CARACTERIZAÇÃO
A freguesia de Sendim localiza-se no sector Sul do concelho de Miranda do Douro, a SW da sede de concelho, no limite com o concelho de Mogadouro, tendo fronteira com Espanha.
Parte da freguesia está em zona de vale e pertence à unidade de paisagem Douro Internacional e parte em zona de planalto na unidade Planalto Mirandês, tendo clima de terra fria de planalto. Ocupa uma superfície de 3864ha, que representa uma densidade populacional de 37hab/ km2. Integra o aglomerado e Vila de Sendim.A freguesia atingiu o máximo populacional em 1960 (1983 habitantes), em parte devido À construção das barragens, registando oscilação entre décadas de crescimento (1950/60, 1970/81 e 1991/01) e décadas de diminuição (1960/70 e 1981/91). Em 2001, tem 1432 habitantes, sobretudo com idades entre os 15 e 64 anos (68%), tendo os jovens um menor peso (13%) e os idosos uma percentagem maior (19%), resultando no aumento do índice de envelhecimento.
Cerca de 18% da população não tem qualquer nível de instrução, tendo 11% ensino secundário e 9% ensino médio / superior.
As famílias aumentaram ligeiramente (2%), tendo os alojamentos (24%) e os edifícios (21%) aumentado de forma assinalável.A freguesia dista 70 minutos do IP3/A24, sendo servida pela EN221, encontrando-se a 25 minutos da sede de concelho, a 83 minutos do centro urbano estruturante e a 217 da aglomeração metropolitana.
Embora exista rede de transportes local e regional, esta população está numa situação periférica, relativamente a centros urbanos regionais.A freguesia dispõe de ensino até ao 3º ciclo, sendo servida de equipamentos de acção social e de saúde, de vários estabelecimentos de comércio e serviços diversificados.
Apresenta uma nula carência de funções não especializadas e um índice de marginalidade forte.A população activa representa 42,5% da população, grande parte empregue no sector terciário (56%), representando a população inactiva 44% da população residente. Existiam, em 2001, 570 indivíduos empregados e 38 desempregados, em particular mulheres à procura de novo emprego. Em 2005, estavam 166 indivíduos empregados por conta de outrem.
A população agrícola diminuiu (-9%), bem como o seu peso na população total. Por outro lado, os produtores aumentaram (3%), sendo os rendimentos de 89% dos produtores principalmente exteriores à actividade agrícola. As explorações aumentaram (4%), tendo diminuído a área média das explorações, que é explorada na generalidade por conta própria.
A SAU diminuiu (-3%), em particular nas culturas temporárias (-35%) e nas terras aráveis (-46%), tendo aumentado as culturas permanentes (40%) e as matas e florestas (421ha), em resultado do abandono das culturas mais exigentes em mão-de-obra. Não se registaram alterações de uso do solo, sendo as culturas permanentes (41,6%), as zonas agrícolas heterogéneas (20,8%) e as culturas anuais (17,4%) os usos mais representativos. Também se encontra na freguesia o espaço urbano, as pastagens, a floresta, a vegetação arbustiva e herbácea e a superfície com água.
ANÁLISE
Ao longo das últimas décadas, a freguesia ficou marcada pela evolução registada nas condições de vida da população e pela diminuição da população, nomeadamente nas décadas de 1960/70 e 1981/91, derivada da emigração e da diminuição da natalidade. A emigração para o estrangeiro ocorreu maioritariamente na década de 1960, quando uma parte significativa da população saiu da freguesia à procura de melhores condições de vida, nomeadamente para França, Canadá e ex-colónias africanas (Angola e Moçambique), em grande medida derivado da pouca oferta de empregabilidade existente na freguesia. Cerca de 80% da população que emigrou saiu para França, tendo ido trabalhar maioritariamente para a construção civil e para fábricas. Nos anos 80 a população volta a perder população significativamente, contudo a emigração para o estrangeiro teve menor impacto, embora tenham saído algumas pessoas para Espanha, em grande medida devido à proximidade da freguesia e à maior facilidade de regressar. Também neste período várias pessoas saíram da freguesia motivadas pelo prosseguimento dos estudos, nomeadamente para Porto e Lisboa, mas também para outros centros urbanos com ensino superior, acabando por não regressar à freguesia devido à não existência de empregabilidade, regressando apenas esporadicamente em alturas festivas e nas férias. Mais recentemente, a população que abandona a freguesia é em número mais reduzido e é cada vez menos a população que abandona a freguesia tendo como destino um outro país, sendo na generalidade motivados pela continuação dos estudos no ensino superior, e estes jovens que vão tirar o curso superior acabam por vir cada vez mais para perto da freguesia, vindo trabalhar para a freguesia ou para as sedes de concelho próximas.
A década de 70 ficou marcada por um ligeiro crescimento populacional, derivado do regresso de alguns emigrantes de Angola, entre 15 a 20 pessoas, os quais vieram trabalhar para a agricultura e no comércio por conta própria. Também neste período se verificou o regresso de cerca de 5 famílias de França, em grande parte motivados por dificuldades sentidas nesse país, tendo regressado para trabalhar na construção civil e no comércio. Mais recentemente, desde o início da década de 90 já regressaram várias famílias de emigrantes de França, a maioria idosos mas também alguma população jovem que veio trabalhar por conta própria ou como empregados na construção civil e no comércio. As causas das dinâmicas da freguesia foram numa primeira fase a emigração que originou o abandono de muita população devido à inexistência de empregabilidade, saindo à procura de melhores condições de vida. Mais recentemente o crescimento deve-se aos novos residentes de freguesias próximas, os quais têm procurado a existência de um conjunto diversificado de serviços básicos e de funções urbanas na vila, sendo a concentração da população da freguesia num único aglomerado sido determinante para a dinamização da freguesia, em virtude da existência de massa critica para a instalação de vários equipamentos e serviços. O crescimento populacional registado na década de 1991/2001 ficou, em grande parte, a dever-se à atractividade exercida pela freguesia sobre as freguesias mais próximas, tendo várias pessoas dessas freguesias vindo residir para a vila de Sendim, em virtude da existência na freguesia de um conjunto diversificado de serviços e funções, encontrando-se no planalto mirandês, sensivelmente no meio entre 3 concelhos: Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso.
A população actual é de cerca de 900 residentes fixos, uma parte envelhecida mas também existem jovens, a generalidade ainda a estudar, alguns no ensino superior em Bragança (maioria), em Macedo de Cavaleiros, Vila Real, Miranda do Douro, Porto, Coimbra e Lisboa. Vários jovens que terminam o curso superior acabam por arranjar emprego nas cidades onde prosseguem os estudos, mas quando arranjam emprego nas proximidades regressam à freguesia, devido ao forte sentimento de identificação com a terra. Embora diminuído nos últimos anos, anualmente registam-se, em média, entre 12 e 15 nascimentos, tendo a freguesia perspectivado a implementação de medidas de apoio à natalidade. No Verão regressa muita gente, duplicando a população, nomeadamente os emigrantes e os filhos que vêm passar as férias, mas também na altura do Natal e da Páscoa, muitos emigrantes e a generalidade da população que reside e trabalha no Porto, em Lisboa e noutras cidades do país, regressam à freguesia, existindo entre 30 e 40 casas de 2ª residência.
A rede viária existente é de razoável qualidade, sendo suficiente para suprir as necessidades de deslocação da população, embora seja considerado necessário a melhoria da ligação de Mogadouro a Macedo de Cavaleiros e da freguesia até Bragança, embora a inexistência de vias fundamentais não seja considerado um elemento influenciador do abandono da população. Antigamente a população deslocava-se através dos transportes públicos, existindo também que se deslocasse a pé ou através dos animais até à sede de concelho. Também o transporte ferroviário serviu a freguesia, nomeadamente o ramal do Vale do Sabor, que fazia a ligação entre Pocinhos e Duas Igrejas, tendo a construção terminado em 1938, que não chegaria a atingir o seu destino último (Miranda do Douro). A construção deste ramal (via estreita) teve a intenção de cumprir dois objectivos fundamentais: o transporte do minério de ferro das minas de Reboredo e o fim do isolamento da região situada entre Miranda do Douro e Mogadouro, no entanto a linha encerrou ao tráfego em 1988. Com o encerramento da linha de caminho-de-ferro e a generalização do automóvel, a população começou-se a deslocar maioritariamente de transporte individual, embora ainda existam transportes públicos que são cada vez menos utilizados. O facto de a freguesia estar desviada da sede de concelho não teve influência na dinâmica de regressão, pois permitiu o surgimento de um conjunto de equipamentos e serviços que a dinamizaram e tornaram mais atractiva, permitindo a captação de novos residentes. A freguesia dispõe também de vários estabelecimentos comerciais, tendo aumentado nos últimos anos. É servida por Cafés, minimercados, padarias, talhos e estabelecimentos de vestuário, de calçado, de electrodomésticos, entre outros. Para além dos equipamentos de ensino (até ao 3º ciclo), sociais (idosos e jovens), de saúde, de cultura e de desporto, salienta-se a presença de vários serviços, nomeadamente 3 agências bancárias.
A agricultura antigamente ocupava cerca de 80% da população da freguesia, sendo as produções mais características o trigo, o vinho, o azeite e os produtos hortícolas. Nos anos 50, existia uma fábrica de calçado que empregava 50 pessoas, sendo o comércio praticamente inexistente. Actualmente, em termos económicos, refira-se que o sector primário ainda continua a ter uma forte importância para a economia local, destacando-se a produção de vinho e de azeite, destinando-se a produção essencialmente a auto-consumo, embora existia produção vinícola de qualidade para comercialização, beneficiando da existência da adega cooperativa (Adega Cooperativa de Ribadouro) que tem fomentado e incentivado uma maior produção vinícola. Salienta-se ainda que tem existido um grande investimento de jovens agricultores, especialmente na bovinicultura, de leite e carne, sendo as explorações de maior dimensão existentes na freguesia. Contudo cada vez mais a agricultura é feita ao fim de semana, servindo de complementaridade aos rendimentos obtidos em outras actividades. Salienta-se a empregabilidade em 6 empresas de construção civil da freguesia (40 pessoas), em 4 armazéns de materiais de construção (10 pessoas), na cooperativa agrícola (10 pessoas), na cooperativa olivícola (6 pessoas durante 2 meses), nas escolas (15 pessoas), nos bombeiros (10 pessoas), no lar de idosos e centro de dia (15 pessoas), nas oficinas de reparação automóvel (8 pessoas), nas agências bancárias (6 pessoas), estando ainda cerca de 40 pessoas empregadas no comércio e 15 pessoas em outros serviços (estação de correios, farmácia, gabinetes de contabilidade). Refira-se ainda que cerca de 20 residentes estão empregados nos serviços e comércio em Mogadouro e Miranda do Douro, estando 5 pessoas empregues nas fábricas de Palaçoulo. O sector secundário está ainda representado por uma fábrica de transformação de granitos que emprega 10 residentes. Relativamente ao turismo, salienta-se que assume uma importância crescente, em particular no Verão, existindo 2 hotéis e 2 hospedarias, beneficiando a freguesia do facto de estar inserida no Parque Natural do Douro Internacional, sendo rica em paisagem natural, permitindo ao turista desfrutar das Arribas do Douro e da respectiva fauna e flora. O património arquitectónico, com particular destaque para a Igreja do século XIV, a riqueza e diversidade das tradições existentes, nomeadamente o Festival Intercéltico, a dança dos Pauliteiros, os grupos de cantares, as associações culturais e desportivas, o artesanato e a gastronomia (a posta Mirandela é o prato mais característico) são elementos diferenciadores da freguesia, que para além de dinamizarem actividades culturais e recreativas, são importantes factores de atractividade de visitantes. A floresta tem vindo a aumentar nos últimos anos, em resultado a florestação levada a cabo no âmbito de projectos financiados por fundos comunitários, nomeadamente em terrenos onde antigamente era produzido o cereal.
