sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O despertar do “país sonolento”: contributo das feiras de produtos locais para um novo projecto de desenvolvimento territorial

Com base nos dados do último censo, João Ferrão (2001) classificou 45% das freguesias portuguesas como “país sonolento”. Grande parte destes espaços encontram-se no interior do país, com particular incidência nas regiões Norte e Centro, correspondendo a territórios com perdas demográficas significativas que se encontram, muitas vezes, num “círculo vicioso de subdesenvolvimento” (Ferrão, 2001). Estes territorios de baixa densidade têm vindo, neste início de século, a dinamizar, com maior ou menor intensidade, processos de transformação indutores de mudanças significativas. Os territórios parecem estar a despertar. Entre as alterações mais visiveis, as feiras de produtos locais estão a contribuir para a criação de uma nova inteligência colectiva. Em torno destes eventos têm sido divulgadas produções, costumes e dialectos, originando o despertar dos territórios e das suas identidades. Funcionando como uma forma de manifestação da cultura popular, de promoção e divulgação do artesanato, da gastronomia, do folclore e dos produtos locais de qualidade, redescobre-se e reconstroiem-se os recursos locais, através da mobilização colectiva. São de certa forma uma montra dos municípios e da região, procurando a valorização dos lugares, das gentes e das produções locais.
A visão nostalgica do campo ganha uma força estratégica que está a “acordar” nos territórios de baixa densidade. Os territórios “sonolentos” estão a dinamizar processos de mudança, criando os novos alicerces para um novo projecto de desenvolvimento territorial. As feiras são apenas um dos sintomas desses processos. Com as feiras locais revaloriza-se o rural (enquanto memória, património e paisagem), através de uma alavancagem a partir das autarquias. Neste âmbito, é necessário aproveitar todos os recursos do território, apostar na identidade do lugar e na identificação do consumidor com o lugar - nas feiras os visitantes procuram uma imagem, uma representação do rural. Isto não significa que as imagens e as representações não estejam a ser reconstruídas.
O tema deste estudo focaliza-se nas feiras de produtos locais realizadas em Trás-os-Montes e Alto Douro. Com base em inquéritos realizados aos visitantes e expositores da feira do fumeiro de Vinhais e da feira da caça e turismo de Macedo de Cavaleiros, este artigo visa avaliar o real significado e importância destes acontecimentos na dinamização das actividades locais e manutenção da população, avaliar a sua visibilidade nos territórios urbanos e a capacidade de atracção de visitantes de fora do concelho e de fora da região/país, bem como a avaliação dos seus impactos. Apresenta-se uma analise detalhada dos resultados dos inquéritos realizados, os quais indiciam que estes eventos funcionam como um novo espaço de relacionamento urbano-rural, contribuindo para valorizar “novas actividades” em espaço rural, tendo grande importância na divulgação e venda dos produtos regionais por parte dos expositores locais. Finalmente, refira-se o peso dos visitantes com formação superior, sendo a área de influência destes eventos relativamente grande, com visitantes de várias partes do país e do estrangeiro.

Resumo de artigo a apresentar no VII Congresso de Geografia Portuguesa em Novembro de 2009.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Avenida dos Aliados transforma-se em Terreiro do Paço

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) promoveu, na passada quinta-feira, a apresentação do Plano Regional de Ordenamento do Território Norte (PROT N), que visa, segundo a comissão, promover e reforçar a coesão territorial da região Norte, contrariando as assimetrias intra-regionais, a competitividade social e económica, a equidade territorial e social de acesso a bens, serviços e oportunidades, a protecção dos recursos naturais e culturais, a eficácia e a racionalidade do uso do solo e a melhoria do sistema urbano metropolitano e regional.

O PROT prevê que Bragança se torne numa cidade regional, ao passo que Vila Real será rotulada como uma cidade de equilíbrio regional. Já Macedo de Cavaleiros e Mirandela serão consideradas centros estruturantes sub-regionais, classificações, portanto, que poderão ditar o esmorecimento da atracção de novos investimentos em Trás-os-Montes.

O edil brigantino; Jorge Nunes considera que o PROT vai condenar a região transmontana ao abandono. “O modelo territorial está completamente errado e isso vai condenar o interior ao esvaziamento de serviços e ao abandono da população, este documento devia contemplar a oportunidade de coesão e competitividade para o território da zona Norte no seu conjunto e não replicar modelos do passado, que dão mau resultado para o país”, referiu o autarca.“O modelo territorial está completamente errado”, considera Jorge Nunes

Este plano encontra-se presentemente em discussão pública, tendo já, Jorge Nunes, classificado o documento “de péssimo para a região de Trás-os-Montes, é uma proposta de planeamento unidireccional que privilegia um centralismo excessivo no Porto e não pensa o território de forma articulada com o território vizinho”, explicou o edil, indo mais ao longe ao afirmar que se este modelo territorial se manter, “vai resultar num empobrecimento do interior Norte, pela sua desqualificação em termos económicos e sociais”, afirmou.

Em sua defesa, o vice-presidente da CCDR-N, Paulo Gomes, afirma que o plano apenas “representa as condições mínimas que os municípios devem assegurar, para tornar a região norte mais competitiva” discordando solenemente que Bragança seja uma região penalizada e afiança que o município usufrui de muitos apoios, nomeadamente a nível cultural. A versão final do PROT estará concluída em finais de Agosto para depois ser submetida a aprovação por parte do Governo.

Vanessa Martins, Jornal Nordeste, 2009-07-22

Trás-os-Montes é das regiões mais pobres da Europa

A Associação Nacional das PME questiona «desperdício» dos fundos comunitários, depois da divulgação de um estudo que coloca a região Norte entre as mais pobres da União Europeia e Trás-os-Montes como a sub-região mais pobre.
O «Estudo sobre a Pobreza na Região Norte de Portugal», elaborado pelo Centro de Estatística da Associação Nacional das PME e pela Universidade Fernando Pessoa, para a Comissão Europeia, indica que a região Norte é a mais pobre de Portugal e está entre as 30 mais pobres das 254 regiões da UE25, enquanto Trás-os-Montes é classificada como a Sub-Região mais pobre da UE27.

Segundo o mesmo documento, enquanto em 2005/2006 havia cerca de 693 000 pobres na região, em 2009, existia cerca de um milhão «resultado do encerramento de muitas unidades fabris e falência de outras empresas que levaram ao despedimento de milhares de trabalhadores com a consequente redução dos seus rendimentos».

O presidente da Associação Nacional das PME, Fernando Augusto Morais, considerou que as conclusões do estudo são «surpreendentes», tendo em conta o investimento comunitário que foi canalizado para a região, através do Quadro Comunitário de Apoio III. «No ano 2000, as duas sub-regiões do Minho e Alto Douro e Trás-os-Montes foram identificadas como as mais pobres da UE-15. Por isso, a União Europeia injectou na região Norte cerca de sete mil milhões de euros entre 2000 e 2006 para que houvesse um crescimento de 4,5 por cento neste período, mas não só a região não cresceu como ainda por cima contém a sub-região mais pobre da UE-27», lembrou este responsável. «O dinheiro investido não atingiu os objectivos», resumiu Fernando Augusto Morais, criticando o «desperdício». O presidente da Associação considerou que é necessário responsabilizar as entidades responsáveis pela execução destes programas e o Estado e sublinhou que «os contribuintes europeus vão querer saber como foi aplicado este dinheiro». Fernando Augusto Morais lamentou também o facto de os recursos estarem «concentrados nos mais ricos».

O estudo refere que, apesar da Região Norte ser a mais pobre do país, é na Área Metropolitana do Porto que se encontram as duas maiores fortunas nacionais (Américo Amorim e Belmiro de Azevedo), bem como empresas líderes sectoriais e mundiais como a RAR e a CIN, a maior associação de grandes empresas do País (AEP) e a maior associação de jovens empresários (ANJE). O documento questiona ainda a abertura de cinco novos centros comerciais numa região onde existem já 25 destas grandes superfícies, o que «prejudicará o comércio tradicional, bem como o crescimento e o emprego».

«São visíveis situações de pobreza extrema, privação e precariedade», aponta o mesmo relatório, salientando que «a face mais visível desta «nova pobreza» é o aumento dos pedidos de ajuda alimentar junto das instituições de solidariedade social, muitas vezes, na sombra do anonimato onde se identificam professores desempregados e muitos outros técnicos superiores».

in Lusa, 2009-07-23

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Já são cerca de 30 as famílias de grandes capitais que querem viver em Vila Real

Ainda nenhuma autarquia do distrito mostrou interesse no projecto “Novos Povoadores”.
Nascido da vontade de um grupo de três jovens que viveram a experiência de trocar cidades de grandes dimensões por meios mais pequenos, reconhecendo assim “as mais-valias de uma vida mais tranquila sem prejuízo de uma presença profissional activa”, o Projecto “Novos Povoadores” começa a ganhar expressão a nível nacional conquistando o interesse de cerca de três centenas de famílias, 26 das quais avança o distrito de Vila Real como destino de preferência. No entanto, para já, os municípios ainda não se manifestaram sobre o projecto de repovoamento da zona interior do país.
Vinte e seis famílias, a maior parte do Porto, já mostraram interesse, através do Projecto “Novos Povoadores”, em ‘transferir’ a sua vida para concelhos do distrito de Vila Real, um processo que ambiciona “um equilíbrio territorial” nacional mas que espera agora pela adesão dos municípios.
“Neste momento não temos a adesão de nenhum município do distrito de Vila Real”, explicou Frederico Lucas, um dos mentores do projecto nacional que já despertou o interesse de 270 famílias.
Contando já com a “manifestação de interesse” por parte de várias Câmaras Municipais, entre as quais dez de Bragança, de realçar que os primeiros ‘povoadores’ a concretizar o desafio deverão instalar-se, no distrito de Évora, dentro de meses. Segundo o mesmo responsável, “o projecto não vai bater à porta” das autarquias, devem ser estas a aderir com o objectivo último de contribuir para o estanque do ciclo de “sangria demográfica” dos seus territórios rurais.
Relativamente ao que se espera dos municípios como moeda de troca para a fixação das jovens famílias, Frederico Lucas explicou que as Câmaras Municipais deverão acompanhar o processo contribuindo financeiramente apenas para as acções de formação que são desenvolvidas no sentido de preparar os novos moradores no que diz respeito ao projecto de trabalho que têm em mente, a maior parte na área do empreendorismo no sector agrícola.
A iniciativa “Novos Povoadores” assume o apoio ao projecto migratório, ou seja, “não dá dinheiro, nem arranja empregos”, ajuda sim as famílias a identificar necessidades e ofertas de habitação e na educação dos filhos, bem como acompanha o projecto empreendedor de criação do próprio emprego.
Nos últimos meses, a iniciativa tem ganho cada vez mais visibilidade a nível nacional. No entanto, Frederico Lucas explica que a opção ainda é proteger as famílias do mediatismo, sendo certo que, “na altura certa”, estas serão apresentadas.
O projecto nasceu quando Frederico Lucas (que optou por abandonar Lisboa), Ana Linhares e Alexandre Ferraz se conheceram em Trancoso e partilharam a sua própria experiência enquanto “Novos Povoadores”. “Foi um parto natural”, explicou o mesmo responsável, lembrando que depois de um período de cerca de quatro anos de estudo sobre o projecto este está agora prestes a dar frutos.
“Actualmente, 40 por cento da população vive nas áreas metropolitanas, onde se concentra 70 por cento do endividamento das famílias”, mas, se nada for feito, e segundo a Organização das Nações Unidas, em 2015, 70 por cento “da população portuguesa viverá nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto”.
Maria Meireles in http://www.avozdetrasosmontes.com/

