segunda-feira, 20 de abril de 2009

Promover e divulgar o parque natural no Montesinho

Com o Parque Natural de Montesinho como pretexto, surge uma associação que no início resultou de uma conjugação de interesses de pessoas amigas, mas que acabou por assumir a promoção turística e uma posição interventiva em defesa da área protegida.
A história principia nos passeios de fim-de-semana que um grupo de amigos apreciadores da natureza protagonizava no Parque Natural de Montesinho (PNM), quer a pé, de jipe, bicicleta... Com interesses comuns, decidem criar uma associação ambiental, que no final de 2004 ganha forma. Surge a Montesinho Vivo, com o objectivo de “defesa, promoção, apoio e divulgação do PNM em todas as suas vertentes, nomeadamente nas que se relacionam com o turismo, protecção do ambiente, salvaguarda das tradições e gastronomia, valorização do património histórico, cultural, natural, agricultura tradicional e biológica e prática de desportos de natureza”, como se inscreve no site da associação. Foi na Feira de Fumeiro de Vinhais, em 2005, que a associação se apresentou formalmente, elencando o conjunto de actividades que se propunha desenvolver. “A nossa primeira actividade organizada foi um passeio pedestre na zona da Moimenta, na calçada medieval, que contou com bastantes participantes, não só associados e amigos, mas visitantes de Lisboa e do Porto”, explicou Telmo Cadavez, presidente da associação. Acrescentou que foi em 2005 que “organizámos a nossa grande actividade, que, tal como o passeio de Moimenta, repetimos todos os anos, no final de Setembro: o passeio da brama, um percurso para observação de veados, que tem sempre muitos participantes com conhecimentos científicos e técnicos”. Ainda no primeiro ano de existência, a Montesinho Vivo edita o Mapa & Guia do Parque Natural de Montesinho, o único guia turístico completo que existe sobre a área protegida, que contém os principais pontos de interesse identificados com fotografias, percursos, alojamento, entre outras informações, tendo a edição sido apoiada pelas câmaras municipais de Bragança e Vinhais, Região de Turismo, particulares, promotores turísticos e associados, um dos poucos apoios que ao longo dos cinco anos que a Montesinho Vivo tem de existência foram concedidos. “Temos pedido apoios e tivemos alguns, nomeadamente para a edição do guia, mas, a partir daí, nunca mais nos foi concedida qualquer ajuda e a associação ainda não tem sede física, apesar de já ter sido solicitada ao Ministério da Agricultura, através da Direcção Geral de Florestas, uma casa da floresta, pois a maioria está abandonada. Ainda não tivemos nenhum feedback. Precisamos de uma sede e consideramos que é uma questão de justiça e igualdade”, sublinhou o presidente. No segundo ano de actividade a associação organizou o III Campo de Montanha, um fim-de-semana de actividades desportivas, e promoveu a iniciativa “O pão e a tradição”, uma visita a um forno tradicional a lenha em Gondosende, com a possibilidade de participação no fabrico do pão. Passeios de diversa espécie e participação em várias feiras e certames do distrito são outras das actividades que a Montesinho Vivo tem levado a cabo.

Intervenção cívica em defesa da área protegida
No entanto, a associação não promove apenas actividades turísticas, mas assume uma postura de defesa de valores que considera justos de protecção do parque. Sempre atenta, a Montesinho Vivo participou na discussão pública do Plano de Ordenamento do PNM, manifestando o seu descontentamento quanto à possibilidade de instalação de aerogeradores na área protegida. Segundo Telmo Cadavez, “sobre a possibilidade de se instalarem aerogeradores no PNM, a associação é contra, porque consideramos que os valores naturais da paisagem não se coadunam com a instalação de uma cortina de aerogeradores”. Contudo, como adiantou, “o plano já existe e deixou abertura a essa possibilidade. Agora temos que ver o que se afigura no futuro, se será minimamente aceitável ou não. Há medidas no plano para acautelar interesses e de tal forma os interesses são relevantes que o plano deixou a porta aberta, mas com muitas reservas, o que é compreensível”. E foram estas preocupações que a associação registou em 2008 numa petição apresentada na Assembleia da República, que continua em apreciação e parecer na 7ª Comissão: Poder Local, Ambiente e Ordenamento do Território, aguardando a Montesinho Vivo uma resposta sobre a matéria. Também a degradação da Estrada Nacional 308, que há quinze dias motivou uma manifestação na aldeia de Carragosa, preocupa a associação, que enviou um pedido de esclarecimento ao Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, relativamente à EN 308, pois, como frisou o presidente, “o estado da via é lastimável e há mais de 30 anos que não é objecto de intervenção. E, para além de servir as populações de Vila Nova, Meixedo, Carragosa, Mofreita, Dine, entre outras, tem uma utilidade turística essencial, uma vez que é uma das principais vias dentro do PNM”. A Montesinho Vivo reclama ainda a definição de um modelo de gestão para a zona de caça da Lombada. “Consideramos que seria importante um modelo de gestão na zona da Lombada, que tem um potencial turístico não só relacionado com a caça, mas também com outros aspectos”, explicou Telmo Cadavez. Acrescentou que “só com a definição de um modelo de gestão e implementação de regras muito claras, todos poderão beneficiar: populações, agricultores, caçadores, associações e autarquias locais”, referindo o caso espanhol da zona da Serra da Colebra, como exemplo a seguir, uma vez que, apesar de ser também uma zona de caça, “existe um plano que possibilita liberdade total dos visitantes nos percursos disponíveis, quer seja de carro ou a pé”.