Segundo a população local, nos próximos anos a freguesia vai manter a população residente, sendo a saída de estudantes colmatada pelo regresso de emigrantes do estrangeiro e dos grandes centros urbanos, sendo a estratégia da freguesia apoiar e colaborar em todos os eventos realizados na freguesia, prevendo ainda a criação de uma zona empresarial, de um loteamento social e de um parque infantil.
IN http://hdl.handle.net/10216/51026
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Vidago - Freguesia tendencialmente regressiva
CARACTERIZAÇÃO
A freguesia de Vidago localiza-se no sector Sul do concelho de Chaves, a SW da sede de concelho, sensivelmente entre a cidade de Chaves e as vilas de Vila Pouca de Aguiar e Boticas.
A freguesia encontra-se em zona de vale e pertence à unidade de paisagem Veiga de Chaves, tendo clima de zona de transição. Ocupa uma superfície de 639ha, que representa uma densidade populacional de 186hab/ km2. Integra o aglomerado e vila de Vidago.A freguesia atingiu o máximo populacional em 1960 (1712 habitantes), a partir da qual registou uma diminuição significativa da população, perdendo 526 habitantes entre 1960 e 2001 (-31%), contudo na década de 70 aumentou 16% a população residente. Em 2001, tem 1186 habitantes, representando os residentes entre os 15 e 64 anos cerca de 65% da população, tendo diminuído os jovens e aumentado os idosos, resultando no aumento do índice de envelhecimento.
Cerca de 17% da população não tem qualquer nível de instrução, tendo 36% o 1º ciclo e 24% têm instrução acima do 3 ciclo.
Embora as famílias clássicas tenham diminuído (-3%), os alojamentos (49%) e os edifícios (48%) aumentaram significativamente.A freguesia é servida pelo IP3/A24, por vias nacionais e municipais, encontrando-se a 25 minutos da sede de concelho, a 37 minutos da cidade de equilíbrio regional e a 81 minutos da aglomeração metropolitana do Porto.
Existe rede de transportes local e nacional / regional e uma praça de táxis, não estando esta população numa situação periférica.A freguesia dispõe de vários equipamentos de ensino, acção social e saúde, tendo comércio variado e serviços de índole diversa.
Apresenta uma nula carência de funções não especializadas e um índice de marginalidade muito fraco.A população activa representa 42% dos residentes, estando, em 2001, 426 indivíduos empregados, sobretudo no sector terciário (75%), enquanto 73 indivíduos se estavam desempregados, sobretudo à procura de novo emprego. Em 2005, 357 indivíduos estavam empregados por conta de outrem, evidenciando a empregabilidade existente.
A população agrícola diminuiu (-46%), bem como o seu peso na população total, representando 12% da população residente. Também os produtores diminuíram (-33%), sendo os rendimentos de 48% dos produtores principalmente exteriores à actividade agrícola, existindo apenas 3 produtores com rendimentos exclusivos da agricultura. As explorações diminuíram (-33%), bem como a área média das explorações, na sua maioria cultivada por conta própria (92%). A SAU diminuiu (-37%), em particular na terra arável e nas culturas temporárias. As culturas permanentes também diminuíram (-25%), contudo representam 70% da SAU, tendo aumentado a área de matas e florestas (1%). Existem muito poucos efectivos animais, em virtude do crescente abandono agrícola.
A floresta diminui em virtude de incêndios florestais ocorridos, contudo representa 25% do solo da freguesia. Aumentou a vegetação arbustiva e herbácea, as culturas permanentes e as zonas agrícolas heterogéneas que é o uso predominante (32,9%).
ANÁLISE
A freguesia ficou marcada pela descoberta das águas termais em 1863 por um lavrador da localidade, embora seja referenciado que Vidago tenha sido uma estância termal no tempo dos Romanos. Foi a partir da redescoberta das águas que se deu o desenvolvimento da localidade, com o surgimento de vários hotéis e pensões, registando um crescimento significativo até meados do século passado. Com o declínio das termas, inicia-se a emigração na freguesia, nomeadamente na década de 60, sobretudo para França e Alemanha e para o sector da construção civil, mas também para as ex-colónias africanas, nomeadamente para a produção e comercialização de café. De acordo com Floripo Salvador (2004, p.69), “a vila não ficará também indissociável do fenómeno da emigração clandestina para a Europa pois era um ponto de passagem de muita gente que ia à procura de uma vida melhor, chegando a funcionar como uma espécie de quartel-general onde batalhões de pessoas chegavam disfarçadamente pela calada da noite”, chegando a “devorar a comida que os passadores lhe haviam providenciado, junto das pensões e tabernas locais”. Na década de 70, com o encerramento do balneário termal verificou-se um grande abandono de população que saiu à procurou de emprego, na sua maioria para o estrangeiro (França e Alemanha) mas também para o litoral do país, sobretudo para a região do Porto, contudo o regresso de emigrantes das ex-colónias permitiu suavizar o abandono populacional, tendo regressado cerca de 10 pessoas naturais da freguesia, mas o crescimento da freguesia deveu-se à instalação em duas unidades hoteleiras da vila de várias famílias provenientes das ex-colónias africanas, estimando-se em mais de 200 imigrantes, que permaneceram na freguesia sensivelmente entre 1975 e o início da década de 80, sendo subsidiados pelo Instituto de Apoio ao Retorno dos Nacionais (IARN).
Durante a década de 80 os hotéis voltariam a funcionar, embora fossem muito mal aproveitados, mantendo-se o fluxo emigratório na freguesia, embora em menor proporção ao registado nas décadas anteriores, nomeadamente para os EUA (onde o concelho de Chaves tem tradição no destino da emigração), Suíça e Luxemburgo, uma grande parte para trabalharem na hotelaria, tendo em conta a experiência que muitos residentes já tinham nesse ramo, mas também para a construção civil, nomeadamente no Luxemburgo e nos EUA. Na década de 90, a emigração continua a ter impacto na diminuição populacional, tendo como destinos preferenciais a Suíça e Luxemburgo, mas também França e Alemanha. O abandono de população jovem também se faz sentir para as principais cidades do litoral do país (Porto, Braga, Lisboa), derivado da entrada no ensino superior. Desde a década de 90, a contrapor ao abandono da população mais jovem, tem-se verificado o regresso de emigrantes, nomeadamente dos EUA donde regressaram mais de 50 pessoas, que tem vindo a aumentar crescentemente o envelhecimento da população, contudo o número de nascimentos no últimos anos (média de 20 por ano) foi superior ao número de óbitos (média de 15 por ano), prevendo-se, a médio prazo, um rejuvenescimento da população com a atracção de jovens para a freguesia. não só de emigração se caracterizou a freguesia, também de imigração, “existindo uma componente muito forte de gente oriunda do exterior periférico e não só”, instalando-se “com actividades comerciais que se têm vindo a multiplicar através de várias gerações”, existindo “muitas famílias que adoptaram Vidago como a sua terra e jamais a abandonaram” (Salvador, 2004, p. 69 e 70).
É ao longo da década de 90 que o balneário e as termas atingem o seu pior período, tendo sido vendidos por três vezes, em que todos os proprietários prometiam grandes investimentos, mas apenas recentemente se iniciaram os investimentos para a sua recuperação. Com a agricultura muito pouco atractiva, a esperança da freguesia é mesmo a requalificação que está a ser feita em termos de oferta turística, com investimentos de mais de 6 milhões de euros no Palace Hotel e infra-estruturas associadas (projecto considerado PIN), que virão trazer um maior dinamismo ao aglomerado, quer em termos de criação de emprego, quer na atracção de turistas. Nesse sentido, a junta de freguesia e a câmara municipal estabeleceram um acordo com a empresa proprietária do balneário termal no sentido de ceder a água para um balneário alternativo para a classe média e média/baixa que será construído pela câmara municipal, de modo a permitir uma maior atractividade turística, oferecendo valências pouco frequentes em outras zonas termais e terá uma escola de formação para a área termal, beneficiando do apoio de um professor de reconhecido mérito no termalismo. Embora a freguesia não tenha capacidade financeira tem, em colaboração com a câmara municipal, apostado no reforço, manutenção e melhoria dos serviços públicos, salientando-se a construção de um novo Posto da GNR permitiu manter os agentes e família), a construção de um novo centro de saúde de modo a evitar o seu encerramento, e a construção da EB2/3, onde trabalham mais de 100 pessoas (professores e funcionários). As autarquias têm procurado manter os equipamentos públicos, de modo a potenciar um maior investimento privado, no sentido de contrair o abandono populacional, tendo recentemente sido criada uma empresa para prestar apoio aos residentes e potenciais investidores para as candidaturas ao QREN, de modo a promover uma melhoria da oferta turística, sendo a estância termal de Vidago uma da prioritárias nos apoios financeiros.
A rede viária apresenta-se em boas condições e ajustada às necessidades da população, tendo sido fortemente melhorada com a abertura do IP3/A24 que veio melhorar as acessibilidades da freguesia, beneficiando directamente com o nó de acesso à Vila, embora apenas quando o turismo tiver todas as intervenções concluídas se preveja uma maior atractividade, nomeadamente para os 2 campos de golf que estão a ser construídos (1 do hotel e 1 da Escola de Golf de Vidago, que há foi campeã nacional de Golf). A freguesia sempre esteve bem servida em termos de infra-estruturas de transportes, em resultado da passagem da EN2 e da existência de autocarros de transporte, bem como da existência de uma estação ferroviária da linha de caminho-de-ferro que ligava Chaves a Vila Real, sendo um meio de transporte muito utilizado pela população até ao seu encerramento. Após o encerramento a vila sempre esteve servida por transporte público, contudo o automóvel individual tornou-se no principal meio de transporte da população. A distância da sede de concelho permitiu manter um maior dinamismo, tendo em conta que a vila se tornou no principal pólo urbano de toda a zona sul do concelho (denominada Ribeira de Oura, onde residem actualmente cerca de 7000 pessoas mas chegaram a residir cerca de 15000 habitantes), sendo referência em termos de oferta de bens e serviços para 13 freguesias e 30 aglomerados rurais, realizando-se mesmo uma feira semana para servir a população de todos estes aglomerados mais próximos.