“Carpooling” na UTAD vai funcionar já no próximo ano lectivo

Apesar de ainda estar a ser ultimado o estudo sobre a mobilidade na UTAD, o projecto de implementação do “carpooling”, o conceito de partilha de veículos, deverá ser uma realidade já no próximo ano lectivo. Os primeiros dados indicam que entram diariamente no campus três mil veículos, produzindo 1441,5 toneladas de CO2 por ano que, para serem compensadas ambientalmente, precisariam de cerca de cinco mil árvores. O incentivo à boleia organizada no esforço pela diminuição do tráfego automóvel poderá também ganhar uma dimensão concelhia com o desenvolvimento de um projecto da autarquia orçado em cerca de 1,3 milhões de euros, o “EcoMobiReal”
Com o objectivo de desenvolver, já a partir de Setembro, o “carpooling”, um grupo de investigadores e alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a estudar a mobilidade dentro do campus e os seus reflexos ambientais, tendo sido já calculado que seriam necessários 2,5 campus, idênticos ao actual em áreas verdes, para dar resposta às emissões de CO2 proveniente da circulação automóvel dentro da academia.
Três mil carros entram diariamente na UTAD, desses, cerca de metade leva apenas um ocupante. Fazer com que a comunidade universitária se una na partilha do meio de transporte individual é o grande objectivo do “carpooling”, um conceito que não é novo mas que o projecto da UTAD quer que ganhe novos contornos.“Primeiro estamos a tentar perceber como funciona a mobilidade dentro do campus”, qual o principal meio de transporte utilizado, qual o perfil do parque automóvel e que disponibilidade apresenta a comunidade universitária à possibilidade de partilhar as viagens, explicou Luís Ramos, professor do departamento de engenharia e um dos responsáveis pelo grupo de trabalho composto ainda por Ricardo Bento, Sílvia Silva, Miguel Martins, Maria de Lurdes Martins e Marco Teixeira.
Segundo o mesmo docente, o passo seguinte será implementar as plataformas que vão permitir que as pessoas comuniquem entre si e se organizem na partilha das viagens, sendo de realçar, por exemplo, que quatro em cada dez estudantes, se deslocam em viatura própria até ao campus.
Quando os meios de comunicação entre condutores e passageiros estiverem afinados, quer seja via Internet, telemóveis ou outros suportes, os investigadores acreditam que será possível os estudantes organizarem-se de acordo com a sua área de residência ou tendo em conta o facto de pertencerem a um determinado grupo. O objectivo passa não só pela partilha nas deslocações diárias à UTAD, mas também nas viagens ao fim-de-semana, para os alunos que são de fora, e mesmo nas saídas nocturnas até bares e discotecas, estando prevista aqui uma colaboração com a alguns estabelecimentos de diversão.O docente da UTAD advertiu para o facto de que se não houver um incentivo à partilha das viaturas, as pessoas acabam por não aderir, por isso, ficará a cargo da Associação Académica a animação do projecto. “Pode-se criar, por exemplo, uma espécie de competição entre determinados grupos” unidos por turma, ano, redes sociais, etc., explicou Luís Ramos.
O mesmo sistema de recompensa poderá ser utilizado também com sucesso na desejada replicação do projecto às escolas do Ensino Secundário onde, como sublinhou o investigador, se pode sensibilizar os pais e encarregados de educação, através dos filhos, desde que estes se sintam motivados, e uma forma de o fazer é, por exemplo, calcular a pegada ecológica da mobilidade ao fim de um mês de boleias e premiar os melhores resultados.
Além do projecto que se está a desenvolver no campus, a UTAD é também parceria de uma candidatura que a Câmara Municipal de Vila Real apresentou, no último mês de Maio, ao Programa Polis XXI e que visa, exactamente, melhorar as condições de mobilidade dos cidadãos ao nível do concelho.
Denominado “EcoMobiReal”, o projecto incluiu um conjunto de iniciativa inovadoras que vão permitir aos cidadãos deslocarem-se melhor na cidade e ao mesmo tempo “reduzir as emissões de carbono o que, consequente se reflecte a nível ambiental”, explicou Miguel Esteves, vereador da autarquia responsável pelo pelouro do ambiente.
Um das acções previstas no projecto é a criação de uma “via verde” que vai permitir aos peões deslocarem-se com segurança pelas principais zonas da cidade.
O “Pedibus” é outro dos conceitos que a autarquia quer implementar e que consiste, nem mais nem menos, numa ‘linha de autocarro pedonal’ que ligará vários pontos da cidade às escolas. Um grupo de pais ou voluntários desloca-se a pé a determinadas horas, estabelecidas previamente, e pelo percurso, também ele delimitado, vai recolhendo as crianças que se vão encontrando junto das ‘paragens’, um projecto que o município de Lisboa já tentou pôr em prática.
Outra das muitas vertentes da candidatura passa pelo reforço da confiança dos cidadãos nos transportes públicos através da fiabilidade dos horários e redução de tempos de espera. “Serão instalados GPS nos autocarros e pequenos visores nas paragens vão indicar onde o veículo se encontra e quanto tempo demora”, explicou Luís Ramos, revelando que deste modo melhora-se a eficiência e conforto do serviço e evita-se a ansiedade dos utentes.
Segundo Miguel Esteves o “EcoMobiReal”, cujo resultado da candidatura deverá ser conhecido já em Julho, vai ser monitorizado constantemente para que se possa tirar as conclusões sobre a componente ambiental que lhe está associada.
Maria Meireles in http://www.avozdetrasosmontes.com/

terça-feira, 16 de junho de 2009

Esperadas mais de 10 mil pessoas nos “Concertos de Verão”

O brasileiro Chico César é o cabeça-de-cartaz da edição deste ano dos Concertos de Verão que prometem “arrastar” mais de 10 mil pessoas ao auditório exterior do Teatro de Vila Real. O fadista Carlos do Carmo abre o primeiro de 12 concertos de “world music” que prometem animar as noites de Verão.
De 13 de Junho a 29 de Agosto, a “world music” sobre ao palco do auditório exterior do Teatro de Vila Real, todos os sábados, às 22.30h. Os 12 concertos deste 6º Festival de Músicas do Mundo trazem até Vila Real espectáculos de nove países. Espanha, Itália, Alemanha, Polónia, Argentina, Brasil e Cabo Verde marcam presença numa “edição particularmente forte”, segundo afirmou o director do Teatro de Vila Real, Vítor Nogueira.
Mais uma vez, o concerto de abertura cabe a um português, desta feita o fadista Carlos do Carmo, espectáculo incluído nas Festas da Cidade. Vítor Nogueira destacou os dois concertos únicos no País e a estreia de duas digressões internacionais. O grupo brasileiro Barlavento inicia a sua digressão em Vila Real, com os sons da música tradicional de Salvador da Bahia, a 4 de Julho. O cabeça-de-cartaz Chico César também se estreia em Vila Real no dia 11 de Julho. O grupo Romengo, da Roménia, dá um concerto único em Vila Real, a 8 de Agosto, tal como os checos V3SKA (Vaitraiska) que trazem a Vila Real os ritmos do ska, a 22 de Agosto.
O coordenador do departamento de Produção e Programação do Teatro de Vila Real, Rui Araújo, acredita que o cartaz deste ano tem “capacidade para mobilizar o público” e espera que ultrapasse os 10 mil espectadores que assistiram aos espectáculos, no último ano. Por esta “montra de culturas e tradições” vão ainda passar os ritmos do flamenco com os Al-Mansour, acompanhados por um dos mais conceituados bailarinos andaluzes da actualidade, “El Choro”.
A jovem Danae nasceu em Cuba mas cresceu em Cabo Verde e agora mora em Portugal. A mistura dessas influências promete um espectáculo de ritmos quentes com mornas cabo-verdianas a 27 de Junho. O tango também marca presença com a Orquestra Típica Fernández Fierro, constiuido por 12 elementos vindos da Argentina, e que actua a 18 de Julho. Segue-se uma outra orquestra, os espanhóis Always Drinking Marching Band, mais virada para o dixie, a 25 de Julho. No primeiro sábado de Agosto, chegam os sons dos Balcãs com a Municipale Balcânica, de Itália.
Mercedes Péon, nomeada “Melhor Artista do Ano” pela revista “Folkworld”, é a primeira “repetente” nos Concertos de Verão. Depois de 2004, a espanhola volta a Vila Real, a 15 de Agosto, em representação da diversidade cultural do país vizinho. Os alemães Polkaholix encerram o Festival com os ritmos divertidos da polka. O orçamento é, segundo Vítor Nogueira, “ligeiramente superior ao do ano passado”, na ordem dos 90 mil euros. Os concertos transferem-se para o interior do Teatro de Vila Real, caso as condições meteorológicas assim o exijam.
Sandra Borges in http://www.noticiasdevilareal.com

Feira do granito é o evento mais importante de Vila Pouca de Aguiar

O granito de Vila Pouca de Aguiar vai estar em destaque durante quatro dias. A sétima edição da Feira do Granito arranca na próxima sexta-feira, dia 19. No recinto de exposição, a área compreendida pelo gimnodesportivo, parque e campo da escola secundária local, os visitantes poderão observar os diferentes tipos de granito, o Cinza Pedras, o Amarelo Real e Cinza Real.
Além da promoção daquela que é uma das maiores fontes de riqueza do concelho, a feira é um espaço privilegiado para muitos construtores civis e particulares estabelecerem contactos com os empresários do granito.“É o evento sócio-económico mais importante” do concelho, garante o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Domingos Dias. Segundo a autarquia, o sector gera mais de 30 milhões de euros por ano e emprega cerca de duas dois mil empregos directos.
A feira decorre no recinto da Escola Secundária durante quatro dias Associada à Feira estão também as jornadas ambientais que, há seis anos, decorrem em paralelo com o certame. Este ano, entre outros, vão ser debatidos temas como a gestão de aterro de resíduos inertes na recuperação paisagística das pedreiras; a problemática dos resíduos da indústria do granito; a importância das árvores no meio urbano; a qualidade da água...
Paralelamente, o certame inclui ainda um programa de animação musical e desportivo, como as Provas do Campeonato Regional de Santo Huberto.

Margarida Luzio, in Semanário Transmontano, 2009-06-15

terça-feira, 2 de junho de 2009

Feira da Cereja de Alfândega da Fé

Alfândega da Fé abre portas de certame que se realiza de 10 a 14 de Junho

A Feira da Cereja de Alfândega da Fé, que terá lugar de 10 a 14 de Junho, fica marcada pela quebra de produção do fruto que lhe dá o nome. No entanto, a Câmara Municipal de Alfândega da Fé (CMAF) considera que as cerejas não faltarão no evento, onde serão vendidas a 1,50 euros o quilo. “Falámos com os produtores para garantirem o stock e não pensamos que possa esgotar”, explicou o presidente da CMAF, João Carlos Figueiredo. Além deste fruto, o certame promove, ainda, produtos biológicos. “Queremos apostar na divulgação dos produtos da terra, nomeadamente os do sector agrícola”, sublinhou o autarca. Nos cinco dias dedicados à cereja, milhares de pessoas passarão por Alfândega da Fé, esgotando todas as unidades hoteleiras. “No total, temos cerca de 150 camas disponíveis no concelho que ficarão lotadas. Contudo, o importante é publicitar a região”, adiantou o edil. Para atrair ainda mais visitantes, a autarquia optou por colocar entrada livre para todas as pessoas. “Ao contrário do que se pensa, é uma forma de diminuirmos encargos com a segurança para controlar as entradas, que eram vendidas por uma quantia simbólica”, justificou João Carlos Figueiredo. No que toca ao entretenimento, subirão ao palco do certame artistas como Fernando Pereira, Santa Maria, Jorge Ferreira e Rita Guerra. Também marcarão presença grupos tradicionais, como Rancho Folclórico e Etnográfico “As Moleirinhas de Casconha”, os Grupos de Danças e Cantares de Vilarchão, de Sambade, da Santa Casa da Misericórdia de Alfândega da Fé, Gebelim, Parada, bem como a Banda Municipal de Alfândega da Fé. Artistas conhecidos marcam presença no evento As actividades desportivas são outras das vertentes em destaque na Feira da Cereja com os torneios de Futebol 7 – Infantis e Futebol 5 – Veteranos e a terceira edição da Milha das Cerejas, organizada pela Associação de Atletismo de Bragança, CMAF e Associação Industrial e Comercial de Alfândega da Fé. Além disso, destaque, também, para o espectáculo de demonstração cinotécnica, que conta com a participação da Força Aérea Portuguesa.
Por Sandra Canteiro in http://www.jornalnordeste.com

Produtos de excelência no estrangeiro

Dez empresas envolvidas
“Internacionalizar Trás-os-Montes Gourmet” e é o nome do projecto desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento da Rota do Azeite de Trás-os-Montes (ADRATM) e que pretende divulgar, fora de Portugal, vários produtos de excelência da região, como o vinho, os enchidos, os frutos secos e a panificação do Nordeste Transmontano e Douro Superior. O projecto de internacionalização foi aprovado no âmbito do novo QREN em 48%, dos 104 mil euros de custo total. Representando alguns riscos aos produtores envolvidos neste projecto, pelo capital financeiro assumido. A coordenadora da entidade promotora, Cristina Passas revela que o primeiro passo foi “tentar convencer as empresas que querem seguir esse rumo para aproveitar os fundos comunitários que existem”, tendo e conta que só através da exportação é que “podem valorizar as suas empresas e o território” refere. Cristina Passas revela ainda que “só as mais capazes, já certificadas, é que aceitaram este desafio porque é para aí que querem dirigir-se”. O objectivo deste projecto centra-se na internacionalização de produtos de qualidade superior num mercado já por si muito selectivo, o mercado Gourmet. Para já estão garantidas as presenças nas feiras da especialidade da Bélgica e Alemanha. As 10 empresas que se associaram à internacionalização, apesar de já exportarem para outros países, estão expectantes quanto à aceitação por parte deste sector de produtos de excelência. “Achamos que era interessante participar neste projecto pois o primeiro objectivo é ganhar clientes” afirma a responsável da empresa Eurofumeiro que recentemente lançou no mercado as alheiras de bacalhau e vegetariana. “Nós esperamos que tenha sucesso” afirma Se tudo correr como o desejado, novos mercados fora do continente europeu, serão explorados por este projecto.
Por Fernando Pires in http://www.mensageironoticias.pt/

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Investimentos na região têm de ser aproveitados

Numa altura em que se prepara o início das obras da Auto-estrada e decorre a construção do Túnel do Marão, investigador da UTAD pede maior dinamismo aos órgãos de poder local.

