções propostas – algumas das quais já em fase de implementação – conduziram a que se considerasse pertinente constituir uma Exposição Itinerante, repositório do acervo de diagnósticos e de propostas de solução preconizadas no âmbito do Projecto Mobilidade Sustentável, para cada caso de estudo.

Nessa Exposição Itinerante, entre outros, encontraram-se os posters dos Planos de Mobilidade de Miranda do Douro, Mirandela e Santa Marta de Penaguião elaborados pelo Grupo de Estudos Territoriais (GETER) da UTAD.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Seminário Mobilidade em Cidades Médias e Áreas Rurais - 23 e 24 de Abril de 2009.

Seminário Mobilidade em Cidades Médias e Áreas Rurais - 23 e 24 de Abril de 2009. Organização: Escola Superior de Tecnologia de Castelo Branco Enquadramento e objectivos do seminário. A mobilidade constitui um importante factor de coesão e de integração sociais e de promoção da competitividade das cidades e das áreas rurais. O desígnio de alterar os actuais padrões de mobilidade urbana, centrados no transporte individual motorizado, em favor dos modos suaves e do transporte colectivo coloca questões que se inserem na esfera do urbanismo, das políticas urbanas e sociais, do planeamento e ordenamento do território e dos transportes. A articulação e integração entre estes diversos conjuntos de políticas constitui um enorme desafio que se coloca aos modelos de governação da cidade. Nas áreas rurais periféricas, os problemas do envelhecimento e do despovoamento humano, associados à reorganização dos equipamentos e serviços públicos e à redução da mobilidade, por via da contracção da oferta de transportes colectivos, geram situações de exclusão social a que urge dar respostas adequadas. A oferta de serviços de transporte alternativos e complementares aos transportes públicos convencionais pode constituir uma via para combater o isolamento das populações e promover uma maior inclusão social.Associados a estas duas problemáticas territoriais surgem outros dois aspectos de particular importância no quadro da promoção de uma mobilidade eficiente com preocupações sociais, económicas e ambientais, a gestão da mobilidade e a contratualização e financiamento do sistema de transportes. Este seminário tem por objectivo o aprofundamento do debate sobre estas problemáticas e ao mesmo tempo divulgar algumas experiências e boas práticas desenvolvidas em diversas regiões e cidades.



Mais informações: http://est.ipcb.pt/mobilidade

O regresso à vida no campo

As características naturais do mais remoto Interior Norte servem e atractivo para muitos jovens que ali estão a construir as suas vidas

Miguel Nóvoa mora há sete anos em Atenor. É natural de Esposende mas é ali, naquela pequena aldeia mirandesa, que tem hoje a sua vida, como secretário técnico da Raça Asinina de Miranda e técnico da Associação Para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA), ali sedeada.

O gosto pela natureza e biodiversidade, características do interior do país, cada vez cativa mais jovens originários dos centros urbanos que contrariam a desertificação e alguma ausência de desenvolvimento sócio- económico. Miguel Nóvoa sempre vai afirmando que estas pessoas são importantes para regiões onde falta alguma capacidade de iniciativa ou o desenvolvimento de um projecto ou ideia.

“Um dos motivos que leva à minha fixação no Planalto Mirandês é o de acreditar que ainda existe futuro para o mundo rural associado à conservação da natureza e à protecção dos valores culturais. Nesta região outro tipo de opiniões pode fortalecer a ideia de que não só à custa da indústria e do betão se pode proporcionar o desenvolvimento económico da região", explicou Miguel Nóvoa.

"O trabalho desenvolvido em diversas áreas começa a ser uma referência que ultrapassa as fronteiras da região, sendo o mesmo reconhecido no país e no estrangeiro", frisou. Para além da orientação que é dada aos criadores da raça de burros das Terras de Miranda, que se encontra ameaçada, a AEPGA proporciona ainda várias actividades ligadas ao turismo da natureza, que atrai à região cerca de cinco mil visitantes por ano.