Em termos da vida económica local, o sector primário após a descoberta das águas deixou de ser o sector de ocupação da população da freguesia, contudo manteve sempre alguma importância na economia local. Porém, nos últimos anos tem vindo a diminuir significativamente a sua importância, existindo cada vez menos famílias com rendimentos exclusivos da agricultura, denotando-se um crescente abandono. Actualmente, são menos de 100 pessoas que ainda se dedicam à agricultura, na sua maioria como segunda actividade, sendo as explorações caracterizadas na sua maioria por minifúndios, existindo poucas propriedades com rentabilidade. A freguesia tem como principais culturas agrícolas os produtos hortícolas, a batata, o cereal e a produção vinícola, sendo actualmente o vinho a produção mais rentável, beneficiando da existência da Adega Cooperativa da Ribeira de Oura que comercializa a produção.
O sector secundário ainda é um dos principais pilares da economia local, devido às águas minero-medicinais, embora o engarrafamento de uma das marcas tenha sido transferido para Pedras Salgadas. Em meados do século XX, cerca de metade da população da freguesia estava empregada no engarrafamento das águas, enquanto actualmente apenas se encontram empregadas cerca de 20 pessoas, tendo uma das fábricas transferido o engarrafamento para Pedras Salgadas, tendo sido transferidos também alguns trabalhadores, contudo actualmente apenas 5 ainda se encontram lá empregados. A construção civil tem sido dinamizada, em grande medida pelos investimentos dos emigrantes locais, nomeadamente através da construção de habitação própria, empregando cerca de 50 pessoas (só uma empresa emprega cerca de 30 residentes), existindo ainda uma fábrica de mobiliário (10 trabalhadores) e 3 fábricas de alumínio (15 trabalhadores). Por último, no sector terciário, a freguesia encontra-se dotada de alguns serviços públicos, como são os casos de um posto de GNR, uma corporação de bombeiros, uma extensão dos serviços camarários através do posto de atendimento municipal, um posto de atendimento da Segurança Social, o mercado municipal, bem como diversos serviços de saúde, ensino e acção social, empregando cerca de 250 pessoas, sendo mais de metade residentes na freguesia. O turismo ainda emprega uma parte significativa da população, salientando-se que o Palace Hotel emprega cerca de 50 pessoas, prevendo-se que, com a abertura do Hotel SPA, Centro de Congressos, Campo de Golf e Museu – pólo de Serralves, venha a empregar 150 trabalhadores. No comércio, nos cerca de 100 estabelecimentos comerciais existentes, encontram-se mais de 200 trabalhadores, embora a maioria sejam os proprietários e/ou familiares, salientando-se existindo pelo menos 12 pessoas empregadas em 2 supermercados. Também fora do aglomerado se encontram alguns residentes empregados, com particular incidência na cidade de Chaves (cerca de 90%) nomeadamente nos serviços, mas também em Vila Real, Ribeira de Pena e Pedras Salgadas.
A freguesia tem cerca de 1000 fogos, dos quais cerca de 300 são de emigrantes (em particular dos EUA), sendo o número de alojamentos de segunda residência de população residente no país em número reduzido (menos de 10), contudo nos últimos tempos tem-se verificado uma grande procura de casas abandonadas para serem recuperadas por pessoas que residem em cidades do litoral. Durante os próximos 3 anos irá também ocorrer uma grande alteração na freguesia, nomeadamente com a conclusão das obras no Palace Hotel e Campo de Golf até final de 2010, e com a construção do Balneário termal e a requalificação do Hotel Avenida e do Hotel Vidago até final de 2001, prevendo-se um aumento da procura turística, mas também da empregabilidade na freguesia, contribuindo para o aumento da população da freguesia, nomeadamente de população jovem.
IN http://hdl.handle.net/10216/51026
A freguesia de Vidago localiza-se no sector Sul do concelho de Chaves, a SW da sede de concelho, sensivelmente entre a cidade de Chaves e as vilas de Vila Pouca de Aguiar e Boticas.
A freguesia encontra-se em zona de vale e pertence à unidade de paisagem Veiga de Chaves, tendo clima de zona de transição. Ocupa uma superfície de 639ha, que representa uma densidade populacional de 186hab/ km2. Integra o aglomerado e vila de Vidago.A freguesia atingiu o máximo populacional em 1960 (1712 habitantes), a partir da qual registou uma diminuição significativa da população, perdendo 526 habitantes entre 1960 e 2001 (-31%), contudo na década de 70 aumentou 16% a população residente. Em 2001, tem 1186 habitantes, representando os residentes entre os 15 e 64 anos cerca de 65% da população, tendo diminuído os jovens e aumentado os idosos, resultando no aumento do índice de envelhecimento.
Cerca de 17% da população não tem qualquer nível de instrução, tendo 36% o 1º ciclo e 24% têm instrução acima do 3 ciclo.
Embora as famílias clássicas tenham diminuído (-3%), os alojamentos (49%) e os edifícios (48%) aumentaram significativamente.A freguesia é servida pelo IP3/A24, por vias nacionais e municipais, encontrando-se a 25 minutos da sede de concelho, a 37 minutos da cidade de equilíbrio regional e a 81 minutos da aglomeração metropolitana do Porto.
Existe rede de transportes local e nacional / regional e uma praça de táxis, não estando esta população numa situação periférica.A freguesia dispõe de vários equipamentos de ensino, acção social e saúde, tendo comércio variado e serviços de índole diversa.
Apresenta uma nula carência de funções não especializadas e um índice de marginalidade muito fraco.A população activa representa 42% dos residentes, estando, em 2001, 426 indivíduos empregados, sobretudo no sector terciário (75%), enquanto 73 indivíduos se estavam desempregados, sobretudo à procura de novo emprego. Em 2005, 357 indivíduos estavam empregados por conta de outrem, evidenciando a empregabilidade existente.
A população agrícola diminuiu (-46%), bem como o seu peso na população total, representando 12% da população residente. Também os produtores diminuíram (-33%), sendo os rendimentos de 48% dos produtores principalmente exteriores à actividade agrícola, existindo apenas 3 produtores com rendimentos exclusivos da agricultura. As explorações diminuíram (-33%), bem como a área média das explorações, na sua maioria cultivada por conta própria (92%). A SAU diminuiu (-37%), em particular na terra arável e nas culturas temporárias. As culturas permanentes também diminuíram (-25%), contudo representam 70% da SAU, tendo aumentado a área de matas e florestas (1%). Existem muito poucos efectivos animais, em virtude do crescente abandono agrícola.
A floresta diminui em virtude de incêndios florestais ocorridos, contudo representa 25% do solo da freguesia. Aumentou a vegetação arbustiva e herbácea, as culturas permanentes e as zonas agrícolas heterogéneas que é o uso predominante (32,9%).
ANÁLISE
A freguesia ficou marcada pela descoberta das águas termais em 1863 por um lavrador da localidade, embora seja referenciado que Vidago tenha sido uma estância termal no tempo dos Romanos. Foi a partir da redescoberta das águas que se deu o desenvolvimento da localidade, com o surgimento de vários hotéis e pensões, registando um crescimento significativo até meados do século passado. Com o declínio das termas, inicia-se a emigração na freguesia, nomeadamente na década de 60, sobretudo para França e Alemanha e para o sector da construção civil, mas também para as ex-colónias africanas, nomeadamente para a produção e comercialização de café. De acordo com Floripo Salvador (2004, p.69), “a vila não ficará também indissociável do fenómeno da emigração clandestina para a Europa pois era um ponto de passagem de muita gente que ia à procura de uma vida melhor, chegando a funcionar como uma espécie de quartel-general onde batalhões de pessoas chegavam disfarçadamente pela calada da noite”, chegando a “devorar a comida que os passadores lhe haviam providenciado, junto das pensões e tabernas locais”. Na década de 70, com o encerramento do balneário termal verificou-se um grande abandono de população que saiu à procurou de emprego, na sua maioria para o estrangeiro (França e Alemanha) mas também para o litoral do país, sobretudo para a região do Porto, contudo o regresso de emigrantes das ex-colónias permitiu suavizar o abandono populacional, tendo regressado cerca de 10 pessoas naturais da freguesia, mas o crescimento da freguesia deveu-se à instalação em duas unidades hoteleiras da vila de várias famílias provenientes das ex-colónias africanas, estimando-se em mais de 200 imigrantes, que permaneceram na freguesia sensivelmente entre 1975 e o início da década de 80, sendo subsidiados pelo Instituto de Apoio ao Retorno dos Nacionais (IARN).
Durante a década de 80 os hotéis voltariam a funcionar, embora fossem muito mal aproveitados, mantendo-se o fluxo emigratório na freguesia, embora em menor proporção ao registado nas décadas anteriores, nomeadamente para os EUA (onde o concelho de Chaves tem tradição no destino da emigração), Suíça e Luxemburgo, uma grande parte para trabalharem na hotelaria, tendo em conta a experiência que muitos residentes já tinham nesse ramo, mas também para a construção civil, nomeadamente no Luxemburgo e nos EUA. Na década de 90, a emigração continua a ter impacto na diminuição populacional, tendo como destinos preferenciais a Suíça e Luxemburgo, mas também França e Alemanha. O abandono de população jovem também se faz sentir para as principais cidades do litoral do país (Porto, Braga, Lisboa), derivado da entrada no ensino superior. Desde a década de 90, a contrapor ao abandono da população mais jovem, tem-se verificado o regresso de emigrantes, nomeadamente dos EUA donde regressaram mais de 50 pessoas, que tem vindo a aumentar crescentemente o envelhecimento da população, contudo o número de nascimentos no últimos anos (média de 20 por ano) foi superior ao número de óbitos (média de 15 por ano), prevendo-se, a médio prazo, um rejuvenescimento da população com a atracção de jovens para a freguesia. não só de emigração se caracterizou a freguesia, também de imigração, “existindo uma componente muito forte de gente oriunda do exterior periférico e não só”, instalando-se “com actividades comerciais que se têm vindo a multiplicar através de várias gerações”, existindo “muitas famílias que adoptaram Vidago como a sua terra e jamais a abandonaram” (Salvador, 2004, p. 69 e 70).