Aproveitar a construção das grandes obras em curso na região para promover o seu desenvolvimento e não esperar que estejam concluídas para se “pensar o futuro”. O repto foi deixado pelo coordenador do Grupo de Estudos Territoriais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Luís Ramos, durante o fórum “O Futuro é Hoje”. Este encontro serviu também para anunciar o início dos trabalhos do Túnel do Marão e que a Auto-estrada Transmontana (AT) arranca já no próximo mês.
A organização deste debate, que decorreu de 26 a 28 de Maio, esteve a cargo do Núcleo de Engenharia Civil e juntou no painel de discussão os altos quadros das empresas Iberdrola Portugal, EDP, Somague, Soares da Costa e Mota-Engil.
Da apresentação dos projectos das Barragens do Alto Tâmega e do Tua, do Túnel do Marão e AT, os participantes, na sua maioria alunos da academia, puderam retirar vários conhecimentos. Francisco Silva, administrador da Somague, a empresa a quem foi concessionada a construção do Túnel do Marão, referiu que os trabalhos já foram iniciados. A obra permitirá a ligação subterrânea entre os 5665 metros que separam Amarante e Vila Real. Durante os 44 meses de trabalho, cerca de 900 pessoas estarão envolvidas, naquele que representa um investimento de 400 milhões de euros. Este troço será depois ligado à AT entre Vila Real e Bragança. Esta segunda infra-estrutura, igualmente de capital importância para a região, começará os seus trabalhos práticos durante o próximo mês. Esta garantia foi deixada pelo administrador da Soares da Costa, António Fraga, empresa responsável pelos trabalhos. A via estende-se ao longo de 186 quilómetros e tem como concelhos directamente atingidos Amarante, Vila Real, Sabrosa, Murça, Alijó, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança, num total de cerca de 250 mil pessoas. Já em desenvolvimento está também o complexo hidroeléctrico do Alto Tâmega, que terá a exploração da Iberdrola Portugal.
Estes três exemplos, a que se juntam a construção do Itinerário Complementar 5 e o Itinerário Principal 2, são para Luís Ramos essenciais para região, mas já no “imediato”. Para este investigador, será um erro esperar o fim da construção como factor de desenvolvimento. “Julgo que os presidente das câmaras, as associações empresariais, os grandes responsáveis políticos da região ainda não se aperceberam que este investimento vai arrastar e mexer muito com a região.” Luís Ramos não compreende a “passividade e quase desinteresse dos agentes locais”, naquilo que concerne a mover esforços e aproveitar o dinamismo criado pelas obras em fase de execução. “Será necessária não apenas a mão-de-obra, mas também o fornecimento de refeições, bens e serviços de todo o tipo, como de engenharia ou da própria publicidade. Se a região não se organizar e não estiver preparada para agarrar as oportunidades, passa tudo ao lado”, referiu o coordenador do Grupo de Estudos Territoriais da UTAD. Nestes próximos oito anos, o investimento em novas infra-estruturas rondará os quatro mil milhões de euros. Ainda segundo Luís Ramos, também a administração central não está compreender o interesse deste tipo de obras, sob o ponto de vista do desenvolvimento de outro tipo de actividades, que não a infra-estrutura propriamente dita. Para o investigador, tudo é visto como numa “lógica meramente de mercado”, esquecendo o “desenvolvimento regional”. “Mais do que deixar a estrada ou barragem tem de se alavancar um determinado tipo de dinâmicas para potenciar outro tipo de actividades na região”, reforçou. Outras das preocupações, para as quais é preciso alertar, é a “responsabilidade social das empresas”. “Deixam umas migalhas na região, fazem uns pequenos contratos de serviços, mas não entendem a sua verdadeira responsabilidade, ou seja, o papel que podem ter no desenvolvimento da região”, sublinhou. Para este investigador, as grandes multi-nacionais que vão estar envolvidas nos trabalhos devem usar a sua “competência e conhecimento” para impulsionar as empresas e actividades da região. Para que assim seja, a iniciativa não terá de partir apenas das grandes companhias. Os órgãos de poder, locais e nacionais, deverão, à semelhança do que se faz noutros países, assegurar que o desenvolvimento seja uma realidade. E nunca esperar pela conclusão das obras. “O emprego criado depois da obra concluída é muito pequeno, mas se, durante a construção, empresas em muitos sectores forem ajudadas a crescer e a desenvolver-se, a região vai apresentar um tecido económico muito mais forte e activo no futuro”, acrescentou Luís Ramos.
Frederico Correia in http://www.mensageironoticias.pt/

Famílias do litoral querem povoar interior

Projecto “Novos Povoadores” tem candidatos interessados. Fixação na região poderá ser uma realidade em 2010/11

Habitam maioritariamente no distrito de Lisboa e do Porto e há cerca de três anos que vêm congeminando a ideia de se mudarem para um território de baixa densidade, ou seja, para o interior do país. Bragança é um dos distritos onde gostariam de viver com as suas famílias, embora nem todos tenham aqui raízes familiares ou afectivas. Não possuem qualquer experiência de vivência em meio rural, mas querem aqui implementar projectos de empreendedorismo vocacionados para o mercado regional, nacional e local. É este o retrato que se pode traçar dos 14 agregados familiares que, até ao momento, contactaram os responsáveis do projecto “Novos Povoadores”, um projecto-piloto que inicialmente está apenas a ser aplicado em centros urbanos de fácil acesso, para iniciar o processo de mudança do litoral para o interior. “Novos Povoadores” foi um projecto que surgiu pela mão de três amigos, Frederico Lucas, Alexandre Ferraz e Ana Linhares. O objectivo que os move é defesa de um “novo Portugal”, com maior qualidade de vida, em que seja possível reduzir as assimetrias regionais com vantagens para os “novos residentes” e para os territórios de baixa densidade.
Os mentores acreditam que a principal influência para a localização de pessoas e famílias é o trabalho e, hoje em dia, a globalização permite que a “ruralidade” tenha atractivos competitivos quando comparada com as grandes metrópoles. Os “Novos Povoadores”, para já, estão a procurar estabelecer parcerias com as autarquias locais para avançar com o processo de transição das famílias interessadas que, antes de mais, têm que passar um processo de “selecção”.
Esta selecção, feita primeiramente através de um inquérito, visa apurar o real interesse das famílias na mudança. Depois, é preciso garantir que um dos membros do agregado familiar tenha emprego assegurado na região e que o outro tenha um projecto empreendedor para desenvolver no novo local de residência. É na fase de implementação destes projectos que as autarquias e outras entidades são chamadas a colaborar, até para que o processo de transição seja facilitado ao máximo, permitindo uma boa integração dos “novos povoadores”.
Para já, os promotores desta iniciativa entrevistaram 14 agregados familiares, a maioria dos quais composto por três elementos. Os inquiridos querem aplicar aqui um novo projecto que, para já, não passa de uma “ideia”, embora 33 por cento já tenha iniciado o seu desenvolvimento. Todos os candidatos que pretendem mudar-se para Bragança possuem formação ao nível do ensino superior, pós-graduações, mestrados ou doutoramento. Consideram-se pessoas criativas, com capacidade de gestão e de relações públicas, mas admitem, na sua maioria, poder vir a necessitar de algum tipo de apoio na área das tecnologias de informação ou na área de gestão.
Da parte do município de Bragança há todo o interesse em colaborar com o projecto, até porque se baseia na tentativa de inversão da lógica actual que, no entender do autarca, Jorge Nunes, “promove a concentração de pessoas no litoral”. No entender do edil, a região oferece um leque de oportunidades vasto em áreas ligadas à eco-construção, ao eco-turismo, à eco-energia, bem como nas agro-indústrias associadas aos produtos tradicionais. “Estas áreas são, no meu ponto de vista, as que podem vir a obter condições para absorverem recursos humanos qualificados e, consequentemente, alcançarem objectivos de sustentabilidade nesta que se pretende que seja, cada vez mais, uma eco-região”, apontou. Apesar da maioria dos interessados não possuir experiências de vivência em meio rural ou laços familiares que os prendam ao Nordeste Transmontano, Nunes acredita que a adaptação decorrerá de forma pacífica. O autarca lembra que a cidade de Bragança foi recentemente reconhecida como uma das melhores para se viver a nível do país, atribuindo bons desempenhos a nível de qualidade ambiental, mobilidade, segurança para pessoas e bens e oferta cultural. “Mesmo em áreas em que o concelho de Bragança se encontra abaixo da média nacional, como as acessibilidades e a prestação de cuidados de saúde, dentro de três a quatro anos, as melhorias nestas áreas serão significativas e Bragança será ainda mais atractiva”. A centralidade ibérica e a grande proximidade a cidades espanholas ,como Madrid, Valladolid, León ou Salamanca, é outra das mais-valias apontadas pelo autarca, que classifica a região como “um verdadeiro paraíso no interior do país”. “Todos os que não se identificam com a deficitária qualidade de vida existente no litoral podem ter aqui qualidade de vida e harmonia com a natureza”, apontou.