Esta é a região mais periférica do Norte do país, estendendo-se desde Vimioso, no distrito da Bragança, a Figueira de Castelo Rodrigo, no Norte do distrito da Guarda, e é muitas vezes considerada "o interior do interior". Porém, ali é possível encontrar licenciados em diversas áreas que deixaram as grandes cidades para aí desenvolverem vários projectos. Muitos chegaram à região mal concluíram os cursos universitários, acabaram por ficar e criaram as suas formas de sustento. Alguns destes jovens assumem-se já como "neo-rurais", o termo criado para designar uma nova classe de pessoas que, tendo nascido na cidade, optam por viver no campo.

Vantagens e desvantagens

António Roleira, um biólogo de 29 anos, que reside em Vilar Seco (Vimioso), centrou os seus conhecimentos na recuperação e revitalização dos pombais tradicionais, através de uma outra associação que fomenta o desenvolvimento rural, a Palombar.

"As diferenças entre o litoral e o interior acabam por ser mais positivas que negativas. O contacto com as pessoas é mais facilitado para além de ser um espaço único para desenvolver o meu trabalho de forma a promover a região com base naquilo que lhe é característico", explica o biólogo.

No campo da promoção turística, há técnicos no terreno preocupados com a exploração da região de forma a criar actividades relacionadas com o turismo não massificado, como foi a opção escolhida por Joana Braga e Bruna Moreira. No entanto, estas duas técnicas de turismo e ambiente mostram-se algo "apreensivas" com o futuro, já que a falta de apoios financeiros ao trabalho que desenvolvem pode condicionar a permanência na região.

"Gostava de ficar na região e continuar o trabalho já desenvolvido. Os apoios financeiros, por parte das mais diversas entidades, são poucos, sendo difícil fazer previsões de futuro", esclarece Joana Braga.

É uma ideia generalizada entre estes jovens profissionais que é preciso criar mecanismos financeiros que ajudem a fixação de profissões ligadas à conservação da natureza para que haja também uma maior fixação de pessoas, dado o potencial da região.

Mais optimista mostra-se Sara Riso, que chegou ao Parque Natutal do Douro Internacional (PNDI) para concluir o projecto final do curso de Biologia. O trabalho desta jovem centra-se na avi-fauna daquela área protegida, com destaque para o estudo da Cegonha Negra, uma espécie igualmente ameaçada pelos novos hábitos humanos.

"A motivação começou a crescer e rapidamente iniciei projectos em outras áreas e fui ficando. A minha ligação a estas terras já é muito forte, passe por onde passe, um dia ficarei cá a morar", afiança a jovem bióloga de 23 anos, vinda de Lisboa.

Se o percurso de Sara Riso ainda está no seu início, Ana Berliner, igualmente bióloga, teve já vivências profissionais semelhantes.

Deslocação facilitada

A residir em Castelo Rodrigo, no sul do PNDI, Ana Berliner, de 35 anos, originária de Lisboa, acabou mesmo por se fixar na região onde vive há 13 anos, casou e constituiu família. Mantém actividade associativa e é proprietária de uma casa de turismo rural localizada naquela histórica freguesia. "Quando aqui cheguei, adaptei-me com facilidade, já que dentro da minha área esta região tem muito potencial. Tive muita sorte, devido à oportunidade que tive para estudar numa zona muito interessante no que diz respeito às aves rupícolas, já que o PNDI é um verdadeiro santuário para estas espécies".

Hoje, a bióloga diz não sentir falta da cidade, já que nos últimos anos se tornou mais fácil a deslocação aos grandes centros urbanos, quando é necessário. "As únicas diferenças entre o Litoral e o Interior prendem-se com o facto de no Interior encontrar mais tranquilidade, o que proporciona melhor qualidade de vida. Porém, há o reverso da medalha", e aqui basta lembrar o exemplo dos serviços de saúde cujas condições são mais difíceis do que no Litoral.

Apesar da vontade demonstrada de permanecerem no Interior do país, para a maioria destes jovens fica também mantém-se a falta de algumas ocupações de tempos livres que tinham nas cidades de origem, com o cinema, as artes cénicas ou outros espectáculos à cabeça da maioria das preferências. Algumas dessas lacunas são preenchidas pelos próprios, que tomam a iniciativa de organizar actividades assentes na cultura da região.
Franisco Pinto in http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1151462

António Barreto alerta contra ameaças ao Douro

Na opinião de António Barreto, sociólogo e antigo ministro da Agricultura "há ameaças muito sérias ao Douro" que se podem repercutir na descaraterização de uma das regiões mais belas do mundo.

