sexta-feira, 27 de março de 2009

Os pequenos aglomerados rurais, sobretudo os das áreas montanhosas do interior português, continuam fora da agenda política nacional, tendo poucas oportunidades de subsistência num mundo globalizado. Em Portugal, mais de metade do território continental é considerado como rural de baixa densidade (Oliveira Baptista, 2006).

Em 1949 a vitalidade dos povoados e o rigoroso uso agrícola da terra, aproveitando o relevo e as características físicas eram o traço dominante (Orlando Ribeiro, 1982). Quatro décadas depois, Castro Caldas (1989) afirmava “o que ficou na serra foi a urze, ou melhor, a torga” e acrescentava: “abandonaram-na e até agora nenhum voltou, emigrante afortunado, a construir na serra o triunfo da casa nova”. Na mesma data, Cravidão (1989) detectava um movimento de expansão de residências secundárias naquele território e 14 anos mais tarde, Dinis e Malta (2003) concluíam pela existência de um novo território rural, povoado por residentes novos, sobretudo estrangeiros, e também sazonalmente pelos utentes das segundas residências. No entanto estas últimas transformações não são ainda, ao contrário das anteriores, frequentes na maior parte das áreas rurais nacionais.

É um Portugal fora do mapa dos grandes investimentos, que se focalizam essencialmente no litoral, não obstante existirem alguns pólos mais vivos em virtude de esforços assinaláveis que procuram contrariar a tendência geral. Esforços que podem lançar pistas valiosas para ultrapassar muitas das dificuldades do espaço rural português.

A política recente da UE apostando numa lógica espacial e social (rural), em detrimento da sectorial (agrícola), enfatiza “o reforço da capacidade de auto-sustentação das áreas rurais, através de ‘capacity building’, de ‘iniciativas de base comunitária’ e de ‘redes de cooperação’” (Shortall 2004: 109).

A aposta política para as áreas rurais mais ‘remotas’ consistirá na capacitação da sua capacidade de auto-sustentação, construíndo e fortalecendo competências locais, apoiando iniciativas comunitárias e estabelecendo redes de cooperação.

Todos os instrumentos possíveis e imaginários deverão ser utilizados para promover o desenvolvimento local, de modo a ’repor o rural profundo no mapa’.

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