É ao longo da década de 90 que o balneário e as termas atingem o seu pior período, tendo sido vendidos por três vezes, em que todos os proprietários prometiam grandes investimentos, mas apenas recentemente se iniciaram os investimentos para a sua recuperação. Com a agricultura muito pouco atractiva, a esperança da freguesia é mesmo a requalificação que está a ser feita em termos de oferta turística, com investimentos de mais de 6 milhões de euros no Palace Hotel e infra-estruturas associadas (projecto considerado PIN), que virão trazer um maior dinamismo ao aglomerado, quer em termos de criação de emprego, quer na atracção de turistas. Nesse sentido, a junta de freguesia e a câmara municipal estabeleceram um acordo com a empresa proprietária do balneário termal no sentido de ceder a água para um balneário alternativo para a classe média e média/baixa que será construído pela câmara municipal, de modo a permitir uma maior atractividade turística, oferecendo valências pouco frequentes em outras zonas termais e terá uma escola de formação para a área termal, beneficiando do apoio de um professor de reconhecido mérito no termalismo. Embora a freguesia não tenha capacidade financeira tem, em colaboração com a câmara municipal, apostado no reforço, manutenção e melhoria dos serviços públicos, salientando-se a construção de um novo Posto da GNR permitiu manter os agentes e família), a construção de um novo centro de saúde de modo a evitar o seu encerramento, e a construção da EB2/3, onde trabalham mais de 100 pessoas (professores e funcionários). As autarquias têm procurado manter os equipamentos públicos, de modo a potenciar um maior investimento privado, no sentido de contrair o abandono populacional, tendo recentemente sido criada uma empresa para prestar apoio aos residentes e potenciais investidores para as candidaturas ao QREN, de modo a promover uma melhoria da oferta turística, sendo a estância termal de Vidago uma da prioritárias nos apoios financeiros.
A rede viária apresenta-se em boas condições e ajustada às necessidades da população, tendo sido fortemente melhorada com a abertura do IP3/A24 que veio melhorar as acessibilidades da freguesia, beneficiando directamente com o nó de acesso à Vila, embora apenas quando o turismo tiver todas as intervenções concluídas se preveja uma maior atractividade, nomeadamente para os 2 campos de golf que estão a ser construídos (1 do hotel e 1 da Escola de Golf de Vidago, que há foi campeã nacional de Golf). A freguesia sempre esteve bem servida em termos de infra-estruturas de transportes, em resultado da passagem da EN2 e da existência de autocarros de transporte, bem como da existência de uma estação ferroviária da linha de caminho-de-ferro que ligava Chaves a Vila Real, sendo um meio de transporte muito utilizado pela população até ao seu encerramento. Após o encerramento a vila sempre esteve servida por transporte público, contudo o automóvel individual tornou-se no principal meio de transporte da população. A distância da sede de concelho permitiu manter um maior dinamismo, tendo em conta que a vila se tornou no principal pólo urbano de toda a zona sul do concelho (denominada Ribeira de Oura, onde residem actualmente cerca de 7000 pessoas mas chegaram a residir cerca de 15000 habitantes), sendo referência em termos de oferta de bens e serviços para 13 freguesias e 30 aglomerados rurais, realizando-se mesmo uma feira semana para servir a população de todos estes aglomerados mais próximos.
Em termos da vida económica local, o sector primário após a descoberta das águas deixou de ser o sector de ocupação da população da freguesia, contudo manteve sempre alguma importância na economia local. Porém, nos últimos anos tem vindo a diminuir significativamente a sua importância, existindo cada vez menos famílias com rendimentos exclusivos da agricultura, denotando-se um crescente abandono. Actualmente, são menos de 100 pessoas que ainda se dedicam à agricultura, na sua maioria como segunda actividade, sendo as explorações caracterizadas na sua maioria por minifúndios, existindo poucas propriedades com rentabilidade. A freguesia tem como principais culturas agrícolas os produtos hortícolas, a batata, o cereal e a produção vinícola, sendo actualmente o vinho a produção mais rentável, beneficiando da existência da Adega Cooperativa da Ribeira de Oura que comercializa a produção.
O sector secundário ainda é um dos principais pilares da economia local, devido às águas minero-medicinais, embora o engarrafamento de uma das marcas tenha sido transferido para Pedras Salgadas. Em meados do século XX, cerca de metade da população da freguesia estava empregada no engarrafamento das águas, enquanto actualmente apenas se encontram empregadas cerca de 20 pessoas, tendo uma das fábricas transferido o engarrafamento para Pedras Salgadas, tendo sido transferidos também alguns trabalhadores, contudo actualmente apenas 5 ainda se encontram lá empregados. A construção civil tem sido dinamizada, em grande medida pelos investimentos dos emigrantes locais, nomeadamente através da construção de habitação própria, empregando cerca de 50 pessoas (só uma empresa emprega cerca de 30 residentes), existindo ainda uma fábrica de mobiliário (10 trabalhadores) e 3 fábricas de alumínio (15 trabalhadores). Por último, no sector terciário, a freguesia encontra-se dotada de alguns serviços públicos, como são os casos de um posto de GNR, uma corporação de bombeiros, uma extensão dos serviços camarários através do posto de atendimento municipal, um posto de atendimento da Segurança Social, o mercado municipal, bem como diversos serviços de saúde, ensino e acção social, empregando cerca de 250 pessoas, sendo mais de metade residentes na freguesia. O turismo ainda emprega uma parte significativa da população, salientando-se que o Palace Hotel emprega cerca de 50 pessoas, prevendo-se que, com a abertura do Hotel SPA, Centro de Congressos, Campo de Golf e Museu – pólo de Serralves, venha a empregar 150 trabalhadores. No comércio, nos cerca de 100 estabelecimentos comerciais existentes, encontram-se mais de 200 trabalhadores, embora a maioria sejam os proprietários e/ou familiares, salientando-se existindo pelo menos 12 pessoas empregadas em 2 supermercados. Também fora do aglomerado se encontram alguns residentes empregados, com particular incidência na cidade de Chaves (cerca de 90%) nomeadamente nos serviços, mas também em Vila Real, Ribeira de Pena e Pedras Salgadas.
A freguesia tem cerca de 1000 fogos, dos quais cerca de 300 são de emigrantes (em particular dos EUA), sendo o número de alojamentos de segunda residência de população residente no país em número reduzido (menos de 10), contudo nos últimos tempos tem-se verificado uma grande procura de casas abandonadas para serem recuperadas por pessoas que residem em cidades do litoral. Durante os próximos 3 anos irá também ocorrer uma grande alteração na freguesia, nomeadamente com a conclusão das obras no Palace Hotel e Campo de Golf até final de 2010, e com a construção do Balneário termal e a requalificação do Hotel Avenida e do Hotel Vidago até final de 2001, prevendo-se um aumento da procura turística, mas também da empregabilidade na freguesia, contribuindo para o aumento da população da freguesia, nomeadamente de população jovem.
IN http://hdl.handle.net/10216/51026
Mourilhe (Montalegre) - uma freguesia continuadamente regressiva
CARACTERIZAÇÃO
Mourilhe é freguesia do concelho de Montalegre, situada no sector Norte do concelho, no limite com Espanha, localizando-se a Noroeste da sede de concelho.
Toda a freguesia se encontra na unidade de paisagem Serras do Larouco e Barroso, em zona de montanha com uma altitude média superior a 1100 metros, tendo clima de terra fria de montanha.
Ocupa uma superfície territorial de 1708ha, tendo 8,4hab/km2 de densidade populacional. Integra os aglomerados de Mourilhe e Sabuzebo.A freguesia atingiu o máximo populacional em 1950 (613 habitantes), a partir da qual registou diminuições significativas da população, em particular nas décadas de 70/81 e 81/91, perdendo 77% da população de 1950 a 2001. Em 2001, tem 144 habitantes, tendo-se registado um aumento significativo dos idosos, que representavam, em 2001, 33% dos residentes, originando com que o índice de envelhecimento seja elevado.
Cerca de 42% da população não tem nenhum nível de instrução, 38% tem o 1º ciclo e apenas 4% tem instrução além do 3 ciclo.
Verifica-se a diminuição das famílias clássicas (-23%), aumentando os alojamentos (13%) e dos edifícios (13%).A freguesia apenas dispõe de vias municipais, encontrando-se a 9 minutos da sede de concelho, a 56 minutos da aglomeração regional, ultrapassando 75 minutos para aceder à cidade de equilíbrio regional.
Não existe rede de transportes local, nem praça de táxis, o que coloca esta população numa situação periférica.A freguesia dispõe de um posto de telefone público, 2 cafés e 2 mercearias, não tendo qualquer equipamento colectivo.
Apresenta uma elevada carência de funções não especializadas e um índice de marginalidade muito forte.
A população activa representa 50% dos residentes, existindo, em 2001, 72 indivíduos empregados, sobretudo no sector primário (60%), não existindo qualquer desempregado. Em 2005, apenas 1 indivíduo se encontrava empregado por conta de outrem, nomeadamente no alojamento e restauração. Embora a população agrícola e o seu peso na população total tenham diminuído, uma parte significativa da população ainda tem ocupação na agricultura (77%).
Os produtores singulares diminuíram (-14%), sendo os rendimentos de 88% dos produtos principalmente das actividades agrícolas.
As explorações diminuíram (-10%), aumentando substancialmente a área média das explorações, devido ao aumento da exploração por conta própria, em particular de área de pastagens.A SAU aumentou (90%), em grande medida derivado da inclusão de várias áreas de pastagem permanente (466ha), diminuindo a terra arável em cultura principal (-28%) e as culturas temporárias em cultura principal (-27%), denotando o abandono das terras e culturas mais exigentes em mão-de-obra.
Embora tenha diminuído, a vegetação arbustiva e herbácea ainda predomina (39,3%), verificando-se um aumento das zonas descobertas (representam 21,7%). As zonas agrícolas heterogéneas (21,1%) e as pastagens (18%) também têm expressão no uso do solo da freguesia.
ANÁLISE
Nos últimos 50 anos, a freguesia ficou fortemente marcada pela diminuição da população, embora tenha havido uma melhoria significativa das condições de vida dos residentes, nomeadamente em termos de infra-estruturas rodoviárias e infra-estruturas eléctricas, de abastecimento de água, condições sanitárias e comunicações, porém, a existência destas infra-estruturas não era a condição principal para a manutenção da população. Verificou-se também uma grande transformação na composição das famílias, que registaram uma grande diminuição do número de elementos, em parte resultante da continuada saída da população residente, nomeadamente dos residentes mais jovens.