Vila Real tem 13 famílias interessadas
O distrito de Vila Real poderá também vir a receber o projecto “Novos Povoadores”, se houver interesse por parte das autarquias. Os promotores da iniciativa divulgaram ao Mensageiro que há 13 agregados familiares interessados em fazer a mudança para Vila Real num prazo de um a dois anos ou até mesmo em menos de um ano. Na sua maioria são famílias compostas por três pessoas que habitam maioritariamente no Porto (54 por cento) e em Lisboa. Possuem laços familiares na região e há mais de um ano que pretendem realizar a mudança. Os inquiridos possuem, na sua maioria, habilitações literárias ao nível do ensino superior, consideram-se pessoas criativas e com capacidade de gestão, e pretendem vir a implementar na região projectos ligados à área dos serviços e agricultura.
Numa primeira fase, os promotores dos “Novos Povoadores” pretendem implementar o projecto em municípios mais populosos (com mais de 15 mil habitantes) e com economias mais activas, embora, numa segunda fase, esteja previsto alargar a iniciativa a municípios com menor densidade populacional. Segundo dados dos promotores do projecto, em Portugal, 42 por cento da população vive em cinco por cento do território, e apenas 3,5 por cento da população vive em cidades médias: Coimbra e Braga.
Por Carla Gonçalves, in http://www.mensageironoticias.pt/

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Turistas de Mirandela chegam maioritariamente do litoral

A Câmara Municipal de Mirandela solicitou um estudo, à Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo local, sobre o perfil do visitante, a sua experiência e grau de satisfação nas visitas que efectuaram à cidade. Numa primeira amostragem (ainda provisória) fica bem patente que o grau de satisfação das pessoas é muito elevado e o que mais apreciam é a tranquilidade, a paisagem e a qualidade ambiental. O estudo indica ainda que há um grande fluxo de visitantes, maioritariamente ao fim-de-semana, oriundo de vários pontos do país, principalmente do Litoral (43%), que vêm sobretudo em excursões organizadas. Dos inquiridos, a maioria vem pelos produtos da região, com particular incidência nos enchidos (alheiras) e azeite, para além do artesanato. Um facto que leva o vice-presidente da CMM, António Branco, a considerar que a aposta no crescimento das lojas de produtos regionais, que estão abertos aos fins-de-semana, tem sido uma estratégia de “sucesso”, porque os visitantes têm vindo a aumentar e também é um das principais motivações para a escolha de Mirandela. Isto é, “o urbanismo da cidade contribui para captar as pessoas, mas simultaneamente, a oferta comercial é muito importante.”, Isto, porque as pessoas “não perderiam tanto tempo por cá se não houvesse os produtos regionais, que são uma forte alavanca da economia local”, acrescenta.
A ideia do urbanismo comercial é levar as pessoas a visitarem outros pontos da cidade que não apenas o perímetro de cerca de 500 metros, onde ficam localizadas as lojas de produtos regionais. Uma situação que levou o executivo da câmara a enveredar pela substituição de uma zona comercial, com passagem constante de viaturas, para uma zona pedonal atraente e com animação de rua constante, dinamizando o comércio tradicional de uma forma mais abrangente.
Outras das preocupações do executivo da CMM passa por dar uma nova vida ao centro histórico da cidade, de forma a potenciar outra fileira do turismo. Com essa intenção, já foi apresentada uma candidatura de 10 milhões de euros ao programa de acção para a Regeneração Urbana do Centro Histórico da cidade do Tua. Numa fase posterior, a estimativa de custos, inerentes a esta grande intervenção, situa-se na ordem dos 50 milhões de euros que irá permitir a criação de vários espaços culturais, sociais e lúdicos, precisamente nos sectores onde a cidade apresenta algumas carências que vão ser colmatadas através da valorização de edifícios que se encontram degradados. Há edificações que estavam degradados e agora vão ter novas actividades, como é o caso do edifício da PSP, que “vai ser transformado num núcleo museológico”, refere António Branco. Além disso, também vai ser criado um gabinete de Reabilitação Urbana, para que os privados possam recorrer sempre que necessitarem de apoio jurídico, arquitectónico e mesmo ao nível da arqueologia. Também estão previstas acções para a promoção do comércio e para revitalização de um conjunto de pontos, como é o caso do Palácio dos Távoras, do solar dos Pessanhas, que “são edifícios que estão devolutos e estão incluídos nesta candidatura” acrescenta.
As parcerias para a regeneração urbana obrigam a ter investimentos privados o que, no caso de Mirandela, se traduz em 4 milhões de euros em obras de intervenção física como, por exemplo a criação de uma academia de música em parceria com a Esproarte. O projecto de reabilitação e valorização da zona histórica deverá estar pronto em 2011.
Fernando Pires in http://www.mensageironoticias.pt/

terça-feira, 26 de maio de 2009

Projecto melhora viticultura no Douro

Suvidur é um projecto que envolve entidades portuguesas e espanholas. Pretende efectuar a zonagem e ordenamento da vinha no Douro, bem como a elaboração de um manual de boas práticas em viticultura. O projecto vai ser desenvolvido ao longo dos próximos dois anos e custa cerca de um milhão e cem mil euros. Envolve o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), como chefe de fila, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte, a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Instituto Tecnológico Agrário de Castela e Leão e a Universidade Politécnica de Madrid.
Paulo Osório, vice-presidente do IVDP, explicou ao JN que estas entidades vão começar por \"agregar e partilhar muita da informação disponível sobre zonagem e cultura da vinha\", tanto na Região Demarcada do Douro como nas Arribes del Duero, do lado espanhol. O objectivo é melhorar a viticultura em ambas as regiões, mas de modo a, em Portugal, \"preservar a paisagem cultural, evolutiva e viva do Alto Douro Vinhateiro\", característica que sustenta o título de Património Mundial atribuído pela Unesco em 2001. Paulo Osório explica ainda que o manual de boas práticas agrícolas que sair do projecto Suvidur \"não vai ser impositivo\". Será colocado à disposição das associações, cooperativas e técnicos, como um \"instrumento de trabalho\", com instruções e recomendações, baseado no \"melhor conhecimento científico disponível\" sobre a sustentabilidade da viticultura de encosta.
Será mais exaustivo que o actual Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território do Alto Douro Vinhateiro, que já define \"regras agronómicas de bom senso\", algumas delas \"bastante complicadas\", nota Paulo Osório, porque têm a ver com todos os factores que influem na cultura da vinha. O manual de boas práticas há-de funcionar, por isso, como uma \"cábula\" para os agricultores que vão renovar as suas vinhas. Por exemplo, que castas plantar, em que locais, com que sistemas de armação do terreno e em que sítios, se são patamares de um bardo, micro-patamares ou vinha ao alto. Em suma, o que é preciso fazer para plantar uma vinha, desde o início até ao fim, perseguindo um objectivo final: \"Ter o melhor equilíbrio entre produção e qualidade das uvas, para ter os melhores vinhos do Mundo, sem colidir com a paisagem do Património Mundial\", frisa vice-presidente do IVDP.\"Para além de não colidir deve acrescentar valor à paisagem vinhateira\", opina o chefe da Estrutura da Missão do Douro, Ricardo Magalhães.
Eduardo Pinto in JN, 2009-05-26

Universitários lançam debate sobre impacto da novas barragens e estradas em Trás-os-Montes

Os alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) vão promover, entre terça e quinta-feira, um debate sobre o impacto das novas obras públicas no desenvolvimento desta região, para onde está previsto um investimento de 3,8 mil milhões de euros nos próximos anos.
O fórum «O Futuro é hoje», organizado pelos alunos do Núcleo de Engenharia Civil da UTAD, traz a Vila Real, entre outros, António Castro da EDP, Pina Moura da Iberdrola, Pedro Gonçalves, da Soares da Costa, Francisco Silva da Somague e Corte Real Magalhães da Mota-Engil. Estas empresas vão construir, globalmente, o Túnel do Marão e a Auto-Estrada Transmontana, que vão ligar Amarante, Vila Real e Bragança, o Itinerário Complementar 5 (IC5), o Itinerário Principal 2 (IP2), e ainda as barragens do Alto Tâmega, Sabor e Tua.\"Se todas as obras previstas forem construídas, serão investidos 3,8 mil milhões de euros em Trás-os-Montes e Alto Douro num período de cinco a 10 anos\", salientou hoje um dos responsáveis pelo NEC, Rui Guedes. Os universitários querem debater as oportunidades e desafios que as novas obras públicas podem criar para as empresas e recursos humanos da região transmontana.\"Queremos também determinar qual a nossa posição no meio disto tudo e o que poderemos fazer para aproveitarmos esta oportunidade\", afirmou Rui Guedes.
No debate deverão também participar representantes de municípios e empresas transmontanas dos mais diversos sectores, porque, como sustentou o director do Departamento de Engenharias da UTAD, Luís Ramos, estes investimentos vão criar um movimento capaz de reactivar várias áreas de negócios, nomeadamente oficinas de automóveis, empresas de marketing, publicidade, transportes, alojamento e restauração. Referiu, a título de exemplo, que algumas das aldeias da serra do Marão começam já a ser procuradas para alojar alguns dos engenheiros e operários que vão construir o Túnel do Marão. Luís Ramos considera importante que os centros de formação profissional da região direccionem os seus cursos para qualificar a mão-de-obra local de forma a poder dar resposta à procura que vai surgir. \"Só para construir a auto-estrada 24, no troço entre Lamego e Chaves, foram precisos 200 operadores de máquina\", salientou. Luís Ramos referiu que a \"maior parte das obras\" são feitas por subempreitadas, o que, na sua opinião, \"se poderá transformar numa oportunidade para as empresas da região, caso estas se preparem a tempo para obedecer aos requisitos exigidos\". A própria UTAD poderá, segundo Rui Guedes, adaptar os programas extracurriculares dos mais variados cursos e o perfil do licenciado às necessidades do mercado que vão ser geradas com a construção destas infraestruturas rodoviárias e empreendimentos hidroeléctricos. A ideia é também criar ligações com os consórcios para a realização de estágios e disponibilizar os laboratórios universitários.
Lusa, 2009-05-26

Azeite de Trás-os-Montes DOP ficou classificado entre os melhores azeites do mundo

O Azeite de Trás-os-Montes DOP ficou classificado entre os melhores azeites do mundo no Prémio Mario Solinas. O Prémio Mario Solinas é o Prémio à Qualidade promovido pelo Conselho Oleícola Internacional, sendo considerado um dos prémios mais prestigiados em todo o mundo. O produtor Jerónimo Pedro Mendonça de Abreu e Lima da Quinta da Fonte - Vale de Madeiro – Mirandela venceu a categoria Maduro Intenso. Nesta categoria o segundo lugar foi atribuído à CARM- Casa Agrícola Roboredo Madeira, S.A. de Almendra. De destacar ainda o terceiro prémio na Categoria de Maduro Médio de Filipe José de Albuquerque Roboredo Madeira de Vilar de Amargo e a presença como finalista da Ollivus de Fonte Longa – Meda na mesma categoria.

As presentes classificações vêm demonstrar que o Azeite de Trás-os-Montes DOP possui qualidades únicas e diferenciadoras que o podem valorizar significativamente no mercado mundial de azeites de qualidade. De destacar ainda a presença de mais quatro azeites portugueses nas classificações finais, o que demonstra também a necessidade de Portugal apostar cada vez mais na valorização e promoção do Azeite DOP em detrimento do mercado de granel e da produção de azeite sem qualquer identidade nacional.
Os resultados podem ser vistos em http://www.internationaloliveoil.org/COIAdmin/resources/pdf/PRENSA-MS09.pdf

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Desertificação é pior que desemprego em Bragança

Uma delegação sindical encontrou-se na Terça-feira, 19 de Maio, com D. António Montes, Bispo de Bragança-Miranda para abordar as consequências regionais da actual crise mundial. Os sindicalistas \"entregaram-me um memorando sobre a situação aqui na região\" - disse à Agência ECCLESIA D. António Montes. No distrito de Bragança \"não existe um grande problema de desemprego\" porque \"temos pouco emprego\" - realçou o prelado. Nesta matéria \"estamos «melhor» que no litoral e nas grandes cidades\" - admitiu.
Depois de consultar o memorando entregue pela delegação, D. António Montes frisou que a população da diocese (corresponde ao distrito) muito. Por cada cem jovens até aos 14 anos existem 224 idosos. \"A nossa população está a envelhecer drasticamente\" - alerta.No ano dois mil o distrito tinha 147 mil habitantes. Passados 7 anos, o número decresceu para 142 mil. \"Todos os concelho diminuíram a população, excepto Bragança e Mirandela\" - referiu o bispo. E acrescenta: \"mesmo nestes dois concelhos juntos a subida situou-se nas duzentas pessoas\".
Com uma escassez de núcleos industriais, a região sofre com \"a desertificação\" visto que \"obriga as pessoas a saírem de cá\" - afirma o bispo. O tecido laboral desta região distribui-se da seguinte forma: \"nas aldeias as pessoas dedicam-se à agricultura e nas cidades trabalham nos serviços\".Apesar desta situação, a crise vigente também chegou ao nordeste transmontano. \"Os cerca de 50 Centros Sociais e Paroquiais da diocese têm recebido vários pedidos de ajuda\" - lamenta D. António Montes. Em relação às solicitações feitas à Caritas diocesana, o bispo sublinha que as pessoas pedem ajuda essencialmente nas áreas da \"alimentação e renda de casa\".
Agência Ecclesia, 2009-05-22

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Geografia internacionaliza Mirandela