Associação anfitriã do parque
A comunicação social, regional, nacional e internacional, tem elegido a Montesinho Vivo como auxiliar na realização de trabalhos sobre o PNM, o que Telmo Cadavez justifica na projecção da área protegida realizada através do site da associação: “o facto de a imprensa nos contactar a nós e não entidades oficiais penso que tem que ver com a visibilidade que as tecnologias de informação e comunicação hoje permitem, pois, através do nosso site, divulgamos o PNM de uma forma que consideramos estar a ser bem conseguida”. “Contactam-nos e nós somos bons anfitriões, até porque a associação visa a promoção do parque”, acrescentou. Assim, em 2006 o PNM figurou nas páginas da revista Activa, na GEO espanhola, na Rotas e Destinos, na Auto Frotas e foi tema de documentário para o canal televisivo italiano RAI 1. “A associação conduziu, num passeio de jipe, os jornalistas italianos e respectiva tradutora numa visita ao PNM e ao moinho da aldeia de Terrosos, que foi colocado em funcionamento, tendo sido demonstrado o método de fabrico artesanal do pão num forno a lenha daquela aldeia”, lembrou o presidente. Ainda nesse ano, o Diário de Notícias publicou três reportagens no suplemento “Boa Vida”, sobre diversos aspectos do parque, tendo a associação guiado os jornalistas portugueses durante três dias, contemplando diversas actividades, desde observação de veados, visita à Casa do Mel, visita a várias aldeias, entre outros. Com a questão da possível instalação de aerogeradores no PNM sobre a mesa, a RTP realizou o programa Biosfera sobre eólicas, contando com a participação da Montesinho Vivo, em 2007, ano em que a associação, em parceria com a Universidade Católica do Porto, realizou um vídeo promocional sobre o parque, que disponibilizará no novo site que será apresentado brevemente. “Consideramos que esta ligação à comunicação social é importante e temos tido uma relação de empatia, disponibilizando sempre a nossa ajuda, revelando esta grande casa que é o PNM”, sublinhou.

O que falta em Montesinho
Boas acessibilidades, planos de gestão ordenados, maior promoção da área protegida, maior protecção ambiental são alguns dos valores que a associação, que já conta com quase uma centena de associados, pretende defender. “Falta mais vida. Somos a associação Montesinho Vivo e pretendemos animar mais o PNM, com actividades e incentivando os promotores turísticos a tornarem-se nossos associados e participarem activamente na discussão de diversos problemas, como a estrada EN 308, as eólicas, a zona de caça da Lombada e outros, uma vez que, quantos mais formos, mais força temos”, adiantou Telmo Cadavez. Lembrou ainda que seria importante a criação de um traking que percorra todo o parque, destinado a quem pretenda passear a pé, em circuitos de dias ou semanas, bem como a constituição de rotas para bicicleta, e ainda sinalética uniformizada e tradicional. Com cinco anos de existência, a Montesinho Vivo vai continuar a fazer do Parque Natural a sua casa, preocupada com a protecção ambiental e com o desenvolvimento turístico da região, assumindo-se como promotora da área protegida pelo que considera primordial a parceria com diversas entidades que contribuam para um Montesinho melhor.

Aida Sofia Lima in http://www.mensageironoticias.pt/

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