A diminuição da população teve como principal factor a emigração para o estrangeiro, sobretudo a partir da década de 60, que foi quando começaram a emigrar as primeiras pessoas da freguesia, nomeadamente os residentes do sexo masculino, que saíram para França pois havia uma grande oferta de trabalho e uma consequente relativa facilidade na sua legalização, com empregabilidade predominante na construção civil e agricultura. Em virtude da emigração de alguns residentes durante a década de 60, na década de 70 intensificaram-se os movimentos migratórios para França, nomeadamente familiares e amigos dos emigrantes que lhes arranjavam empregabilidade, nomeadamente na construção civil, serviços domésticos e limpezas. Também nesta altura ocorreu o abandono de alguns residentes para os Estados Unidos da América. Nas décadas de 80 e 90 também houve muita emigração na freguesia, tendo como destinos França e os Estados Unidos da América, nomeadamente dos familiares dos emigrantes, surgindo a Suíça como destino preferencial da emigração, nomeadamente dos residentes mais jovens, cuja empregabilidade era maioritariamente na construção civil, hotelaria, restauração e limpezas. Embora com pouca representatividade em termos globais, durante os anos 80, também para Inglaterra partiram 2 ou 3 famílias. Desde o ano 2000, a generalidade dos mais jovens quando terminam a escolaridade obrigatória também acabam por emigrar (estima-se que tenham saído cerca de 20 residentes), cujo principal destino tem sido a França. Os poucos jovens que prosseguiram para o ensino superior (Braga e Porto) acabam por não regressaram nem à freguesia nem ao concelho, pois não têm empregabilidade.
Na freguesia existem alguns emigrantes, idosos já reformados, que regressaram (cerca de 12 pessoas), tendo regressado todos à freguesia, dedicando-se ao cultivo das suas propriedades agrícolas, numa agricultura familiar para auto-consumo. A generalidade dos filhos dos emigrantes não voltaram nem pensam em voltar, regressando apenas durante o período de férias (Julho e Agosto), quando a população presente ultrapassa 400 pessoas, pois regressam os emigrantes e as respectivas famílias. O regresso dos emigrantes mais idosos e o abandono dos mais jovens originou um forte envelhecimento na população da freguesia, existindo actualmente menos de 25 residentes com menos de 30 anos, pois número de nascimentos é cada vez menor (existem 7 crianças com menos de 10 anos). O facto de a população estar dividida em dois aglomerado não é considerado influenciador de um maior esvaziamento demográfico, tendo em conta que as pessoas saíram à procura de salários e melhores condições de vida, devido à reduzida empregabilidade e à pouca rentabilidade da agricultura. Nem a freguesia nem o município tem ou teve qualquer estratégia para a manutenção da população, não existindo forma de fixar a população nas aldeias da freguesia.
A rede viária da freguesia é considerada de razoável qualidade, embora existam algumas ruas que se encontram em mau estado ou são muito estreitas, limitando a circulação automóvel. Antigamente as pessoas deslocavam-se a pé ou a cavalo até à sede de concelho que é o principal local onde os residentes locais se deslocam, porém actualmente deslocam-se maioritariamente de automóvel particular, enquanto os residentes que não têm transporte próprio se deslocam à boleia de amigos e familiares ou com recurso ao táxi, pois a freguesia nunca esteve servida por transportes públicos. A curta distância à sede de concelho não teve influência no esvaziamento populacional, porém o elevado tempo de acesso aos principais centros urbanos da região foi determinante na saída da população pois a empregabilidade existente nas proximidades da freguesia era reduzida e muito limitada a trabalhos agrícolas que são muito pouco atractivos para a população jovem.
Na freguesia não se encontra em funcionamento qualquer equipamento colectivo, existindo apenas 2 minimercados e 2 cafés, embora a freguesia seja servida por vendedores ambulantes quer de pão, quer de peixe, carne e fruta, os quais são importantes para a população idosa com maiores dificuldades de deslocação. Os residentes têm de se deslocar à sede de concelho para poderem aceder aos vários equipamentos colectivos e aos vários serviços, públicos e privados, incluindo a generalidade dos serviços e o comércio não alimentar. A igreja e a antiga escola (funciona o bar convívio da associação da freguesia) são espaços ainda muito utilizados pela população, embora a socialização dos residentes seja sobretudo feita nas ruas. A freguesia não está servida por serviços móveis, contudo seriam importantes pois evitariam que os residentes se deslocassem à sede de concelho, em particular para os mais idosos.
Antigamente, alguns residentes tinham empregabilidade na agricultura em 3 ou 4 casas de famílias mais ricas que davam trabalham e pagavam a denominada jorna, existindo também alguns residentes que exploravam propriedades dessas famílias em parceria com os patrões. Também a generalidade dos residentes tratava das suas propriedades, cultivando alguns produtos que serviam de base à sua sustentação, nomeadamente a batata, o milho e o centeio, para além dos vários produtos hortícolas. A criação de bovinos de carne era uma das principais fontes de rendimento dos residentes, nomeadamente através da venda dos vitelos, sendo os animais também muito utilizados nos trabalhos agrícolas. Actualmente, a agricultura continua a ocupar uma grande parte dos residentes, embora não exista pessoas empregadas na agricultura por conta de outrem, trabalhando cada um para si, nas suas propriedades ou nas propriedades de familiares, nomeadamente algumas propriedades dos emigrantes que estão cedidas a terceiros. Os produtores existentes são na sua maioria de média idade ou idosos, sendo a criação de bovinos de carne frequente na generalidade dos produtores pois é a sua principal fonte de rendimento, existindo cerca de 250 bovinos na freguesia, na sua maioria de raça barrosão. O cultivo de batata, milho e centeio têm reduzida expressão em termos de vendas, sendo utilizados maioritariamente na alimentação das famílias e dos animais, enquanto o cultivo de horta familiar é frequente na generalidade das famílias, donde obtêm alguns produtos hortícolas para a sua alimentação. A criação de caprinos também se encontra presente na freguesia, sendo a principal fonte de rendimentos de 3 famílias, existindo também criação de suínos em algumas famílias, nomeadamente para a produção de fumeiro, que é utilizada por algumas famílias para a obtenção de rendimentos complementares, usufruindo da venda na feira de fumeiro realizada na sede do concelho e, em consequência, através da venda directa a particulares que se tornaram clientes fixos dessas famílias. Existem 3 residentes empregados em empresas de construção civil de outras freguesias do concelho, enquanto na sede de concelho trabalham 7 residentes, nomeadamente no comércio e serviços. Os estabelecimentos comerciais são a fonte de rendimento de 2 famílias (minimercados e cafés), enquanto 2 residentes se encontram empregados na unidade de turismo rural existente na freguesia, sendo um elemento fundamental para o turismo da freguesia, nomeadamente ao fim-de-semana e em épocas festivas. De salientar ainda que existem 2 ou 3 casas na freguesia de segunda residência, nomeadamente de pessoas naturais da freguesia que residem em outros locais do país, nomeadamente no Porto e em Braga.
Nos próximos anos, de acordo com as gentes locais, a freguesia ficará mais pobre e cada vez com menos gente pois quem parte não regressa e existem muitos residentes idosos, perspectivando-se que, daqui a 10 anos, existam apenas 80 residentes. Não existe por parte da freguesia e do município uma clara estratégia de dinamização e revitalização, intervindo-se apenas na melhoria das condições de vida dos residentes e prestando apoio aos residentes locais na realização de projectos agrícolas e dos subsídios de apoio à agricultura. Finalmente, é salientado que os apoios prestados dificilmente inverterão a situação de crescente despovoamento, pois é um fenómeno a que não há volta a dar.
IN http://hdl.handle.net/10216/51026
Mourilhe é freguesia do concelho de Montalegre, situada no sector Norte do concelho, no limite com Espanha, localizando-se a Noroeste da sede de concelho.
Toda a freguesia se encontra na unidade de paisagem Serras do Larouco e Barroso, em zona de montanha com uma altitude média superior a 1100 metros, tendo clima de terra fria de montanha.
Ocupa uma superfície territorial de 1708ha, tendo 8,4hab/km2 de densidade populacional. Integra os aglomerados de Mourilhe e Sabuzebo.A freguesia atingiu o máximo populacional em 1950 (613 habitantes), a partir da qual registou diminuições significativas da população, em particular nas décadas de 70/81 e 81/91, perdendo 77% da população de 1950 a 2001. Em 2001, tem 144 habitantes, tendo-se registado um aumento significativo dos idosos, que representavam, em 2001, 33% dos residentes, originando com que o índice de envelhecimento seja elevado.
Cerca de 42% da população não tem nenhum nível de instrução, 38% tem o 1º ciclo e apenas 4% tem instrução além do 3 ciclo.
Verifica-se a diminuição das famílias clássicas (-23%), aumentando os alojamentos (13%) e dos edifícios (13%).A freguesia apenas dispõe de vias municipais, encontrando-se a 9 minutos da sede de concelho, a 56 minutos da aglomeração regional, ultrapassando 75 minutos para aceder à cidade de equilíbrio regional.
Não existe rede de transportes local, nem praça de táxis, o que coloca esta população numa situação periférica.A freguesia dispõe de um posto de telefone público, 2 cafés e 2 mercearias, não tendo qualquer equipamento colectivo.
Apresenta uma elevada carência de funções não especializadas e um índice de marginalidade muito forte.
A população activa representa 50% dos residentes, existindo, em 2001, 72 indivíduos empregados, sobretudo no sector primário (60%), não existindo qualquer desempregado. Em 2005, apenas 1 indivíduo se encontrava empregado por conta de outrem, nomeadamente no alojamento e restauração. Embora a população agrícola e o seu peso na população total tenham diminuído, uma parte significativa da população ainda tem ocupação na agricultura (77%).
Os produtores singulares diminuíram (-14%), sendo os rendimentos de 88% dos produtos principalmente das actividades agrícolas.
As explorações diminuíram (-10%), aumentando substancialmente a área média das explorações, devido ao aumento da exploração por conta própria, em particular de área de pastagens.A SAU aumentou (90%), em grande medida derivado da inclusão de várias áreas de pastagem permanente (466ha), diminuindo a terra arável em cultura principal (-28%) e as culturas temporárias em cultura principal (-27%), denotando o abandono das terras e culturas mais exigentes em mão-de-obra.
Embora tenha diminuído, a vegetação arbustiva e herbácea ainda predomina (39,3%), verificando-se um aumento das zonas descobertas (representam 21,7%). As zonas agrícolas heterogéneas (21,1%) e as pastagens (18%) também têm expressão no uso do solo da freguesia.
ANÁLISE
Nos últimos 50 anos, a freguesia ficou fortemente marcada pela diminuição da população, embora tenha havido uma melhoria significativa das condições de vida dos residentes, nomeadamente em termos de infra-estruturas rodoviárias e infra-estruturas eléctricas, de abastecimento de água, condições sanitárias e comunicações, porém, a existência destas infra-estruturas não era a condição principal para a manutenção da população. Verificou-se também uma grande transformação na composição das famílias, que registaram uma grande diminuição do número de elementos, em parte resultante da continuada saída da população residente, nomeadamente dos residentes mais jovens.
