sexta-feira, 23 de maio de 2008

Desigualdades, pobreza e emigração

A maior desigualdade social da UE é em Portugal, o aumento da pobreza é uma evidência e o “ressurgimento” da emigração está cada vez mais presente - efeitos e consequências para Trás-os-Montes e Alto Douro.

De acordo com um relatório apresentado em Bruxelas, Portugal é o país da União Europeia com maior desigualdade na distribuição de rendimentos (maior diferença entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres), sublinhando-se que, nos estados membros da UE, os rendimentos se repartem mais uniformemente que nos Estados Unidos. Contudo, “Portugal apresenta um coeficiente superior ao dos Estados Unidos», refere o documento. Claro, que os países mais igualitários na distribuição dos rendimentos são os nórdicos (Suécia e Dinamarca). O relatório descreve uma realidade social fortemente desigual, sendo Portugal um dos cinco países onde o risco do desemprego pode levar a uma situação de pobreza superior a 50 por cento. Depois, o governo, em reacção a estes dados, limita-se a atribuir responsabilidade aos governos do PSD. Pena é que tudo se tenha iniciado na governação socialista do Eng. Guterres que, em determinada altura, decidiu abandonar o barco tal era a situação insustentável em que estava a colocar o país. Mas, esquecendo o passado, o actual governo perante esta preocupação não era de se preocupar em tentar arranjar soluções para resolver esta grave situação? Era sim, mas prefere, como já vendo sendo moda do “Eng.” Sócrates, dizer que a culpa é dos outros e não apresentar um discurso de soluções…. Haja paciência.

A acrescentar a este relatório da EU, podemos referenciar um outro estudo conduzido pelo ex-ministro Alfredo Bruto da Costa, citado pelo jornal Público, no qual se constata que quase 20% dos portugueses se confronta com falta de dinheiro no fim do mês, entre outros números que reportam a condição de pobreza com que uma grande parte da população do país se depara.

Ao resultado do aumento das desigualdades sociais e consequente pobreza da população, importa acrescentar o facto de haver cada vez mais portugueses a emigrar para conseguirem melhores condições de vida para as suas famílias, abrangendo desde população não qualificada a população muito qualificada. Ou seja, desde à uns anos que a emigração portuguesa tinha vindo a diminuir, contudo a crise que o país está passar está a despoletar um fenómeno de inversão da tendência, começando a aumentar novamente a emigração. Situação que se verifica também no Interior Norte, onde cada vez mais pessoas saem do país em busca de melhores condições de vida (a tendência mais recente – década de 90 - era as pessoas saírem da região ou irem das aldeias para as cidades, mas agora a tendência passou a incluir também o obandono do país).
Um dos aspectos que tem gerado o aumento da emigração em Trás-os-Montes e Alto Douro, encontra-se intimamente ligado com perda de competitividade da agricultura (actividade que emprega ainda uma parte significativa da população e onde muita população encontrava uma segunda actividade e um segundo rendimento) e as consequentes dificuldades que as pessoas sentem em obterem rendimentos para a sua subsistência, sim é mesmo para sobreviverem. Tudo que os agricultores precisam de adquirir para realizar as suas actividades está mais caro, desde os combustíveis aos cereais, o que levou a que deixasse de ser rentável (em muitas das produções existentes em Trás-os-Montes e Alto Douro, nomeadamente a produção de leite, carne, entre outros), mesmo com os subsídios recebidos (muitas das vezes, tarde e a más horas), cultivar os terrenos, pois os preços de venda mantém-se iguais e, por vezes, ainda baixam. E quem, em toda a vida se dedicou a estas actividades, vai fazer o que? Vai procurar emprego onde? Junto do presidente da câmara? Só se for, pois a oferta de emprego existente é muito limitada ou mesmo nula e a aventura em “novos negócios” é mesmo uma aventura…

Por isso, a manter-se esta situação, prevejo, em 2011, altura do novo recenseamento geral da população, que a população transmontana seja cada vez menos, conseguindo apenas pequenas ilhas resistir a “anunciada” desertificação humana (despovoamento) de muitos aglomerados rurais e de algumas vilas.

Bem hajam alguns investimentos que estão anunciadas serem feitos na região, que poderão minimizar o problema, com a criação de postos de trabalho. Resta-nos mais essa esperança - que surjam estes investidores.

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