quinta-feira, 23 de julho de 2009

Avenida dos Aliados transforma-se em Terreiro do Paço

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) promoveu, na passada quinta-feira, a apresentação do Plano Regional de Ordenamento do Território Norte (PROT N), que visa, segundo a comissão, promover e reforçar a coesão territorial da região Norte, contrariando as assimetrias intra-regionais, a competitividade social e económica, a equidade territorial e social de acesso a bens, serviços e oportunidades, a protecção dos recursos naturais e culturais, a eficácia e a racionalidade do uso do solo e a melhoria do sistema urbano metropolitano e regional.

O PROT prevê que Bragança se torne numa cidade regional, ao passo que Vila Real será rotulada como uma cidade de equilíbrio regional. Já Macedo de Cavaleiros e Mirandela serão consideradas centros estruturantes sub-regionais, classificações, portanto, que poderão ditar o esmorecimento da atracção de novos investimentos em Trás-os-Montes.

O edil brigantino; Jorge Nunes considera que o PROT vai condenar a região transmontana ao abandono. “O modelo territorial está completamente errado e isso vai condenar o interior ao esvaziamento de serviços e ao abandono da população, este documento devia contemplar a oportunidade de coesão e competitividade para o território da zona Norte no seu conjunto e não replicar modelos do passado, que dão mau resultado para o país”, referiu o autarca.“O modelo territorial está completamente errado”, considera Jorge Nunes

Este plano encontra-se presentemente em discussão pública, tendo já, Jorge Nunes, classificado o documento “de péssimo para a região de Trás-os-Montes, é uma proposta de planeamento unidireccional que privilegia um centralismo excessivo no Porto e não pensa o território de forma articulada com o território vizinho”, explicou o edil, indo mais ao longe ao afirmar que se este modelo territorial se manter, “vai resultar num empobrecimento do interior Norte, pela sua desqualificação em termos económicos e sociais”, afirmou.

Em sua defesa, o vice-presidente da CCDR-N, Paulo Gomes, afirma que o plano apenas “representa as condições mínimas que os municípios devem assegurar, para tornar a região norte mais competitiva” discordando solenemente que Bragança seja uma região penalizada e afiança que o município usufrui de muitos apoios, nomeadamente a nível cultural. A versão final do PROT estará concluída em finais de Agosto para depois ser submetida a aprovação por parte do Governo.

Vanessa Martins, Jornal Nordeste, 2009-07-22

Trás-os-Montes é das regiões mais pobres da Europa

A Associação Nacional das PME questiona «desperdício» dos fundos comunitários, depois da divulgação de um estudo que coloca a região Norte entre as mais pobres da União Europeia e Trás-os-Montes como a sub-região mais pobre.
O «Estudo sobre a Pobreza na Região Norte de Portugal», elaborado pelo Centro de Estatística da Associação Nacional das PME e pela Universidade Fernando Pessoa, para a Comissão Europeia, indica que a região Norte é a mais pobre de Portugal e está entre as 30 mais pobres das 254 regiões da UE25, enquanto Trás-os-Montes é classificada como a Sub-Região mais pobre da UE27.

Segundo o mesmo documento, enquanto em 2005/2006 havia cerca de 693 000 pobres na região, em 2009, existia cerca de um milhão «resultado do encerramento de muitas unidades fabris e falência de outras empresas que levaram ao despedimento de milhares de trabalhadores com a consequente redução dos seus rendimentos».

O presidente da Associação Nacional das PME, Fernando Augusto Morais, considerou que as conclusões do estudo são «surpreendentes», tendo em conta o investimento comunitário que foi canalizado para a região, através do Quadro Comunitário de Apoio III. «No ano 2000, as duas sub-regiões do Minho e Alto Douro e Trás-os-Montes foram identificadas como as mais pobres da UE-15. Por isso, a União Europeia injectou na região Norte cerca de sete mil milhões de euros entre 2000 e 2006 para que houvesse um crescimento de 4,5 por cento neste período, mas não só a região não cresceu como ainda por cima contém a sub-região mais pobre da UE-27», lembrou este responsável. «O dinheiro investido não atingiu os objectivos», resumiu Fernando Augusto Morais, criticando o «desperdício». O presidente da Associação considerou que é necessário responsabilizar as entidades responsáveis pela execução destes programas e o Estado e sublinhou que «os contribuintes europeus vão querer saber como foi aplicado este dinheiro». Fernando Augusto Morais lamentou também o facto de os recursos estarem «concentrados nos mais ricos».

O estudo refere que, apesar da Região Norte ser a mais pobre do país, é na Área Metropolitana do Porto que se encontram as duas maiores fortunas nacionais (Américo Amorim e Belmiro de Azevedo), bem como empresas líderes sectoriais e mundiais como a RAR e a CIN, a maior associação de grandes empresas do País (AEP) e a maior associação de jovens empresários (ANJE). O documento questiona ainda a abertura de cinco novos centros comerciais numa região onde existem já 25 destas grandes superfícies, o que «prejudicará o comércio tradicional, bem como o crescimento e o emprego».

«São visíveis situações de pobreza extrema, privação e precariedade», aponta o mesmo relatório, salientando que «a face mais visível desta «nova pobreza» é o aumento dos pedidos de ajuda alimentar junto das instituições de solidariedade social, muitas vezes, na sombra do anonimato onde se identificam professores desempregados e muitos outros técnicos superiores».

in Lusa, 2009-07-23