A diminuição da população teve como principal factor a emigração para o estrangeiro, sobretudo a partir da década de 60, que foi quando começaram a emigrar as primeiras pessoas da freguesia, nomeadamente os residentes do sexo masculino, que saíram para França pois havia uma grande oferta de trabalho e uma consequente relativa facilidade na sua legalização, com empregabilidade predominante na construção civil e agricultura. Em virtude da emigração de alguns residentes durante a década de 60, na década de 70 intensificaram-se os movimentos migratórios para França, nomeadamente familiares e amigos dos emigrantes que lhes arranjavam empregabilidade, nomeadamente na construção civil, serviços domésticos e limpezas. Também nesta altura ocorreu o abandono de alguns residentes para os Estados Unidos da América. Nas décadas de 80 e 90 também houve muita emigração na freguesia, tendo como destinos França e os Estados Unidos da América, nomeadamente dos familiares dos emigrantes, surgindo a Suíça como destino preferencial da emigração, nomeadamente dos residentes mais jovens, cuja empregabilidade era maioritariamente na construção civil, hotelaria, restauração e limpezas. Embora com pouca representatividade em termos globais, durante os anos 80, também para Inglaterra partiram 2 ou 3 famílias. Desde o ano 2000, a generalidade dos mais jovens quando terminam a escolaridade obrigatória também acabam por emigrar (estima-se que tenham saído cerca de 20 residentes), cujo principal destino tem sido a França. Os poucos jovens que prosseguiram para o ensino superior (Braga e Porto) acabam por não regressaram nem à freguesia nem ao concelho, pois não têm empregabilidade.
Na freguesia existem alguns emigrantes, idosos já reformados, que regressaram (cerca de 12 pessoas), tendo regressado todos à freguesia, dedicando-se ao cultivo das suas propriedades agrícolas, numa agricultura familiar para auto-consumo. A generalidade dos filhos dos emigrantes não voltaram nem pensam em voltar, regressando apenas durante o período de férias (Julho e Agosto), quando a população presente ultrapassa 400 pessoas, pois regressam os emigrantes e as respectivas famílias. O regresso dos emigrantes mais idosos e o abandono dos mais jovens originou um forte envelhecimento na população da freguesia, existindo actualmente menos de 25 residentes com menos de 30 anos, pois número de nascimentos é cada vez menor (existem 7 crianças com menos de 10 anos). O facto de a população estar dividida em dois aglomerado não é considerado influenciador de um maior esvaziamento demográfico, tendo em conta que as pessoas saíram à procura de salários e melhores condições de vida, devido à reduzida empregabilidade e à pouca rentabilidade da agricultura. Nem a freguesia nem o município tem ou teve qualquer estratégia para a manutenção da população, não existindo forma de fixar a população nas aldeias da freguesia.
A rede viária da freguesia é considerada de razoável qualidade, embora existam algumas ruas que se encontram em mau estado ou são muito estreitas, limitando a circulação automóvel. Antigamente as pessoas deslocavam-se a pé ou a cavalo até à sede de concelho que é o principal local onde os residentes locais se deslocam, porém actualmente deslocam-se maioritariamente de automóvel particular, enquanto os residentes que não têm transporte próprio se deslocam à boleia de amigos e familiares ou com recurso ao táxi, pois a freguesia nunca esteve servida por transportes públicos. A curta distância à sede de concelho não teve influência no esvaziamento populacional, porém o elevado tempo de acesso aos principais centros urbanos da região foi determinante na saída da população pois a empregabilidade existente nas proximidades da freguesia era reduzida e muito limitada a trabalhos agrícolas que são muito pouco atractivos para a população jovem.
Na freguesia não se encontra em funcionamento qualquer equipamento colectivo, existindo apenas 2 minimercados e 2 cafés, embora a freguesia seja servida por vendedores ambulantes quer de pão, quer de peixe, carne e fruta, os quais são importantes para a população idosa com maiores dificuldades de deslocação. Os residentes têm de se deslocar à sede de concelho para poderem aceder aos vários equipamentos colectivos e aos vários serviços, públicos e privados, incluindo a generalidade dos serviços e o comércio não alimentar. A igreja e a antiga escola (funciona o bar convívio da associação da freguesia) são espaços ainda muito utilizados pela população, embora a socialização dos residentes seja sobretudo feita nas ruas. A freguesia não está servida por serviços móveis, contudo seriam importantes pois evitariam que os residentes se deslocassem à sede de concelho, em particular para os mais idosos.
Antigamente, alguns residentes tinham empregabilidade na agricultura em 3 ou 4 casas de famílias mais ricas que davam trabalham e pagavam a denominada jorna, existindo também alguns residentes que exploravam propriedades dessas famílias em parceria com os patrões. Também a generalidade dos residentes tratava das suas propriedades, cultivando alguns produtos que serviam de base à sua sustentação, nomeadamente a batata, o milho e o centeio, para além dos vários produtos hortícolas. A criação de bovinos de carne era uma das principais fontes de rendimento dos residentes, nomeadamente através da venda dos vitelos, sendo os animais também muito utilizados nos trabalhos agrícolas. Actualmente, a agricultura continua a ocupar uma grande parte dos residentes, embora não exista pessoas empregadas na agricultura por conta de outrem, trabalhando cada um para si, nas suas propriedades ou nas propriedades de familiares, nomeadamente algumas propriedades dos emigrantes que estão cedidas a terceiros. Os produtores existentes são na sua maioria de média idade ou idosos, sendo a criação de bovinos de carne frequente na generalidade dos produtores pois é a sua principal fonte de rendimento, existindo cerca de 250 bovinos na freguesia, na sua maioria de raça barrosão. O cultivo de batata, milho e centeio têm reduzida expressão em termos de vendas, sendo utilizados maioritariamente na alimentação das famílias e dos animais, enquanto o cultivo de horta familiar é frequente na generalidade das famílias, donde obtêm alguns produtos hortícolas para a sua alimentação. A criação de caprinos também se encontra presente na freguesia, sendo a principal fonte de rendimentos de 3 famílias, existindo também criação de suínos em algumas famílias, nomeadamente para a produção de fumeiro, que é utilizada por algumas famílias para a obtenção de rendimentos complementares, usufruindo da venda na feira de fumeiro realizada na sede do concelho e, em consequência, através da venda directa a particulares que se tornaram clientes fixos dessas famílias. Existem 3 residentes empregados em empresas de construção civil de outras freguesias do concelho, enquanto na sede de concelho trabalham 7 residentes, nomeadamente no comércio e serviços. Os estabelecimentos comerciais são a fonte de rendimento de 2 famílias (minimercados e cafés), enquanto 2 residentes se encontram empregados na unidade de turismo rural existente na freguesia, sendo um elemento fundamental para o turismo da freguesia, nomeadamente ao fim-de-semana e em épocas festivas. De salientar ainda que existem 2 ou 3 casas na freguesia de segunda residência, nomeadamente de pessoas naturais da freguesia que residem em outros locais do país, nomeadamente no Porto e em Braga.
Nos próximos anos, de acordo com as gentes locais, a freguesia ficará mais pobre e cada vez com menos gente pois quem parte não regressa e existem muitos residentes idosos, perspectivando-se que, daqui a 10 anos, existam apenas 80 residentes. Não existe por parte da freguesia e do município uma clara estratégia de dinamização e revitalização, intervindo-se apenas na melhoria das condições de vida dos residentes e prestando apoio aos residentes locais na realização de projectos agrícolas e dos subsídios de apoio à agricultura. Finalmente, é salientado que os apoios prestados dificilmente inverterão a situação de crescente despovoamento, pois é um fenómeno a que não há volta a dar.
IN http://hdl.handle.net/10216/51026
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Soutelo Mourisco - uma freguesia continuadamente regressiva
CARACTERIZAÇÃO
Soutelo de Mourisco, freguesia do concelho de Macedo de Cavaleiros, situada no extremo NE do concelho, no limite do concelho com os concelhos de Vinhais e Bragança.
Encontra-se na Terra Fria Transmontana, em zona de montanha (fraldas da serra de Pombares), ocupando uma superfície de 1248ha, que representa uma densidade populacional inferior a 5hab/km2.
Integra os aglomerados de Cabanas, Soutelo Mourisco e Vilar D’Ouro.A freguesia perdeu 79,6% da população entre 1950 e 2001. Na década de 50/60 ainda regista um aumento populacional, atingindo o máximo populacional em 1960 (323 habitantes). Nas décadas seguintes diminui de forma significativa. Em 2001, tem 60 habitantes, sendo 25 em Cabanas, 21 em Soutelo Mourisco e 14 em Vilar D’Ouro. Os jovens têm cada vez menor peso (13% em 2001) e o peso da população idosa aumenta, denotando-se num forte agravamento do índice de envelhecimento.
Cerca de metade da população não tem nenhum nível de instrução e 5% tem instrução acima do 1 ciclo.
Verifica-se a diminuição das famílias clássicas (-43%), manutenção dos alojamentos e dos edifícios.A freguesia apenas dispõe de vias municipais, encontrando-se a cerca de 30 minutos da sede de concelho e a 40 minutos da aglomeração regional, ultrapassando 90 minutos para aceder à cidade de equilíbrio regional.
Não existe rede de transportes local, nem praça de táxis, o que coloca esta população numa situação periférica.A freguesia dispõe apenas de uma função (posto de telefone público). O equipamento escolar existente, em 2002, à data encontra-se encerrado.
Apresenta uma elevada carência de funções não especializadas e um índice de marginalidade muito forte.A freguesia tem uma reduzida percentagem de população activa (10%), tendo somente 4 indivíduos empregados, em 2001, em particular no sector secundário (75%), contudo existiam apenas 2 desempregados. Em 2005, já não existe nenhum indivíduo empregado, derivado do facto da maioria da população não ter qualquer actividade. A maior parte da população tem ocupação no sector agrícola, sendo a população agrícola (62 indivíduos), em 1999, superior à população residente (60 indivíduos), em 2001, contrariamente ao que ocorria no período anterior.
As explorações diminuíram, mas também a área média da exploração, em virtude da menor área de SAU explorada, sendo cada vez menos os agregados familiares com actividade exclusiva na actividade agrícola.Refira-se a diminuição na utilização das terras, excepto nas culturas permanentes e nas matas e florestas sem cultura sob coberto, que denotam o crescente abandono das terras e das culturas mais exigentes em mão-de-obra.
A vegetação arbustiva e herbácea predomina e registou aumento (205ha), existindo também aumento da área de floresta (25ha), diminuindo as zonas agrícolas heterogéneas (ainda representam 30% da área da freguesia), situação que se encontra associado ao crescente abandono da freguesia.