O sociólogo durienese, natural do Peso da Régua, exprimiu esta sua convicção durante a sessão de pré-apresentação do documentário "As Horas do Douro", no Palácio da Bolsa, no Porto.Actividades novas como o turismo podem constituir “ameaças muito sérias”, e por isso têm que ser cirurgicamente controladas para não se degradarem e “matarem” toda a região.

O autor de vários ensaios sobre o Douro considera que "além de apresentar hoje uma situação social difícil e um património inigualável, o Douro não tem quem fale por si, quem actualmente a defenda”.

Na sua intervenção Barreto considerou de extrema necessidade olhar atentamente para os erros alheios, para que com eles os durienses possam aprender e assim precaver-se contra situações menos aprazadas.

Deu com exemplo negativo a região espanhola do vinho Xerês (sul de Espanha, na zona de Cádiz) que em poucos anos deixou de ser um vinho de prestígio e entrou em rápido declínio, por via de erros que conduziram à massificação da produção e ao esmagamento dos preços.

No entanto, o sociólogo duriense considera também que actualmente a região possui muitos bons técnicos e enólogos que sustentam uma garantia futura de qualidade.

Lamentou ainda a fragilidade em que a Casa do Douro se deixou cair e a sua incapacidade para defender os interesses da região, do vinho e dos vitivinicultores.

In http://nnregiao.blogspot.com/2009/03/antonio-barreto-alerta-contra-ameacas.html

Praia Fluvial do Azibo avaliada com nota máxima pela DECO

A praia fluvial da Albufeira do Azibo, em Macedo de Cavaleiros, obteve nota máxima em todos os critérios de avaliação considerados pela Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores (DECO) na sua análise das praias fluviais nacionais.

De acordo com os resultados publicados num artigo da Revista Proteste de Abril de 2009, onde são avaliadas 30 praias nacionais, a praia fluvial do Azibo é considerada um exemplo ao nível da qualidade da água, da limpeza e da informação prestada aos banhistas.

Além de ter obtido classificação de muito bom em todos os critérios, a praia fluvial do Azibo destaca-se ainda pelo facto de dispor de instalações sanitárias e duches, posto de primeiros socorros e acessos para pessoas com mobilidade reduzida. Requisitos que, em comparação com as restantes 29 praias fluviais analisadas pela Revista Proteste, fazem da praia do Azibo a melhor praia fluvial do país.

In http://noticiasdonordesteultimas.blogspot.com/2009/04/praia-fluvial-do-azibo-avaliada-com.html

Comboio volta à linha do Corgo em Setembro de 2010

A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, assumiu o compromisso de “reabrir a linha dentro de ano e meio”. A governante adiantou que a primeira fase da intervenção começa em Junho deste ano e a outra fase em Setembro, ficando concluída em Setembro do próximo ano.

Ana Paula Vitorino garantiu que “seria impossível fazer esta intervenção em menos tempo”, já que se trata da “reabilitação e requalificação total da via”. Este espaço de tempo vai servir para concluir os projectos de execução, lançar os concursos e fazer as obras. Estima-se que sejam investidos 26,9 milhões de euros na substituição integral dos materiais da super-estrutura de via, e mais cerca de 420 mil euros na supressão e reclassificação de passagens de nível. A governante explicou que a linha foi encerrada “para fazer obras e intervenções que são urgentes e que têm a ver com a segurança das pessoas”. Ana Paula Vitorino disse não entender as razões da contestação das populações que temem o encerramento definitivo da linha. “Estando em causa a segurança não há que pensar duas vezes, tem que se encerrar a linha”, afirmou. A responsável recordou que se trata de uma “linha muito antiga que, durante muitos anos, não teve qualquer intervenção”.Segundo a secretária de Estado, apesar das intervenções levadas a cabo nos últimos anos, verificou-se que “os materiais já tinham chegado ao fim da sua vida útil e, por muitas intervenções que se fizessem, nunca se conseguiria repor as condições de segurança”. Ana Paula Vitorino adiantou ainda que o relatório elaborado com a colaboração de especialistas ferroviários suíços, concluiu que a intervenção tem de ser “profunda” e tem de “ser feita já”.