A Festa da Geografia vai levar a Mirandela 5 dos melhores especialistas na matéria a nível mundial. O evento decorre de 21 a 23 de Maio com a participação de 250 alunos de diversas Universidades do País. Com pouco mais de 7 mil euros, a Câmara Municipal de Mirandela organiza uma festa que esgota completamente a capacidade hoteleira da cidade, dada a participação de estudantes, docentes e especialistas de Portugal, Espanha, Suíça, Alemanha e França.
Além de diversas conferências, exposições e lançamentos literários, haverá workshops, mesas redondas, trabalhos de campo e sessões de divulgação de serviços e produtos ligados à Geografia.“As autarquias e os desafios da Agenda para Coesão Territorial”, “Globalização e Localização: Oportunidades para as pequenas cidades em espaços rurais periféricos” e “O papel da Geografia e dos Geógrafos na Sociedade Portuguesa” são alguns dos temas propostos para painéis e conferências.
Outro dos pontos altos será a homenagem a Vitorino Magalhães Godinho, convidado de honra da Festa da Geografia 2009. Trata-se de um dos maiores historiadores portugueses de todos os tempos. Pioneiro das Ciências Sociais em Portugal, é professor catedrático jubilado da Universidade Nova de Lisboa, onde sedimentou grande parte da sua vida académica e científica.
A Festa da Geografia é organizada pela CMM, em parceria com o Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. Tudo começou há três anos, quando a autarquia decidiu organizar um evento para evocar a memória de Luciano Cordeiro, fundador da Sociedade de Geografia de Lisboa. Mirandelense nascido em 1844, notabilizou-se pela acérrima defesa dos interesses de Portugal em África e ficou célebre pela sua actuação no Congresso de Geografia Colonial, que se realizou em Paris, em 1878, e na Conferência de Berlim, em 1884.
Por João Campos in http://www.jornalnordeste.com/

Ser Transmontano = qualidade certificada

O Bairrismo, quando sinónimo de nacionalismo saudável, é uma virtude agradecida. A par dos meus muitos defeitos – e convictamente os reconheço – presumo ter aquela virtude. Ou seja: sou (ou procuro ser) um Transmontano de fibra. Às vezes apetece-me escrever, denunciar, agredir (pela palavra). Mas ocorre-me logo: é transmontano! Seja pessoa, animal, ou simples produto. E, em tom jocoso, ainda cultivo o «ser transmontano de Barroso», igual a transmontano perfeito.
Já travei muitas polémicas, com gente de vários quadrantes geográficos, sociais e políticos. Nunca cortei relações no trato, porque como um meu «biógrafo», disse: tenho o condão de fazer amigos pela palavra oral, quando os crio pela palavra escrita.
Faço este intróito para confessar aos meus leitores que tenho um enorme orgulho em ter nascido em Trás-os-Montes. E até já um dia escrevi que talvez hoje fosse um parasita se não tivesse nascido na Região em que vim ao mundo e não tivesse, como tantos, que atravessar o mar de todas as barreiras, com que a maior parte dos Transmontanos se confrontam quando nascem e se criam.
Tudo isto para dizer o quê?
Que fiquei muito pesaroso pela morte, em 2 de Maio último, de Raul dos Santos Morais. Nasceu em Izeda, em 1947. Foi quase tudo naquela vila que muito lhe ficou a dever: desde os Bombeiros, a membro da Junta de Freguesia, a arauto de bondade e deste mesmo sentimento do orgulho de ser Transmontano. Também a director do jornal A Sineta que criou e dirigiu, durante 17 anos e do qual saíram 209 edições. Só o vi uma vez mas foi o bastante para o fixar, como uma referência a seguir. Izeda soube reconhecer o muito que fez por ela a ergueu-lhe, com o apoio da Câmara de Bragança, uma Casa de cultura com o seu nome. Foi um socialista como eu penso que seria bom todos fossem: fazer da nossa Terra e das nossas Gentes, o primeiro partido das nossas paixões. Não pude estar no funeral. Mas fica aqui a minha eterna gratidão transmontana e a minha maior admiração intelectual.
Leio na hora em que escrevo esta nota, no Jornal de Matosinhos, que Edgar Carneiro, natural de Chaves e radicado em Espinho, onde sempre leccionou, acaba de completar 96 anos, continuando a colaborar em «Noites de Poesia», programa radiofónico. É pai de um grande e saudoso poeta e Jornalista: Eduardo Guerra Carneiro. E foi irmão de três outros distintos Flavienses: Francisco, Luís e Mário Carneiro. Os três mais novos já partiram. O mais velho ainda cá o temos, felizmente. Todos merecem, como o Francisco, o nome da toponímia.
Manuel António Pereira é filho do talentoso Flaviense Dr. Henrique António Pereira (Vila Nova de Monforte). Também como o Pai se licenciou em História, esteve em Angola e fixou residência na área da Grande Lisboa, onde exerceu, com grande brilhantismo, tal como na escrita sempre o fez, em prosa e verso, o ensino. Semanalmente colabora em diversa imprensa. E há dois anos publicou dois recomendáveis volumes sobre a Feira dos Santos em Chaves. Em Abril último publicou Mosaicos da Minha Saudade - Lisboa, o Fado & Esparsos, onde passeia o seu estilo apurado, a sua sensibilidade humana, o seu amor aos outros que são todos aqueles que na vida, como ele, procuram servir sem se servir. Um benemérito do altruísmo, da gratidão, da solidariedade. Devo-lhe imensas atenções, neste e noutros livros e em jornais. Não nos conhecemos pessoalmente. Bastou-me conhecer seu Pai, um Transmontano e um Português com obra intelectual bastante para ser perpetuado. Chaves deverá registar este tipo de pessoas, cada vez mais raras.
O célebre Padre Fontes, tão conhecido como o melhor presunto do mundo, acaba de ser justiçado como seu nome no núcleo sede do Ecomuseu de Barroso, a inaugurar no próximo dia 9, feriado Municipal de Montalegre. Um verdadeiro acto de justiça para com um dos maiores embaixadores de Barroso.José Dias Baptista, ex-inspector do Ensino e membro activo de uma plêiade de escritores contemporâneos vai apresentar, dia 22, mais um livro, desta vez sobre as Invasões Francesas. Tem já outros, sobre temática diversa, em fila espera. Parabéns!
Bento da Cruz também vai apresentar, nos próximos dias mais um volume dos seus conhecidos Prolegómenos, editoriais de gabarito do seu Correio do Planalto. António Chaves, outro ilustre Barrosão, residente em Lisboa, talvez seu maior confidente e cúmplice naquilo que de bom a solidariedade telúrica comporta, vai ser o apresentador. É da sua autoria o «guião» de um pequeno filme biográfico a apresentar na mesma altura.
Na última semana tive o ensejo de falar de mais três barrosões que nos últimos tempos publicaram obra digna de registo. Esta pujança criativa é consequência do surto da qualidade certificada que a geração que nos precedeu proporcionou a Trás-os-Montes e Alto Douro, a exemplo de outras zonas do interior do país. E isto faz-me confessar que regionalizar, numa altura em que Trás-os-Montes está regionalizada não será a melhor forma de desenvolver. Eu gosto muito do Minho, onde vivo e onde partilhei metade de minha vida. Mas reconheço que Minho e Trás-os-Montes sempre foram e deverão ser apenas leais amigas, como regiões de Entre-Douro e Minho. Mas não na identidade antropológica e etnográfica.
Crónica de Barroso da Fonte in http://www.avozdetrasosmontes.com/

Parques Termais - Pedras Salgadas em Outubro deste ano, Vidago em Março de 2010

São duas boas novidades para o turismo da região. Depois de algum atraso na execução das obras, o Balneário Termal de Pedras Salgadas deverá abrir ao público no início de Outubro, enquanto Vidago abre as portas em Março de 2010. Quanto à primeira intervenção, a Administração da UNICER garante a fruição pública do espaço, que será dotado de uma piscina, a concluir no Verão do próximo ano. Contudo, a população de Pedras Salgadas espera e desespera pela reabertura do Parque Termal, pois sabe que será uma mais-valia comercial para a localidade. O sucessivo atraso na obra do Balneário Termal de Pedras Salgadas foi justificado pelo representante da UNICER, Manuel Marques, que referiu que foram “executados trabalhos que não estavam previstos, mas que era imperiosa a sua execução”. “O edifício, que data de 1875, não suportava as alterações estruturais do projecto. O balneário foi construído em terrenos pouco consistentes, o que nos levou a reforçar todas as fundações. Tudo isto para suportar o edifício com todas as alterações e novas funcionalidades, permitindo assim que a estrutura fique preparada para mais cem anos”. Outra condicionante foi o Inverno rigoroso que não permitiu adiantar todos os trabalhos de restauro.
Agora, a obra está em fase de acabamento e em condições de ser inaugurada em Outubro. O investimento no edifício termal ronda os 4,5 milhões de euros, contra os 2,7 milhões inicialmente previstos. Esta derrapagem teve a ver com as alterações, com os acréscimos de trabalho que houve e com o rigor dos acabamentos.Manuel Marques, confrontado com alguns rumores de que o espaço do Parque poderia “cair” para um resort fechado, garantiu à comunidade que não será assim. “A Unicer tem plena consciência da responsabilidade social que deve assumir perante a comunidade local e a própria região, em que a unidade de Pedras Salgadas está inserida, e compromete-se a dizer que a população será a principal beneficiária com o projecto. As piscinas vão ser de acesso público, bem como o Parque, que terá uma forte componente lúdica, assim como as restantes infra-estruturas que vão contribuir, de forma decisiva, para o desenvolvimento socioeconómico da região”. Seguindo a nova filosofia de “Médico-SPA”, o Parque Termal das Pedras Salgadas pretende competir com outros equipamentos europeus. Aqui, o utente contará com o duche circular, duche vichy, banho turco, sauna, massagens, sala de equipamentos de manutenção, salas de repouso e relaxamento.“Pretendemos que as pessoas não estejam ao monte, haverá um rigoroso serviço de qualidade, numa lógica de cliente/paciente.
Oferecemos um produto diferenciado, que requer serviços qualificados, numa lógica de circulação com conforto. Este novo equipamento pretende ser complementar ao de Chaves”, sublinhou Manuel Marques. Depois da conclusão destas obras, vai iniciar-se a fase de recuperação da zona baixa do Parque, nomeadamente a recuperação do lago e a construção da piscina para uma zona mais conveniente. Com esta medida pretende-se recuperar o ambiente bucólico do parque com os seus barcos de madeira. A piscina será construída na zona dos campos de ténis, terá edifícios de apoio, como balneários e um snack-bar que durante o Inverno poderá também funcionar como bar de animação. Esta obra deverá estar concluída no Verão de 2010.
O campo de mini-golf será também recuperado. O presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar, Domingos Dias, ficou agradado com a conclusão das obras. “A promessa é que no dia 1 de Julho as obras estejam concluídas e que em finais de Setembro teremos o balneário completo com equipamentos. Eu penso que o balneário vai trazer uma nova dinâmica à terra e vai fazer com que alguns dos investimentos, que já estão previstos no exterior, se concretizem”.
Parque com Hotel ou não?
A eventual alteração dos projectos hoteleiros previstos para o Parque de Pedras Salgadas pela UNICER não está a cair bem na população, nem junto do próprio presidente da Câmara Municipal. O tão badalado Hotel Siza Vieira pode sofrer constrangimentos. Manuel Marques, da UNICER, deixou algumas dúvidas no ar. “Temos de perceber como é que a região se vai posicionar no contexto do turismo e da economia nacional e tentarmos saber se o posicionamento que nós tínhamos pensado há quatro anos atrás, para este parque, está ajustado, se é adequado ou se vale a pena fazer alguma inversão. O pior que nos podia acontecer era construir um hotel de quatro estrelas, abrir portas, e esperar que o mercado reaja. O Hotel Siza Vieira era um Hotel com SPA lúdico, com 100 quartos e com uma piscina interior enorme. Inicialmente não estava previsto recuperar o Grande Hotel. Eu agora coloco a hipótese de virmos a recuperar o Grande Hotel e o Hotel Siza Vieira passar a um conjunto de apartamentos turísticos”. O autarca local, Domingos Dias evidenciou algum desencanto sobre esta mudança. “Fazer promessas e não as cumprir é o pior que podem fazer a Pedras Salgadas, porque as pessoas estão descrentes (com razão), porque sistematicamente foram violentadas com fechos sucessivos de unidades do parque. Agora, nós já tínhamos consciência que o investimento no novo Hotel que se pretendia, ou seja o Hotel Siza Vieira, onde existia o Hotel Avelames, era porventura o investimento mais difícil que a empresa tinha de fazer. Porém, acredito que o Hotel possa vir a ser feito, mas, neste momento, sem fundos comunitários e com as verbas como estão no projecto, compreendo que tenha de ser bem ponderado”.
José Manuel Cardoso in http://www.avozdetrasosmontes.com/