REFLEXÃO
A dinâmica de recessão da freguesia foi fortemente marcada pela emigração da população para o estrangeiro, tendo sido impulsionada pelo efeito de imitação/difusão a partir de um ex-residente entretanto emigrante em França. Ou seja, um habitante local emigra e vai arranjando trabalho para outros, enquanto um “passador” dá apoio na passagem da fronteira, originando ciclo sucessivo (iniciado em 1965) com efeitos cumulativos que leva a população local, na sua maioria, para França. Os habitantes procuram novas formas de vida, pois a única fonte de rendimento é a agricultura e esta era cada vez menos rentável. Mais recentemente, a partir dos anos 1990, surge uma nova onda de emigração, com a generalidade da população a emigrar, sobretudo para França e Suíça, ficando sobretudo os mais idosos, originando o despovoamento generalizado da freguesia. Aqui, as migrações de população para o litoral foram em número reduzido e sobretudo a partir da década de 90, tendo sido também muito poucos os que saíram da freguesia para ir para as cidades mais próximas.
O regresso dos emigrantes é praticamente inexistente. Nos anos 1970, foram pouquíssimos os que regressaram das colónias (3 ou 4 pessoas) e se instalaram na freguesia. Os emigrantes que na última década têm voltado não regressam para a freguesia, instalam-se sobretudo em Macedo de Cavaleiros e Bragança (4 famílias), existindo apenas dois casais que se instalaram na freguesia. Os filhos dos residentes que vão estudar/trabalhar para as cidades são poucos, mas também estes não regressam, vindo pontualmente à freguesia (fim de semana ou férias). Nenhum dos filhos dos emigrantes veio residir para a freguesia e, aparentemente também não foram para as cidades próximas.
A população da freguesia encontra-se bastante envelhecida, sendo muito poucos os jovens, existem apenas 6 habitantes com cerca de 10 anos, e no aglomerado de Vilar D’Ouro, o habitante mais novo tem 45 anos, tendo a grande maioria mais de 80 anos. Desde há 25 anos para cá, os nascimentos são em número muito reduzido, existindo mesmo um aglomerado onde não nasceu ninguém. No período de Verão, regressa muita gente à freguesia, nomeadamente os emigrantes e os respectivos filhos que vêm passar as férias, juntando-se mais de 300 pessoas, dando outra dinâmica e vida aos aglomerados. Existem também 3 a 5 famílias que residem na Área Metropolitana do Porto e que têm casa na freguesia, vindo, por vezes, passar o fim-de-semana e parte do tempo das férias.
O facto de a população estar dividida em três aglomerados, não teve influência no esvaziamento demográfico, sendo as principais causas das dinâmicas populacionais regressivas a baixa rentabilidade da agricultura tradicional, dados os custos das matérias-primas e dos fertilizantes, nomeadamente os adubos. Esta agricultura tradicional não está organizada e certificada para conseguir competir com os preços de uma agricultura de mercado. Os preços praticados são muito reduzidos face aos custos, sobretudo perante produtos que têm vindo a registar quedas de preços os vitelos valiam mais há vinte anos que valem hoje).
A rede viária apresenta limitações, existindo troços sem tapete betuminoso e que necessitam de ser melhorados, de modo a permitir diminuir a distância e o tempo de acesso à sede de concelho, contudo, a rede existente é suficiente para suprir as necessidades de deslocação, pois a população é muito reduzida. Antigamente as pessoas deslocavam-se a pé, ou usando os animais, indo muitas vezes, a pé até Santa Comba de Rossas (9 km) onde apanhavam o comboio. Também iam a pé a Macedo, nomeadamente para vender o carvão. Actualmente as pessoas deslocam-se de automóvel, embora não existam muitos na freguesia, pois os habitantes que têm automóvel acabam por transportar os outros, dado que não existe nenhum meio de transporte público (em tempos existiu uma carreira de ligação à sede de concelho) e não é muito utilizado o táxi. A distância à sede de concelho teve influência nas dinâmicas recessivas, pois alguns dos jovens que andam a estudar em Macedo de Cavaleiros acabam por ficar aí numa residência de estudantes. O transporte destes alunos teria de ser em táxi até à freguesia vizinha (Espadanedo) e de autocarro da Câmara Municipal para Macedo de Cavaleiros.
Desde há vários anos que a freguesia está servida de abastecimento de água, luz, telefone, tendo apenas à 12 anos ligação viária alcatroada entre os aglomerados da freguesia, contudo não foram estes elementos determinantes na evolução da população, sendo sobretudo a inexistência de oferta local de empregabilidade que desencadeou o abandono.
A freguesia nunca dispôs de nenhum tipo de comércio, sendo que o pão e a mercearia chegam à freguesia três vezes por semana, através dos vendedores ambulantes. Chegaram a funcionar 2 escolas, encontrando-se uma encerrada há cerca de 20 anos e a outra encerrou à 6 anos. Apenas a igreja e as 2 capelas são equipamentos utilizados pela população, sendo importantes dada a vocação religiosa, servindo também para a socialização entre os residentes, nomeadamente nos períodos antes e após as celebrações. Os espaços de utilização pública são em número reduzido.
Nunca houve empregadores, mesmo no sector agrícola. As pessoas que trabalham na agricultura, geralmente trabalham por conta própria, embora existisse uma grande entreajuda entre os vários habitantes. Nas duas últimas décadas, várias pessoas saem temporariamente para realizar trabalhos sazonais, pois a agricultura local é para subsistência, tal como foi ao longo dos tempos. A agricultura tradicional mecanizou-se mas continua a não se dirigir para o mercado. Cada vez mais os campos estão abandonados, pois existe pouca gente, mesmo os emigrantes que possuem terrenos têm cada vez mais dificuldades em arranjar quem fique entregue das suas propriedades. Os agricultores são idosos, muitos deles reformados, produzindo essencialmente batata, centeio e alguma castanha, e cultivando uma pequena horta para auto consumo. Os animais na freguesia são em número cada vez mais reduzido – existem poucos bovinos (7 vacas), 2 rebanhos de ovelhas e 1 de cabras. A comercialização das produções é feita pelos “comerciantes ambulantes” que passam na freguesia e adquirem os produtos, para depois os venderem nas feiras da região e a comerciantes de outras regiões. No caso dos animais, a venda também é feita através de intermediários, sendo contactados pelos produtores locais sempre que têm animais para vender.
A floresta encontra-se sobretudo em terrenos baldios, sendo gerida pela Comissão de Baldios, que tem 60% da produção, a qual tem vindo a aumentar por regeneração natural devido ao crescente abandono dos campos, nomeadamente nos terrenos baldios e mesmo em propriedades privadas abandonadas. A caça assume também alguma importância, atraindo alguns visitantes (Zona de Caça de Soutelo Mourisco), beneficiando a freguesia directamente das taxas e licenças de caça pagas pelos caçadores. O turismo não tem expressão económica, pois só aparecem alguns turistas, sobretudo estrangeiros, nomeadamente nos meses da Primavera e Verão. Um dos elementos de atracção local era o rali, que acabou por ser desviado para outros percursos, devido à presença local de habitats de lobos.
Nunca houve nenhum tipo de indústria localizada na freguesia e não há residentes locais a trabalhar fora na construção civil ou noutra actividade. Quando alguém arranja emprego fora, é sobretudo no comércio e serviços em Macedo ou Bragança, acabando por ir residir para essas localidades.
Segundo os residentes locais, daqui a 10 anos, a freguesia não terá mais de 10 pessoas, sendo uma situação irreversível.
IN http://hdl.handle.net/10216/51026
Soutelo de Mourisco, freguesia do concelho de Macedo de Cavaleiros, situada no extremo NE do concelho, no limite do concelho com os concelhos de Vinhais e Bragança.
Encontra-se na Terra Fria Transmontana, em zona de montanha (fraldas da serra de Pombares), ocupando uma superfície de 1248ha, que representa uma densidade populacional inferior a 5hab/km2.
Integra os aglomerados de Cabanas, Soutelo Mourisco e Vilar D’Ouro.A freguesia perdeu 79,6% da população entre 1950 e 2001. Na década de 50/60 ainda regista um aumento populacional, atingindo o máximo populacional em 1960 (323 habitantes). Nas décadas seguintes diminui de forma significativa. Em 2001, tem 60 habitantes, sendo 25 em Cabanas, 21 em Soutelo Mourisco e 14 em Vilar D’Ouro. Os jovens têm cada vez menor peso (13% em 2001) e o peso da população idosa aumenta, denotando-se num forte agravamento do índice de envelhecimento.
Cerca de metade da população não tem nenhum nível de instrução e 5% tem instrução acima do 1 ciclo.
Verifica-se a diminuição das famílias clássicas (-43%), manutenção dos alojamentos e dos edifícios.A freguesia apenas dispõe de vias municipais, encontrando-se a cerca de 30 minutos da sede de concelho e a 40 minutos da aglomeração regional, ultrapassando 90 minutos para aceder à cidade de equilíbrio regional.
Não existe rede de transportes local, nem praça de táxis, o que coloca esta população numa situação periférica.A freguesia dispõe apenas de uma função (posto de telefone público). O equipamento escolar existente, em 2002, à data encontra-se encerrado.
Apresenta uma elevada carência de funções não especializadas e um índice de marginalidade muito forte.A freguesia tem uma reduzida percentagem de população activa (10%), tendo somente 4 indivíduos empregados, em 2001, em particular no sector secundário (75%), contudo existiam apenas 2 desempregados. Em 2005, já não existe nenhum indivíduo empregado, derivado do facto da maioria da população não ter qualquer actividade. A maior parte da população tem ocupação no sector agrícola, sendo a população agrícola (62 indivíduos), em 1999, superior à população residente (60 indivíduos), em 2001, contrariamente ao que ocorria no período anterior.
As explorações diminuíram, mas também a área média da exploração, em virtude da menor área de SAU explorada, sendo cada vez menos os agregados familiares com actividade exclusiva na actividade agrícola.Refira-se a diminuição na utilização das terras, excepto nas culturas permanentes e nas matas e florestas sem cultura sob coberto, que denotam o crescente abandono das terras e das culturas mais exigentes em mão-de-obra.
A vegetação arbustiva e herbácea predomina e registou aumento (205ha), existindo também aumento da área de floresta (25ha), diminuindo as zonas agrícolas heterogéneas (ainda representam 30% da área da freguesia), situação que se encontra associado ao crescente abandono da freguesia.