Meia centena para receber secretária de Estado

Cerca de meia centena de pessoas das freguesias servidas pela Linha do Corgo juntaram-se em frente ao Governo Civil de Vila Real, para exigir a reabertura da Linha. A maioria não acredita que a Linha volte a abrir e dizem-se “enganados”. Queixam-se que os autocarros têm de passar em estradas estreitas e sinuosas, onde muitas vezes não passam dois carros.Ana Paula Vitorino esteve reunida com responsáveis da CP, os presidentes de Câmara de Vila Real, Santa Marta de Penaguião e Peso da Régua, e também das juntas de freguesia afectadas. Foi criada uma comissão de acompanhamento para “ajudar a melhorar o serviço alternativo”.

Sandra Borges in http://www.noticiasdevilareal.com/noticias/index.php?action=getDetalhe&id=5271

Centro Histórico de Mirandela precisa de valorização e de mais investimento

Isidro Gomes, do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal, defende que o centro histórico não está restrito à ponte velha ou ao Palácio dos Távoras e que é necessário haver investimento para potenciar essa zona.
“O centro histórico não é o Palácio dos Távora nem a ponte velha. O centro histórico é um conjunto de casa, casas mais bonitas ou mais feias e que se calhar são mais interessantes. No trabalho que estivemos a desenvolver identificou-se é que temos casas recentes que têm uma influência artística e Mirandela nunca tinha olhado para elas”, refere.

Casas com características modernistas são um exemplo da tipologia de edifícios que este estudo pretende destacar, contrariando a ideia de que Mirandela não tem património.“Não temos casas do século XVI ou XVII, mas temos casas do modernismo. Os alpendres são bastante característicos por exemplo e é este tipo de coisas que nós queremos destacar, estas outras valências e potencialidades de Mirandela e contrariar a ideia de que Mirandela não tem história nem património e que não é verdade, nós temos”, assegura Isidro Gomes. Para uma maior valorização do Centro Histórico o responsável defende que é indispensável conhecer o património e que o município de Mirandela se tem descuidado nesse aspecto. “Temos que conhecer o nosso património. Temos que saber no que é que vale a pena investir. Só depois de o caracterizar é que devemos investir. O problema do centro histórico passa por aí, é que em Mirandela não estudaram e por isso não se pode valorizar”, justifica. Numa altura em que o turismo é cada vez mais uma aposta da região para atrair população, o técnico acredita que a valorização das cidades, nomeadamente de Mirandela, passa por saber receber bem as pessoas e ter coisas para mostrar.“O nosso património é a gastronomia, a paisagem e aquilo que é construído pelo homem. O turismo é um potencial, esta região quer atrair turismo e o património pode ajudar. O passear pelas ruas faz com que percam tempo, com que fiquem com fome e vão comer e depois se gostarem ficam mais um dia”, afirmou Isidro Gomes.

No passeio pelas ruas da cidade do Tua que assinalou o Dia Nacional dos Centros Históricos inscreveram-se 12 pessoas mas o número aumentou e acabaram por comparecer cerca de 20 pessoas.

Joana Oliveira in http://www.imprensaregional.com.pt/jornal_terra_quente/

Município de Alijó assegura apoio a emigrantes que estejam de regresso

Por esta razão o município empenhou-se em abrir um Gabinete de Apoio ao Emigrante, como forma de dar o apoio necessário aos munícipes que tenham emigrado e que queiram voltar.“Existe um conjunto significativo de pessoas que se deslocaram para outros países e que mais tarde querem regressar à sua terra de origem. Esta é uma forma de homenagear o seu trabalho, acolhendo bem quem regressa à sua origem. Temos a obrigação e o dever de os receber de braços abertos e sem burocracias”, salientou o autarca. Na assinatura do acordo esteve também António Braga, secretário de Estado das Comunidades, que acredita ser fundamental o apoio dado aos emigrantes que regressam e que são cerca de 90 por cento. “O objectivo é facilitar a integração das pessoas que regressam principalmente a nível de legislação. Mais de 90 por cento das pessoas que emigram regressam às freguesias de origem e é necessário criar uma rede de apoio a esses cidadãos e contribuir para o regresso dessas pessoas”, refere o governante.