Para elevar os índices demográficos - 135 mil euros para apoiar a natalidade

Sendo, no distrito de Vila Real, o Município que mais paga por mês de subsídio de natalidade, a Câmara de Ribeira de Pena volta a atribuir esta ajuda aos casais, visando desta forma estimular o rejuvenescimento do concelho.
Ao todo serão 135 mil euros distribuídos por 123 famílias, correspondente à terceira tranche deste subsídio que compreende o período de Setembro de 2007 a Março de 2008. Este incentivo ao nascimento é uma medida que já foi adoptada há cerca de três anos pela autarquia, que tem vindo a fazer os pagamentos de forma faseada. O presidente da Câmara Municipal de Ribeira de Pena, Agostinho Pinto, considera esta medida fundamental para estimular a natalidade e contrariar uma tendência de redução dos índices demográficos generalizada nos concelhos do interior. “As autarquias e as instituições têm de promover medidas de fixação da população. Acho que o primeiro passo é precisamente este, traduzido nestas ajudas ao incentivo da própria natalidade. Havendo mais pessoas, há mais progresso e desenvolvimento. Segundo o autarca, estas ajudas pecuniárias representando também “uma ajuda à própria melhoria da qualidade de vida dos agregados contemplados”. Revelando preocupação pela baixa taxa de natalidade do concelho e ciente da importância de uma densidade demográfica consistente para o desenvolvimento do concelho, o município de Ribeira de Pena acabou por instituir este subsídio à natalidade, proporcionando 200 euros mensais a todas a as crianças do concelho nos seus primeiros anos de vida.
JMCardoso in http://www.avozdetrasosmontes.com/

Desenvolvimento da região está nas mãos dos promotores privados

Macedo de Cavaleiros está no bom caminho no que diz respeito ao desenvolvimento e preservação das áreas ambientais. Quem o diz é Duarte Figueiredo, responsável do ICNB (Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade) para as áreas protegidas do Nordeste, que à margem das décimas jornadas sobre a Conservação da Natureza e a Educação Ambiental, que desafiou os investidores privados a apostar em áreas ligadas ao ambiente. “Macedo está no bom caminho. A Câmara de Macedo teve sempre o apoio do ICNB nas estratégias de preservação do valor natural da Albufeira do Azibo e está em consonância com a nossa estratégia de tentar utilizar e rentabilizar os recursos biológicos que existem aqui em Macedo”, sublinhou o responsável.
Duarte Figueiredo defende que é necessário apelar ao investimento privado para que assim se possa rentabilizar e potencializar os valores naturais existentes na região. “Quando se cria um espaço protegido, o objectivo não é criar uma redoma em toda a área protegida e impedir que as pessoas usufruam desse espaço, é exactamente o contrário. É tentarmos conservar os valor naturais que existem nessas áreas, de forma a que eles estejam abertos a todas as pessoas. É preciso investirmos para man­ter uma oferta de qualidade. É importante que o promotor privado tenha consciência do valor que existe aqui, têm que ser eles a avançar”, incentiva o responsável do ICNB.
Duarte Moreno, vice-presidente da autarquia macedense, acredita que o facto de o concelho ter pelo sexto ano consecutivo a bandeira azul, e ter também a bandeira verde da Eco 21 são razões suficientes para colocar Macedo de Cavaleiros no topo da lista de concelhos mais “amigos do ambiente”. “Nós divulgamos o Azibo por todos os meios de comunicação, estamos a fa­zer esse papel e divulgamos também todas as actividades que desenvolvemos, desde os percursos pedestres, ao BTT, à observação das aves e aos cursos de identificação das orquídeas e de cogumelos. Temos uma panóplia de actividades que se fazem no Azibo”, referiu o autarca salientando as actividades possíveis de se fazer naquele que já se tornou o destino de muitos amantes da natureza. Dois dias de Jornadas dedicados ao meio ambiente, preenchidos com seminários que abordaram o ambiente e a biodiversidade, com visitas ao Azibo, ao sítio de Morais e à Serra de Bornes.
Joana Oliveira In http://www.imprensaregional.com.pt/jornal_terra_quente/

90 por cento dos expositores da Reginorde são do concelho de Mirandela

Com um orçamento a rondar os 200 mil euros, este ano a Reginorde volta a ser organizada pela Associação Comercial e Industrial de Mirandela (ACIM) e não pela MIRCOM como vinha a ser hábito nos últimos anos.
Para a XXVI edição a organização decidiu dar preferência aos empresários locais, sendo que 90 por cento dos expositores que vão estar presentes no certame pertencem ao concelho de Mirandela. “Pretendemos acima que a Reginorde se torne num palco de promoção para o tecido empresarial de Mirandela, por isso direccionamo-lo para o comercio tradicional, que ultrapassa uma das maiores crises de sempre”, explica Jorge Morais, presidente da ACIM.
Mirandela é um dos concelhos da região que prima pelo sector alimentar, nomeadamente o sector do fumeiro, que neste momento conseguem ter equilíbrio na empregabilidade. “Apesar da crise conseguem aumentar os recursos humanos, assim como o volume de negócios o que é de louvar. Quanto ao comercio tradicional sabemos que atravessa momentos difíceis. É preciso criar estratégias de cooperação”, salienta Jorge Morais.
José Silvano considera que o modelo que está a ser utilizado na Reginorde, assim como em outras feiras, deve ter o seu finado. O autarca justifica que “há dois ou três anos em todo o distrito a repetir modelos de há trinta anos atrás, pela parte mais negativa. Se há trinta anos tinha mais gente, mais vivacidade mais a participação alguma coisa mudou e as pessoas não se adaptaram. O que mudou foi essencialmente a parte de fazer negocio, de fazer comercio e de promover, existem métodos digitais, de internet por todo o lado que substituem as feiras”, refere José Silvano.Uma das apostas que devem ser tomadas é a investir na promoção local e serem os locais a dinamizarem feiras sectoriais. O autarca sugere mesmo a construção de um novo espaço que albergue várias actividades. “Vamos construir um espaço coberto, digno e moderno e perfeitamente dimensionado para feiras sectoriais de toda a ordem e durante o ano inteiro uma vez por mês haver uma feira sectorial para que ganhe o concelho e ganhem os comerciantes. Penso que o futuro é este”, sublinha José Silvano.
In http://www.imprensaregional.com.pt/jornal_terra_quente/

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Moscatel e frutas fundem-se em apelativos “cocktails”

Os lagares e as pipas de moscatel da Enoteca Douro, em Favaios, no concelho de Alijó, cederam o seu lugar de atracção principal do espaço ao “shaker” e aos “cocktails” de frutas. Numa fusão entre o tradicional e o moderno, o moscatel foi, obviamente, o ingrediente principal...
O “maestro” desta mistura de sabores e aromas foi o barman Paulo Ramos, que preparou vários cocktails com o objectivo de enaltecer as características dos vinhos do Douro, e em especial do moscatel, através da mistura com frutas, legumes e especiarias. Aos aromas a damasco, alperce e acácia, típicos do moscatel, Paulo Ramos juntou diversos produtos como morangos, melancia, meloa, cerejas, amêndoas, nozes, rabanetes, canela, malagueta, noz-moscada, gengibre, tomate-cereja, pimentos ou hortelã. Segundo o barman, o conceito que segue passa por “misturar com lógica, acrescentando sabores que combinam entre si”. Um dos cocktails que fez mais sucesso entre as cerca de 70 pessoas que assistiram à preparação destes cocktails na Enoteca Douro foi uma versão do conhecido “Mojito”, baptizado pelo barman como “Moscatelito”. O rum deu lugar ao moscatel, a que se adicionou lima, hortelã, água gaseificada, gelo e nem faltou uma palhinha. Outra sugestão do barman foi o “Strawberry Moscatel Spicy”, uma mistura de morangos e malagueta, macerados com um pilão, e moscatel.Paulo Ramos acredita que estes “cocktails” podem tornar o moscatel ainda mais atractivo para os turistas, que vão querer experimentá-lo nos seus países. O barman, membro da “Cocktail Academy” e com mais de 20 anos de carreira, já trabalhou em vários países e acredita que o moscatel pode servir de base a “cocktails” em qualquer parte do mundo.O proprietário da Enoteca Douro, Luís Barros, adiantou que, na época das vindimas, vai promover uma semana de iniciativas para dar a conhecer o moscatel, destinada a profissionais da área de todo o país e também estrangeiros. “O objectivo é promover os vinhos do Douro e abrir portas à criação de novos produtos e novos mercados”, afirmou. A Enoteca Douro possui parcerias com vários produtores-engarrafadores e unidades hoteleiras do Douro e conta com 220 produtos em exposição.
Sandra Borges in http://www.noticiasdevilareal.com/

Pensões obrigadas a reconverter-se em hotéis

Nova lei já está em vigor e tem de ser aplicada até 2010. Empresários do sector hoteleiro estão apreensivos e temem que os apoios não cheguem a quem precisa.
Dentro de um ano não haverá na região, nem no país, nenhum tipo de empreendimento turístico com a designação de pensão, residencial, motel, ou albergaria. A nova lei dos empreendimentos turísticos já está em vigor há um ano e o Governo deu aos empresários um prazo: até 2010 todos estes empreendimentos têm de pedir a reconversão e adaptar-se, caso seja necessário, às novas regras de designação, qualificação e funcionamento.
Por lei deixam assim de existir pensões, residenciais, motéis ou albergarias, que passam antes a designarem-se hotéis ou, caso não sigam as novas regras, serão classificados, pelas autarquias, como empreendimentos locais. A entidade regional do Turismo do Porto e Norte de Portugal tem estado no terreno, em reuniões com os técnicos e empresários, para explicar o que vai mudar e como podem ser feitas as alterações. Desde logo têm de ser os empresários a pedir, junto da entidade de Turismo, a reconversão do empreendimento que será feita consoante os requisitos preenchidos.
Na reunião em Bragança, Júlio Meirinhos, do Turismo do Porto e Norte de Portugal, explicou que não haverá unidades encerradas. “Quem não conseguir fazer as alterações necessárias, seguirá o caminho de empreendimento local, que a câmara municipal tem de classificar”. Em causa não está, segundo garantiu, uma “desclassificação” dos actuais empreendimentos turísticos que não consigam a reconversão. No entanto, “há vantagens em reclassificar, mesmo que seja em hotéis de uma ou de duas estrelas”. Júlio Meirinhos apontou ainda que a Europa “já fez esse trabalho há mais tempo” e que Portugal “tem de acompanhar” a qualificação do turismo.
As câmaras “ganham” assim mais competências no sector do turismo, uma vez que caberá aos municípios classificar os empreendimentos locais e garantir que estes cumprem as regras. Uma medida que o presidente da autarquia brigantina considera positiva até porque as novas competências correspondem, no seu entender, a uma situação de maior facilidade de relacionamento das empresas no território.
O Governo lançou ainda sistemas de apoio financeiro que permitirão aos empresários levar a cabo as alterações necessárias à reconversão para hotel. São eles: o sistema de incentivos à inovação; sistema de incentivos à qualificação e internacionalização das pequenas e médias empresas; sistema de incentivos à investigação e desenvolvimento tecnológico; as linhas de crédito Investe III; e o crédito ao investimento no turismo (protocolos bancários). Os empresários do sector podem procurar ajuda no Gabinete de Apoio ao Investidor das delegações do Turismo e candidatar-se e receber três dos apoios simultaneamente. Na sessão de esclarecimento, em Bragança, estiveram presentes pouco mais de duas dezenas de empresários que, no entanto, se mostraram “receosos” face à nova lei.
Conscientes da necessidade de melhorar os equipamentos hoteleiros, os empresários receiam é que os incentivos financeiros não cheguem a quem precise. “Era preciso fazer uma modificação no sentido de melhorar os equipamentos hoteleiros da região e do país, mas é preciso que haja ajudas e que os critérios não dificultem o acesso a esses apoios financeiros”, apontou Domingos Poças, da residencial São Roque. No seu caso particular, dado que a residencial está classificada com três estrelas, o empresário acredita que a reconversão poderá ser feita “sem grandes custos” e que as alterações serão sobretudo ao nível da modernização. No entanto, há sempre custos associados a este processo e Domingos Poças teme que venha a acontecer no sector do turismo o mesmo que aconteceu no sector empresarial: “há ajudas financeiras mas depois se um dos critérios é não ter dívidas, os que estão em maiores dificuldades deixam de poder aceder”, criticou. A nova lei já está em vigor e o prazo de aplicação no terreno é de um ano.

