quarta-feira, 29 de abril de 2009

Foz do Sabor: uma aldeia piscatória

Com pouco mais de 90 habitantes, a pequena localidade da Foz do Sabor, a uns escassos seis quilómetros de Torre de Moncorvo, é a única aldeia de pescadores na região transmontana. Apesar de estar situada no fértil Vale da Vilariça, a população da típica aldeia sempre se dedicou, ao longo dos séculos, à actividade piscatória que depressa se tornou no sustento de praticamente todas as famílias que por ali residem. É preciso recuar uns 40 ou 50 anos atrás, antes da construção das grandes barragens do rio Douro, para recordar que, nessa altura, o peixe abundava e era vendido nos concelhos vizinhos do sul do distrito de Bragança.

Actualmente, a Foz do Sabor é bastante procurada por turistas e pelos apreciadores dos saborosos partos de peixes do rio, em que as migas de peixe assumem um lugar de destaque, consideradas por muitos como uma verdadeira iguaria gastronómica. Porém, na memória dos mais velhos ainda prevalecem as imagens dos tempos duros da pesca, já que no Inverno era preciso pernoitar no barco para recolher as redes que traziam o pescado.

Ramiro Relha, um dos mais antigos pescadores da Foz do Sabor, ainda recorda que havia bastante competição entre os pescadores. “Os tempos eram outros e quanto mais depressa chegássemos à margem mais depressa começávamos a vender o peixe, o que era sinal de melhor negócio”, lembrou o pescador. A emigração tirou muita gente à aldeia e, agora, os pescadores são apenas meia dúzia de pessoas que, por gosto à terra ou falta de oportunidade, sempre foram ficando por aquelas paragens.

Apesar da procura de turistas, Foz do Sabor sofre com o drama da desertificaçãoNo café Beira-rio, a escassos 100 metros das margens, a sua proprietária, Aurora Soares, recorda que herdou negócio da sua sogra e adianta que não se queixa do negócio, já que há pessoas que vêm de muito longe para petiscar um peixinho do rio frito ou assado.

A cozinheira garante que o sabor do prato por si confeccionado não está só na qualidade do peixe, mas também em algumas ervas que se encontram nas margens do rio, sendo que a erva peixeira é o tempero máximo e único.No entanto, até ao próximo dia 1 de Junho é proibido pescar apesar de haver sempre um pescador mais afoito que ainda traz um “peixito do rio nem que seja para beber um copo de vinho com os amigos”, afiançam alguns pescadores, mas sempre com o receio de serem apanhados pelas forças do SEPNA da GNR.

Francisco Pinto in http://www.jornalnordeste.com/

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