A comunidade portuguesa no estrangeiro ascende já aos cinco milhões e meio de pessoas o que pode representar um contributo importante para a internacionalização de pequenas e médias empresas e para a atracção de investimentos no concelho.

“É também uma possibilidade para angariar um conjunto de parcerias e investimentos para o concelho e não só, uma vez que a partir de agora os programas que o Governo possui designadamente vocacionados para a internacionalização da economia portuguesa como é o NETINVEST , um programa que permite estabelecimento de parcerias entre empresas nacionais e empresas tituladas por portugueses da Diáspora, que possam fazer quer investimento quer exportação ou internacionalização. Este Gabinete está em condições a partir de agora de dar esse conjunto de informações e fazer com que a via verde que as embaixadas e os consulados constituem para esses empresários da diáspora passe aqui por este gabinete”, explica António Martinho.

Em Alijó a fatia maior do bolo da emigração vai para os Estados Unidos, seguidos por alguns países da Europa como a Alemanha, Suíça ou França.Sabrosa, Alijó, Vila Real, Murça, Santa Marta de Penaguião e Foz Côa são alguns dos concelhos que já têm um Gabinete de Apoio ao Emigrante.
in http://www.imprensaregional.com.pt/jornal_terra_quente/

Olival tradicional perde apoios

Novo Plano de Desenvolvimento Rural deixa de fora as áreas de olival inferiores a 5 hectares

As produções de olival tradicional com uma área inferior a 5 hectares (ha) ficam excluídas dos apoios no âmbito do novo Plano de Desenvolvimento Rural (PRODER).A denúncia é feita pela Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), que pede a inclusão do olival tradicional nas Medidas Agro-Ambientais.Aliás, a associação diz mesmo, em comunicado, que já tinha alertado para esta situação durante o período de consulta e discussão do PRODER e do Plano Estratégico Regional para a Fileira Olivícola, promovido pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, mas garante que nunca obteve resposta às solicitações e sugestões.No documento, a AOTAD realça que no PRODER estão previstos, unicamente, apoios para os olivais tradicionais inseridos nas Zonas de Intervenção Territoriais Integradas, como é o caso do Douro Vinhateiro, Montesinho- Nogueira ou Douro Internacional. “Podemos afirmar que a maioria das explorações olivícolas ficaram sem o apoio ao seu papel multifuncional, de preservação da paisagem e do meio ambiente”, salienta a AOTAD.Pequenas produções de olival podem desaparecer devido ao corte de apoios aos agricultoresImporta, ainda, realçar que a cultura das oliveiras em modo tradicional representa grandes custos de produção, tendo em conta a limitação de mecanização. Acresce que o facto de se encontrarem em regime de sequeiro condiciona o olival a uma produtividade baixa, que não é compensado pelos baixos preços de comercialização.Perante este cenário, a associação teme que os produtores partam para o abandono destas culturas, devido aos lucros reduzidos, o que poderá trazer graves consequências a nível social e ambiental na região de Trás-os-Montes.Por outro lado, as Denominações de Origem Protegida assentam, sobretudo, neste tipo de olival, visto que preservam o cultivo regional, o que, aliado às características climatéricas, se traduz na identidade única e singular dos azeites produzidos sob esta denominação. No entanto, esta marca não pode ser o único sustento do olival tradicional, até porque é pouco reconhecida pelo consumidor e ainda tem pouca representatividade a nível nacional.Esta situação leva a AOTAD a pedir a protecção deste tipo de cultivo das oliveiras, quer pela sua importância em tempos de área, mas também porque é uma “pedra basilar” de muitas explorações agrícolas da região.