Por Carla Gonçalves, in http://www.mensageironoticias.pt/

Rede de museus no Douro - Museu do Douro lança guia de 35 unidades museológicas

O Museu do Douro lançou um guia que enumera as 35 unidades museológicas existentes neste território e que revelam toda a sua história, desde o vinho, egeologia, à arqueologia e etnografia, anunciou hoje a organização. O livro, que foi coordenado por Natália Fauvrelle, dos serviços de museologia do Museu do Douro, com sede no Peso da Régua, tem como objectivo possibilitar aos turistas fazerem os seus próprios roteiros de descoberta dos diferentes museus do Douro.
Natália Fauvrelle refere na página de apresentação da obra que, pela sua natureza faz parte da missão do Museu do Douro divulgar o «vastíssimo território museológico disperso pela região». «Independentemente da tutela, do tipo de colecção que albergam e do modo como a interpretam, estas estruturas são peças indispensáveis na dinamização cultural das comunidades e na divulgação e preservação da sua memória, devendo por isso ser importantes aliadas do projecto cultural do museu», salienta.
Este trabalho, segundo a responsável, pretende colmatar uma «carência de divulgação» destas unidades junto do público. O livro guia os visitantes pelas mais diversas unidades museológicas do território de âmbito nacional ou regional, de cariz mais científico ou social. A viagem, adianta a autora, pode começar pelo Museu do Douro, «polivalente e polinuclear, vocacionado para reunir, conservar, investigar e divulgar o vastíssimo património museológico e documental disperso pela região». Da Régua o passeio pode passar pela destilaria das Caves de Santa Marta de Penaguião, a casa Agrícola de Cêver, que, segundo a autora, representa «um bom exemplo de quinta de rendimento do Douro». Pode passar ainda pelo Museu de Som e Imagem (Vila Real), constituído por um acervo «do antigo Teatro Avenida», o Museu de Geologia, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, de cariz cientifico, ou pelo Museu do Imaginário Duriense (Tabuaço), que tem como «missão o estudo das mais diversas manifestações do património imaterial herdado (lendas, tradições, cancioneiro e romanceiro)». Um pouco mais acima, o turista pode visitar o Museu Eduardo Tavares, o de Gravura Contemporânea do Douro, o o Ferro, o de Armindo Teixeira Lopes, a Enoteca da Quinta da Avessada ou o Parque Arqueológico do Côa. A obra faz ainda referência às unidades que estão previstas para este território, nomeadamente o Crasto de Palheiros (Murça), o Museu do Pão e do Vinho de Favaios (Alijó) e o Espaço Miguel Torga, em São Martinho de Anta (Sabrosa), que pretende servir de homenagem, de interpretação e divulgação da obra deste escritor transmontano e duriense, ou o Museu do Côa. Para o presidente da Entidade Regional Turismo do Douro, António Martinho, o guia cria «as bases de uma rede de museus, no Douro».

In Lusa, 2009-05-20

Criadores de Trás-os-Montes compram feno e palha em Espanha

Os criadores de gado transmontanos andam com o coração nas mãos e com o credo na boca. Chuva, nem vê-la. Os cereais não desenvolveram. Os lameiros estão quase secos. A solução é comprar feno e palha em Espanha.
Bem diz o ditado que Janeiro frio e molhado enche o celeiro e farta o gado, mas dificilmente os agricultores o poderão levar a sério este ano. É que o primeiro mês teve neve e chuva em abundância, mas nem Fevereiro afogou a mãe no ribeiro, nem Abril trouxe águas mil, tão pouco as águas de Maio prenunciam pão para todo o ano.
Desde meados de Fevereiro que não chove na região e os pingos que têm caído mal conseguem apagar o pó. «O S. Pedro não mija cá pra baixo», atira Adélia Dias, habitante de Santa Justa, em Alfândega da Fé. \"Coitadinhas\" das suas 140 ovelhas, \"canhonas\", como lhes chama. \"Não chove, as comidas são poucas, é só despesa, não sei como vai ser\", lamenta o marido Francisco Anacleto. Mal alimentadas, \"o rendimento do leite das ovelhas foi muito pouco comparado com outros anos\". Lamentos maiores verbaliza-os Rui Tadeu, que no vale da Vilariça, entre Vila Flor e Alfândega da Fé, olha desolado para os 25 hectares de searas que \"pouco ou nada vão dar\". Nas terras de aveia, onde a míngua de água deixou as plantas raras e raquíticas, já deu ordens ao pastor para lá botar a pastar as cerca de 300 cabeças de gado ovino. \"Aproveitar alguma coisa enquanto a aveia está verde, pois grão já não vai dar e depois de seco o gado já não lhe pega\", explica.
Num vale onde o Verão chega a brindar os residentes com 40 e muitos graus de temperatura, a falta de chuva na Primavera não augura nada de bom. Ainda se animou Rui Tadeu quando viu cair chuva no início desta semana. \"Durou meia hora\". O ânimo, como veio também se foi. E assomou-lhe à lembrança o \"dramático\" ano seco de 2005.
Com uma quinta onde tem pecuária biológica, 95% do que ali se produz é para dar ao animais. Este ano, vai ter de comprar o sustento. De Espanha virá o das 50 vacas que Mário Pereira possui na zona de Izeda (Bragança). Vai encomendar \"quatro camiões de palha\", o que lhe vai custar \"cinco mil euros\".
Mário Pereira é presidente da Federação de Agricultura de Trás-os-Montes, que representa mais de mil produtores pecuários. Descapitalizados, os mais deles. Gastaram dinheiro nas sementeiras e agora só não tiram nada como ainda têm de comprar a palha e o feno que a seca lhes negou.
Sopram maus ventos na Terra Quente e no Planalto Mirandês. Neste último, \"as pastagens têm o aspecto que costumam ter no mês de Julho\", diz Fernando Sousa, secretário técnico do Livro Genealógico dos Bovinos de Raça Mirandesa. Os 280 produtores desta raça já estão a ser \"aconselhados a vender os animais mais velhos, pois são os que terão mais dificuldade em suportar períodos de penúria\", salienta o responsável, que não tem dúvidas que \"alguns irão morrer por falta de alimento\".
No distrito de Vila Real \"é no Alto Tâmega onde a preocupação é maior\", diz Armando Carvalho, da Federação das Associações Agro-Florestais Transmontanas. E lembra que para além da seca também há inquietações crescentes com o preço da carne \"que é o mesmo de há 20 anos\". Como se não bastasse, \"os agricultores estão endividados e confrontam-se com custos de produção cada vez maiores\", o que os deixa numa situação \"muito aflitiva\".
Mário Pereira observa que o futuro da pecuária na região vai ter de passar pelo regadio das colheitas que sempre foram de sequeiro. \"Se o Estado quiser continuar a ter agricultura e uma paisagem bonita e limpa nesta região vai ter de investir em regadio e no emparcelamento\", avisa, sustentando que \"se os lameiros tivessem sido regados, os animais não iriam passar pelo mau bocado que se adivinha\".

In JN, 2009-05-16

Sobrevivência das adegas do Douro obriga a redefinir propriedade - Fusão posta em causa

A fusão de adegas na Região Demarcada do Douro não resolve os seus problemas económicos e financeiros. Uma das conclusões do debate sobre a crise cooperativas, realizado, no sábado, em Santa Marta de Penaguião.Muitas daquelas unidades vivem uma situação aflitiva. A maioria luta com passivos elevados, deve várias vindimas aos associados e não consegue ser competitiva num mercado onde, cada vez mais, só as estruturas fortes vingam.A situação tem motivado largos debates ao longo dos últimos anos. A fusão ou concentração das cooperativas têm sido defendidas como as saídas mais viáveis. Maior escala e gestões profissionais permite reduzir custos de produção e ganhar competitividade.
O Governo tem incentivado aquelas soluções, mas João Rebelo, professor catedrático da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, entende que “quer a fusão, quer a profissionalização (que devem ser associadas) não resolvem o problema das adegas”. O economista defende que a solução passa pela “redefinição dos direitos de propriedade e pela mudança do próprio modelo cooperativo”. Isto significa, que “o poder de decisão tenha por base a participação no capital, ao invés do actual modelo que atribui um voto a cada pessoa”.João Rebelo explica que a participação de um viticultor no capital da adega “pode ser proporcional ao volume transaccionado”. E defende que o investimento “seja objecto de remuneração”. Obviamente, esta solução vai permitir que uns viticultores tenham mais poder do que outros na cooperativa, mas seria compensada, pela “atracção de investimento e capital”.
O Governo continua a incentivar a “concentração ou fusão das adegas com mais dificuldades”, como frisou o secretário de Estado da Agricultura, Luís Vieira, que participou, sábado, no seminário organizado pela Associação Cívica Antão de Carvalho. Nesse sentido criou linhas de crédito, com “discriminação positiva” para as cooperativas, seja no processo de concentração propriamente dito, ou na aquisição de equipamentos para modernização das unidades.
Na Região Demarcada do Douro tem sido considerado um exemplo a seguir a fusão das Adegas Cooperativas de Santa Marta de Penaguião, Cumieira e Medrões, todas no mesmo concelho. A operação, concretizada em 1987, resultou na criação das Caves Santa Marta, cujo presidente, José Lopes, assegura: “Neste momento temos mercado, uma marca, e já intervimos no mercado exterior”. Junta-se-lhe o exemplo das Caves do Vale do Rodo, que resultaram da fusão, em 2004, das cooperativas de Peso da Régua, Armamar e Tabuaço. As adegas de Alijó, Favaios e Pegarinhos deverão seguir o mesmo caminho.
In JN, 2009-05-20

IV edição da Festa do Vinho e Produtos Regionais - Peso da Régua

De 28 a 31 de Maio de 2009, vai realizar-se a IV edição da Festa do Vinho e Produtos Regionais, no Salão Nobre da Casa do Douro, na cidade de Peso da Régua - Cidade Internacional da Vinha e do Vinho e centro económico da Região Demarcada do Douro, numa organização da NERVIR – Associação Empresarial, em parceria com as Câmaras Municipais de Peso da Régua, Lamego e Vila Real.
Este evento, tem o apoio logístico da AICEP Portugal Global, e das suas delegações no estrangeiro, que seleccionaram importadores de vinhos e produtos regionais, para se deslocarem ao Douro e estabelecerem contactos comerciais com os expositores presentes. Estão já confirmadas as presenças de importadores de diversos países europeus e dos Estados Unidos.
Para além da presença de importadores, foram convidados distribuidores nacionais de vinhos e produtos regionais (incluindo Açores e Madeira). De salientar ainda que, embora sendo um evento direccionado para profissionais, a Festa do Vinho e Produtos Regionais, está aberta ao público e tem entrada gratuita, permitindo aos visitantes a descoberta dos sabores e aromas da Região – essencialmente vinhos do Douro e Porto, mas também de outros produtos regionais.
A par deste evento decorrerá na zona ribeirinha da cidade da Régua – Avenida do Douro, um conjunto de acções de animação com tasquinhas e música popular, conjugando assim a Mostra de Vinhos e Produtos Regionais, de cariz marcadamente profissional, com animação para o público em geral. A animação prolonga-se até 31 de Maio – Domingo. A inauguração da Festa do Vinho e Produtos Regionais está marcada para o dia 28 de Maio, pelas 18H00, no Salão Nobre da Casa do Douro.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Unidade de cogumelos de Benlhevai (Vila Flor) vai criar 165 novos postos de trabalho na região Norte

A empresa Varandas de Sousa vai criar mais 165 postos de trabalho no Norte do país, com um apoio de 5,5 milhões de euros do PRODER. Detentora da marca SousaCamp, a sociedade pretende aumentar de 6 para 28 o número de túneis de produção de substrato, suficiente para todas as unidades de cultivo de cogumelos em Vila Flor, Vila Real e Paredes.