A AOTAD lembra, ainda, a importância dos apoios concedidos no âmbito das Medidas Agro-Ambientais, que vigoraram até 2005, ao nível da desertificação do interior do País, combinando práticas agrícolas com a preservação do meio ambiente.Recorde-se que, à luz da legislação anterior, os agricultores recebiam 131 euros por ha, em explorações até 5 há. Entre 5 e 10 ha recebiam 105 euros e 78 euros para produções com uma área entre 10 a 100 ha. Para tal, tinham que cumprir uma série de condições associadas ao modo de cultivo e produção, através de práticas amigas do ambiente.Para a AOTAD, esta medida teve uma grande representatividade, quer em termos do número de olivicultores, quer em termos de área do olival, sendo que ainda podiam acumular as ajudas previstas para a protecção integrada ou para a agricultura biológica.A associação lembra, igualmente, que o olival tradicional (consideradas as plantações com mais de 25 anos) é o mais representativo em Portugal, sendo cerca de 59 por cento da área de cultivo de oliveiras. Este tipo de exploração caracteriza-se pelo uso reduzido de fertilizantes e produtos fitofarmacêuticos.

Teresa Batista In http://www.jornalnordeste.com/index.asp?idEdicao=262&id=11559&idSeccao=2389&Action=noticia

Mais idosos acolhidos por famílias

Trás-os-Montes é a região do país que mais crescimento registou no número de famílias de acolhimento de idosos. Entre 2002 e 2007, Bragança passou de duas para 48. Em Vila Real 280 vivem neste regime.
Há poucos meses que Joaquim Pires, de 83 anos, deixou a sua casa sem condições de habitabilidade na aldeia de Alfaião, a escassos quilómetros de Bragança, para ir viver com Elisabete Salvador, na cidade de Bragança, a sua família de acolhimento. O idoso, que sofre de patologias crónicas, não esconde a satisfação por viver agora num local confortável, com aquecimento e refeições à hora. "Não podia arranjar melhor", confidencia. O filho não podia cuidar dele em casa, pois não dispõe sequer de sanitários. As agruras do rigoroso Inverno transmontano foram este ano mais amenas.
Agora compartilha a família e os dias com outro Joaquim, também Pires, 80 anos, natural de Paradela (Miranda do Douro). Além dos nomes repartem as mesmas rotinas em casa de gente que não conheciam, mas que cuidam deles e fazem as vezes da família que não têm ou que deles não pode tratar.
A televisão é a principal distracção dos dois idosos. Cuidar deles é o emprego de Elisabete Salvador, 32 anos, licenciada em Português-Francês.
A jovem só foge na idade ao padrão dos responsáveis pelas famílias de acolhimento do concelho. O perfil revela que são todas mulheres, a idade média é de 43,9 anos, e viviam situações de desemprego. Não está arrependida desta opção, apesar de ter mais habilitações académicas que a grande maioria, revelou um estudo realizado por Manuela Veloso, assistente social, no âmbito de uma tese de mestrado em Geriatria e Gerontologia na Universidade de Aveiro.
Elisabete Salvador considerou a hipótese de cuidar de idosos uma forma de criar o próprio emprego. Desde 2004 que se dedica à tarefa. Não foi fácil a adaptação a pessoas entranhas. "Há necessidade de habituação de ambas as partes", confessa, mas reconhece que o grupo acaba por se tornar uma família.
O estudo de Manuela Veloso concluiu que o acolhimento familiar no concelho tem um impacto positivo, manifestando-se uma alternativa à institucionalização, pois prestam um serviço mais personalizado e de maior proximidade com o idoso, criando laços de maior afectividade.
2009-03-30
GLÓRIA LOPES
In http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Bragan%E7a&Concelho=Bragan%E7a&Option=Interior&content_id=1185226