A assinatura dos dois contratos de investimento, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER), decorreu na passada sexta-feira, na unidade de Benlhevai, na presença do primeiro-ministro, José Sócrates, e do ministro da Agricultura, Jaime Silva. Um outro contrato, que será assinado com o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), compreende um apoio do PRODER de 3,3 milhões de euros, que suportará 10 milhões de investimento na unidade produtiva de cogumelos localizada em Paredes, distrito do Porto. Com este investimento, a empresa irá duplicar a sua produção de cogumelos para as 3 380 toneladas, das quais 11 por cento se destinam à exportação para o mercado da Galiza.

Por tudo isto, José Sócrates deixou um agradecimento ao interior do país: “este projecto ajuda-nos a mostrar aos portugueses a importância do mundo rural. Por isso deixo um agradecimento a quem no interior do país desafia a crise, de quem sabe como se constrói uma fileira”, referiu o governante.

O primeiro-ministro salientou ainda o esforço das gentes de Trás-os-Montes. “O Norte é um bom exemplo para todo o país, das adversidades fazem-se fortes, por isso é com orgulho que aqui estou”, afiançou. Já o ministro da Agricultura aproveitou a visita para lançar novas apoios para os novos agricultores, que consistem na ajuda de 250 euros anuais por cada hectare de terra, que poderá se estender até aos 10 mil euros. Jaime Silva informou, ainda, que as regiões de montanha também estão contempladas nesta acção com o intuito de “ajudar os agricultores que querem trabalhar e deparam-se com imensas dificuldades”, explicou.

Por Vanessa Martins in http://www.jornalnordeste.com/

Património ibérico em foco

Fomentar a economia regional e o património da raia transmontana é o objectivo da Rota do Património de Fronteira, que resulta de uma proposta de Portugal e Espanha. Trata-se de um projecto apresentado na passada quarta-feira, durante a visita a Bragança da secretária de Estado da Cultura, Paula Santos. Integra diversos monumentos ibéricos, como a Domus Municipalis e resulta de uma candidatura transfronteiriça de quase um milhão de euros.
“Queremos dinamizar este espaço de fronteira, fazendo com que o potencial do turismo cultural possa aliar-se ao prazer de conservar e preservar o património”, explicou a governante. O objectivo final, acrescenta Paula Santos, é que “este intercâmbio dos dois lados da fronteira crie um conjunto de actividades económicas de postos de trabalho e de investimento nesta região”, adiantou.

Rota do Património de Fronteira prevê recuperação física e divulgação dos monumentos
Na óptica de Paula Santos, “esta é uma zona de fronteira, que pode atrair turistas portugueses e de outros países que se tiverem vários monumentos para visitar, como esta rota propõe, aumentam a sua permanência no território, potenciando diversas actividades económicas, como a hotelaria e restauração”. Assim sendo, uma das fases do programa contempla a recuperação física de alguns dos monumentos que integram a Rota do Património de Fronteira, como a que já foi efectuada na Domus Municipalis, seguida da divulgação do próprio património junto dos potenciais turistas.
“Se houver necessidades, avançamos com a execução de obras físicas nos monumentos. Por outro lado, também apostamos na sua promoção, através de diversos meios, como a colocação de folhetos e desdobráveis em alguns circuitos culturais, bem como a partir da página da Direcção Regional da Cultura”, salientou Paula Santos. Recorde-se que as obras efectuadas na Domus Municipalis resultaram de uma parceria entre a Câmara Municipal de Bragança e o Ministério da Cultura, com o apoio do banco espanhol Caja Duero.
Por Sandra Canteiro in http://www.jornalnordeste.com/

Vinho e azeite esgotam na V Feira do Azeite, do Vinho e Produtos Regionais em Murça

Terminou a V Feira do Azeite, do Vinho e Produtos Regionais, uma mostra organizada pela Câmara Municipal de Murça e que contou com a presença de 30 expositores, na sua maioria provenientes do concelho. Tal como tem acontecido nas edições anteriores este evento está inserido nas comemorações da Semana do Município que começaram na passada quinta-feira. Durante o certame o destaque foi para a promoção e comercialização de produtos locais, tais como o azeite, o vinho, o queijo de cabra e ovelha, os enchidos, pão de centeio e trigo cozido em fornos a lenha, o mel, as queijadas e o toucinho do céu.
O evento surgiu em 2004 e começou por ser um espaço de exposições de artesanato e feira do livro, tendo recebido o azeite, o vinho e a doçaria no ano seguinte. A Câmara Municipal de Murça organizou ainda, e pelo segundo ano consecutivo, um roteiro gastronómico para promover os restaurantes do concelho e sensibilizar o sector para a gastronomia regional, com o objectivo de recuperar pratos tradicionais, como os milhos, a palhaça ou as favas com chouriço.
Este ano, o certame pôde contar com o bom tempo, que fez com que esta edição fosse a mais procurada de sempre e, consequentemente, a mais bem sucedida no que toca a vendas. Moisés Morais, expositor proveniente de Vila Nova de Gaia, considera este certame de qualidade. “Gostei muito da feira, tinha um aspecto muito agradável, as pessoas são fantásticas e vendeu-se muito bem. Vinha sem grandes expectativas e fiquei satisfeitíssimo”, afirmou o comerciante.
O Jornal NORDESTE falou com Anabela Rocha, que se deslocou de Vila Real a Murça para visitar a feira, e lamentou a escassez de oferta no certame. “Dado o adiantado da hora, talvez se justifique estar tão vazio. Sei que se vendeu bem, mas estou um pouco desapontada. Se soubesse não tinha vindo”, assegurou.
Por Vanessa Martins in http://www.jornalnordeste.com/

Minas de Jales - O ouro da terra

A riqueza do lugar está enterrada nas profundezas
Em tempos, as Minas de Jales, abastadas que eram, tornaram Campo de Jales em terra de encanto onde chegaram a trabalhar mais de um milhar de pessoas. Actualmente, das antigas minas de ouro apenas resta algum ferro entulhado, que não tem outra serventia se não mostrar que o tempo passou e deixou para trás a “aldeia do mineiro”. Lançados à redescoberta daquela que chegou a ser a referência nacional de ouro chegámos a Campo de Jales, no concelho de Vila Pouca de Aguiar. Procurámos então alguém com quem falar sobre o complexo mineiro Minas de Jales. Encontrámos Ricardo Malheiro, por sorte, um antigo “escriturário da empresa”. “Aquilo é conhecido por Minas de Jales, mas antes era chamada de Mina dos Mouros”, começou por alertar. “Minas de Jales era como se chamava a nossa sede em Lisboa, porque pertencia a Campo de Jales”, explicou o escriturário, que dedicou 34 anos de vida ao trabalho na mina. Esta ligação aos “Mouros” advém do facto dos seus primeiros exploradores terem surgido no tempo dos Romanos. Em 1992, o complexo de mineiro deixou definitivamente de funcionar e terminou com ele a exploração de ouro em Portugal. “Quando começaram a trabalhar, ainda apareciam muitas ferramentas de madeira que eram dos Mouros”, salientou este antigo funcionário, reformado por invalidez antes do encerramento. Interessados em saber como era a vida no interior da terra, seguimos até à aldeia mineira. Uma urbanização talhada em contornos antigos, mas que já vê alguma modernidade. Respeitando a traça antiga, algumas estruturas vão sendo remodeladas e servindo de habitações. Já dentro do povoado acentua-se um cheiro a terra. Freitas é apontado como “o homem mais certo para entrevistar”, alertou um transeunte. Com alguma dificuldade chegámos à casa de César de Freitas. Sentado na soleira da porta reage energicamente, enganando os seus 78, “quase 79 anos”, como fez questão de dizer.

Expedição na escuridão dourada
Não longe da sua habitação, está “o pouco que resta” do complexo mineiro. O enferrujado cavalete do Poço de Santa Barbara, com metros de altura a “fazer escurecer a vista”, era então responsável por garantir a subida e a descida das profundezas, quer dos homens quer do filão. Junto à estrutura, desembaraça-se a memória do antigo estivador. “A minha função era de, quando houvesse um desabamento, ir lá limpar o caminho e sustentar o túnel, garantindo a segurança”, explicou César de Freitas, que orgulhosamente acrescentou ser esse “o mais importante cargo dentro da mina”. De lucidez perfeita, recorda como saiu de Vieira do Minho e foi parar à “terra prometida”, para aí passar a descer às “entranhas do mundo”. “Veio um compadre meu para aqui, porque não havia trabalho naquela maré e eu vim com ele, porque já era casado e tinha de trabalhar.” Então, com apenas 18 anos, desceu pela primeira vez no elevador do cavalete, para cumprir e repetir a façanha durante os “quase quarenta anos” seguintes. Para executar a sua função “tinha que se ter bom olho, porque era muito perigoso”, sublinhou. “A segurança passava toda pela minha mão, entregavam-me um piso e eu tinha de o deixar pronto e seguro para os homens lá andarem. A equipa de estivadores era um grupo de dois e tínhamos de ter muita confiança um no outro”, revelou César de Freitas. Entre mais uma gargalhada, um “ataque de tosse” avivou-lhe mais a lembrança, esta pesada. “Tive poucos sustos lá em baixo, mas alguns por lá ficaram. Comigo nunca lá morreu nenhum, porque era muito cuidadoso. Muito tabaco fumei para manter os olhos bem abertos e fazer tudo direito”, recordou. Considerando-se um homem cauteloso, admite também que à cautela se juntou a sorte e alguma, mas não muita, fé. “Benzia-me cada vez que ia descer. Só quando ia descer, porque quando chegava cá em cima já estava safo não era preciso”, afirmou em tom de brincadeira. Trabalhando oito horas por dia num ambiente aurífero, mas húmido, e respirando pós de outros minérios como o estanho ou o volfrâmio, César de Freitas adoeceu, como tantos outros companheiros. “Estive algum tempo em tratamento, porque apanhei a doença profissional que é causada pelos pós da mina.” Ainda hoje, os seus ataques de tosse têm na doença da mina a “causa mais provável”.

O fim, o despovoamento
O cenário actual é de um certo desmazelo. Entre as casas habitadas e cuidadas, há os barracões velhos e sem serventia. Dos vagões que transportavam o filão já poucos restam para amostra e os que há servem agora de adorno nos jardins de casas particulares. Já junto ao conservado campo de futebol da aldeia, encontrámos António Silva. Agora com 30 anos, chegou à aldeia mineira ainda nos braços da mãe, acompanhado pelo pai que era mineiro. Cresceu lado a lado com a mina, “num ambiente movimentado e com muitas pessoas”, mas do qual já pouco resta. “Os meus pais vieram para aqui, fizeram uma casa e, quando comecei a poder trabalhar, chegava as ferramentas aos trabalhadores”, afirmou o operário da construção civil. Daqueles tempos, António Silva falou com alguma nostalgia dos bailaricos de Verão e das sessões de cinema no clube da aldeia. “Quando a empresa trabalhava isto tinha muita gente e disso já nada sobra, ficou tudo abandonado. Primeiro até tínhamos boas equipas de futebol.” Agora, a equipa do Campo de Jales fica-se somente pela liga amadora. “Pode não ser um campeonato como os outros, mas voltámos a formar equipa e vamos jogar a final da taça amadora”, garantiu orgulhoso. Sobre o “desmoronar” da grandiosidade do complexo mineiro, estes três antigos trabalhadores das Minas de Jales são unânimes. “Deviam ter deixado um pouco melhor conservado, mas preferiram vender tudo o que podiam e abandonaram o resto”, acusou o mais novo dos três. Ricardo Malheiro, desde sempre habituado a “lidar com a papelada” não tem dúvidas: “tinha lá muito minério, mas a má gestão levou a que acabasse”. Depois do início do processo de falência, em meados da década de 1990, a empresa decidiu leiloar o património. “Quem tinha dinheiro comprou e quem não tinha foi ocupando o que podia”, lembrou António Silva. Do corrupio de outros tempos pelos 16 túneis, escavados a 640 metros da superfície, já pouco sobra. Resta apenas a lembrança, que se vai perdendo com a memória dos antigos, e alguma esperança de que as Minas de Jales voltem a funcionar. Talvez por isso, ainda hoje, durante a festa de Verão da aldeia, o “andor do Mineiro” sai à rua.
Frederico Correia in http://www.mensageironoticias.pt/