Portugal terá três idosos por cada jovem em 2060

Sem apoios à natalidade, a sustentabilidade da população correrá riscos

Daqui a 50 anos, Portugal até poderá conseguir manter os cerca de 10 milhões de residentes. Mas será uma população maioritariamente envelhecida. E com a redução drástica da população activa será difícil assegurar as prestações sociais.
A projecção de população residente no país no período entre 2008 e 2060, realizada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), indica que, no próximo meio século, haverá uma diminuição da percentagem de jovens (com menos de 15 anos) de 3,4%. A população activa (entre os 15 e os 64 anos) terá uma queda maior: 11,5%. Só a população com mais de 65 anos quase duplica: cresce de 17,4% em 2008 para 32,3%.
Isto significa que, em 2060, e se a tendência não for contrariada, haverá três idosos por cada jovem. Em Portugal residirão, nessa altura, 271 idosos por cada 100 jovens - mais do dobro dos valores projectados para este ano: 116 idosos por cada 100 jovens.
Apesar de o cenário parecer grave, o socialista e ex-ministro da Segurança Social Paulo Pedroso afirmou ao JN que encontra aqui o que diz ser uma "boa notícia": "As pessoas vivem mais anos com mais saúde, sobrevivem mais às doenças, e isso é bom". Por outro lado, reconhece, "o perigo de as novas gerações não serem substituídas representa um enorme desafio político, sobretudo em termos de medidas para a protecção social aos idosos e às famílias".
A solução, defende, não passa por mais apoios financeiros à natalidade, "que não vão produzir mais efeitos", mas "pela promoção de serviços". E explica: "A igualdade entre homens e mulheres não pode reflectir-se na demografia. Para que as mulheres possam ter ao mesmo tempo vida laboral e familiar- e Portugal é dos países da União Europeia com taxa mais alta de desemprego feminino - é preciso criar serviços de apoio à família: na primeira infância e na educação a tempo inteiro. Serviços próximos, comportáveis do ponto de vista financeiro e de qualidade". O deputado garante que "foi desta forma que os países nórdicos conseguiram reverter o cenário".
De acordo com a projecção do INE - considera as variáveis da fecundidade, mortalidade e migração -, a população aumentará até 2034, ano a partir do qual começará a diminuir, atingindo, em 2053, valores abaixo de 2008.
Os saldos migratórios positivos não deverão ser suficientes para atenuar o envelhecimento demográfico, indica o estudo. Mas Pedroso é mais optimista. "Portugal recebe mais pessoas do que envia para fora. Esta tendência deverá manter-se no futuro, uma vez que o país é cada vez mais atractivo para mais gente. Para isso, é preciso modernizar a economia e continuar a investir em capital humano".
Fátima Matos, demógrafa, Faculdade de Letras da Univ. do Porto: 'É preciso fixar no país as pessoas"
Uma projecção do Instituto Nacional de Estatística indica que, daqui a 50 anos, Portugal será um país maioritariamente idoso. Que consequências terá este cenário?
Existe o risco da sustentabilidade da própria população. Se existe uma redução drástica da população activa, num sistema como o nosso, em que a Segurança Social é assegurada pelos iimpostos de quem trabalha, essa área fica seriamente afectada. E se as pessoas vivem mais tempo, também vão precisar de mais apoio. Vão ser um peso para o Estado.
É possível reverter a curto prazo a tendência demográfica, que aponta para a existência de três idosos por cada jovem em 2060?
A tendência é contínua desde os anos 80. Houve uma recuperação no pós-25 de Abril, devido ao regresso das pessoas das ex-colónias, que provocou alguma estabilização. Mas depois voltou a decair. E progressivamente tem vindo a afectar também o litoral e as zonas mais urbanas. É comum a todos os países da Europa. Daí que as medidas a tomar pela União Europeia sejam tão importantes para Portugal.
Essas medidas passam essencialmente pelo apoio à natalidade?
Também, mas não só. É preciso contrariar a taxa de fecundidade da população através de apoio financeiro e de assistência materno-infantil. Mas também é preciso promover o emprego, a escolarização, a formação profissional, a emancipação dos jovens, a habitação. É um apoio transversal e não apenas financeiro. Numa altura de crise, é difícil. Mas não se pode pedir às pessoas que tenham mais filhos se não houver contrapartidas fortes.
E o fluxo migratório, que contributo poderá dar para a reversão ?
É outra variável fundamental. O saldo migratório não tem conseguido compensar a queda demográfica, porque a migração, hoje, é flutuante; não é permanente. As pessoas ficam cá algum tempo, mas depois tornam aos países de origem. É preciso conseguir fixar cá quem vem de fora.

In http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1176326