REFLEXÃO
A dinâmica de recessão da freguesia foi fortemente marcada pela emigração da população para o estrangeiro, tendo sido impulsionada pelo efeito de imitação/difusão a partir de um ex-residente entretanto emigrante em França. Ou seja, um habitante local emigra e vai arranjando trabalho para outros, enquanto um “passador” dá apoio na passagem da fronteira, originando ciclo sucessivo (iniciado em 1965) com efeitos cumulativos que leva a população local, na sua maioria, para França. Os habitantes procuram novas formas de vida, pois a única fonte de rendimento é a agricultura e esta era cada vez menos rentável. Mais recentemente, a partir dos anos 1990, surge uma nova onda de emigração, com a generalidade da população a emigrar, sobretudo para França e Suíça, ficando sobretudo os mais idosos, originando o despovoamento generalizado da freguesia. Aqui, as migrações de população para o litoral foram em número reduzido e sobretudo a partir da década de 90, tendo sido também muito poucos os que saíram da freguesia para ir para as cidades mais próximas.
O regresso dos emigrantes é praticamente inexistente. Nos anos 1970, foram pouquíssimos os que regressaram das colónias (3 ou 4 pessoas) e se instalaram na freguesia. Os emigrantes que na última década têm voltado não regressam para a freguesia, instalam-se sobretudo em Macedo de Cavaleiros e Bragança (4 famílias), existindo apenas dois casais que se instalaram na freguesia. Os filhos dos residentes que vão estudar/trabalhar para as cidades são poucos, mas também estes não regressam, vindo pontualmente à freguesia (fim de semana ou férias). Nenhum dos filhos dos emigrantes veio residir para a freguesia e, aparentemente também não foram para as cidades próximas.
A população da freguesia encontra-se bastante envelhecida, sendo muito poucos os jovens, existem apenas 6 habitantes com cerca de 10 anos, e no aglomerado de Vilar D’Ouro, o habitante mais novo tem 45 anos, tendo a grande maioria mais de 80 anos. Desde há 25 anos para cá, os nascimentos são em número muito reduzido, existindo mesmo um aglomerado onde não nasceu ninguém. No período de Verão, regressa muita gente à freguesia, nomeadamente os emigrantes e os respectivos filhos que vêm passar as férias, juntando-se mais de 300 pessoas, dando outra dinâmica e vida aos aglomerados. Existem também 3 a 5 famílias que residem na Área Metropolitana do Porto e que têm casa na freguesia, vindo, por vezes, passar o fim-de-semana e parte do tempo das férias.
O facto de a população estar dividida em três aglomerados, não teve influência no esvaziamento demográfico, sendo as principais causas das dinâmicas populacionais regressivas a baixa rentabilidade da agricultura tradicional, dados os custos das matérias-primas e dos fertilizantes, nomeadamente os adubos. Esta agricultura tradicional não está organizada e certificada para conseguir competir com os preços de uma agricultura de mercado. Os preços praticados são muito reduzidos face aos custos, sobretudo perante produtos que têm vindo a registar quedas de preços os vitelos valiam mais há vinte anos que valem hoje).
A rede viária apresenta limitações, existindo troços sem tapete betuminoso e que necessitam de ser melhorados, de modo a permitir diminuir a distância e o tempo de acesso à sede de concelho, contudo, a rede existente é suficiente para suprir as necessidades de deslocação, pois a população é muito reduzida. Antigamente as pessoas deslocavam-se a pé, ou usando os animais, indo muitas vezes, a pé até Santa Comba de Rossas (9 km) onde apanhavam o comboio. Também iam a pé a Macedo, nomeadamente para vender o carvão. Actualmente as pessoas deslocam-se de automóvel, embora não existam muitos na freguesia, pois os habitantes que têm automóvel acabam por transportar os outros, dado que não existe nenhum meio de transporte público (em tempos existiu uma carreira de ligação à sede de concelho) e não é muito utilizado o táxi. A distância à sede de concelho teve influência nas dinâmicas recessivas, pois alguns dos jovens que andam a estudar em Macedo de Cavaleiros acabam por ficar aí numa residência de estudantes. O transporte destes alunos teria de ser em táxi até à freguesia vizinha (Espadanedo) e de autocarro da Câmara Municipal para Macedo de Cavaleiros.
Desde há vários anos que a freguesia está servida de abastecimento de água, luz, telefone, tendo apenas à 12 anos ligação viária alcatroada entre os aglomerados da freguesia, contudo não foram estes elementos determinantes na evolução da população, sendo sobretudo a inexistência de oferta local de empregabilidade que desencadeou o abandono.
A freguesia nunca dispôs de nenhum tipo de comércio, sendo que o pão e a mercearia chegam à freguesia três vezes por semana, através dos vendedores ambulantes. Chegaram a funcionar 2 escolas, encontrando-se uma encerrada há cerca de 20 anos e a outra encerrou à 6 anos. Apenas a igreja e as 2 capelas são equipamentos utilizados pela população, sendo importantes dada a vocação religiosa, servindo também para a socialização entre os residentes, nomeadamente nos períodos antes e após as celebrações. Os espaços de utilização pública são em número reduzido.
Nunca houve empregadores, mesmo no sector agrícola. As pessoas que trabalham na agricultura, geralmente trabalham por conta própria, embora existisse uma grande entreajuda entre os vários habitantes. Nas duas últimas décadas, várias pessoas saem temporariamente para realizar trabalhos sazonais, pois a agricultura local é para subsistência, tal como foi ao longo dos tempos. A agricultura tradicional mecanizou-se mas continua a não se dirigir para o mercado. Cada vez mais os campos estão abandonados, pois existe pouca gente, mesmo os emigrantes que possuem terrenos têm cada vez mais dificuldades em arranjar quem fique entregue das suas propriedades. Os agricultores são idosos, muitos deles reformados, produzindo essencialmente batata, centeio e alguma castanha, e cultivando uma pequena horta para auto consumo. Os animais na freguesia são em número cada vez mais reduzido – existem poucos bovinos (7 vacas), 2 rebanhos de ovelhas e 1 de cabras. A comercialização das produções é feita pelos “comerciantes ambulantes” que passam na freguesia e adquirem os produtos, para depois os venderem nas feiras da região e a comerciantes de outras regiões. No caso dos animais, a venda também é feita através de intermediários, sendo contactados pelos produtores locais sempre que têm animais para vender.
A floresta encontra-se sobretudo em terrenos baldios, sendo gerida pela Comissão de Baldios, que tem 60% da produção, a qual tem vindo a aumentar por regeneração natural devido ao crescente abandono dos campos, nomeadamente nos terrenos baldios e mesmo em propriedades privadas abandonadas. A caça assume também alguma importância, atraindo alguns visitantes (Zona de Caça de Soutelo Mourisco), beneficiando a freguesia directamente das taxas e licenças de caça pagas pelos caçadores. O turismo não tem expressão económica, pois só aparecem alguns turistas, sobretudo estrangeiros, nomeadamente nos meses da Primavera e Verão. Um dos elementos de atracção local era o rali, que acabou por ser desviado para outros percursos, devido à presença local de habitats de lobos.
Nunca houve nenhum tipo de indústria localizada na freguesia e não há residentes locais a trabalhar fora na construção civil ou noutra actividade. Quando alguém arranja emprego fora, é sobretudo no comércio e serviços em Macedo ou Bragança, acabando por ir residir para essas localidades.
Segundo os residentes locais, daqui a 10 anos, a freguesia não terá mais de 10 pessoas, sendo uma situação irreversível.
IN http://hdl.handle.net/10216/51026
Cereja a caminho das 100 toneladas
Os responsáveis pela Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé (CAAF) estimam que os seus 60 hectares de cerejeiras atinjam este ano uma produção aproximada de 100 toneladas.
De acordo com o presidente da CAAF, Eduardo Tavares, as condições climatéricas que têm sido favoráveis tanto no período da floração, quer na época do rebentamento do fruto, factores que se demonstram “determinantes” para um “aumento da produção”, face a anos anteriores.
“ Este ano esperamos atingir as 100 toneladas de cereja. Para além das condições climatéricas favoráveis há uma série de novos pomares, que entraram na sua fase de plena produção”, observou o responsável.
Apesar das flores de cerejeira terem já desaparecido, nas árvores é já possível observar pequenos frutos em fase de desenvolvimento que atingiram a sua maturação lá para finais de Maio início de Junho.
No ano passado a produção de cereja registou quebras “significativas”, devido às geadas tardias que se abateram sobre a região onde estão concentrados os pomares da CAAF.
“ Na campanha da apanha de cereja do ano passado a produção rondou apenas as 40 toneladas, o que se traduz numa grande quebra de produção,” acrescentou Eduardo Tavares.
Agora com os olhos posto no futuro, os responsáveis pela CAAF esperam “duplicar” a sua produção de cereja face a este ano e ultrapassar as 200 toneladas, para assim entrarem em pleno no mercado nacional de comercialização de cereja.
“Com o previsto aumento de produção, pretendemos escoar o nosso produto para as grandes superfícies comerciais existentes no país, ao mesmo tempo marcar presença em certames de âmbito nacional com os que se realizam em Alfândega da Fé, Santarém ou Vila Nova de Gaia,” disse o dirigente da CAAF.
Por: Francisco Pinto, in Jornal Nordeste (03-05-2011).
De acordo com o presidente da CAAF, Eduardo Tavares, as condições climatéricas que têm sido favoráveis tanto no período da floração, quer na época do rebentamento do fruto, factores que se demonstram “determinantes” para um “aumento da produção”, face a anos anteriores.
“ Este ano esperamos atingir as 100 toneladas de cereja. Para além das condições climatéricas favoráveis há uma série de novos pomares, que entraram na sua fase de plena produção”, observou o responsável.
Apesar das flores de cerejeira terem já desaparecido, nas árvores é já possível observar pequenos frutos em fase de desenvolvimento que atingiram a sua maturação lá para finais de Maio início de Junho.
No ano passado a produção de cereja registou quebras “significativas”, devido às geadas tardias que se abateram sobre a região onde estão concentrados os pomares da CAAF.
“ Na campanha da apanha de cereja do ano passado a produção rondou apenas as 40 toneladas, o que se traduz numa grande quebra de produção,” acrescentou Eduardo Tavares.
Agora com os olhos posto no futuro, os responsáveis pela CAAF esperam “duplicar” a sua produção de cereja face a este ano e ultrapassar as 200 toneladas, para assim entrarem em pleno no mercado nacional de comercialização de cereja.
“Com o previsto aumento de produção, pretendemos escoar o nosso produto para as grandes superfícies comerciais existentes no país, ao mesmo tempo marcar presença em certames de âmbito nacional com os que se realizam em Alfândega da Fé, Santarém ou Vila Nova de Gaia,” disse o dirigente da CAAF.
Por: Francisco Pinto, in Jornal Nordeste (03-05-2011).
Estou de volta
Passado algum tempo, estou de volta para divulgar as novidades de Trás-os-Montes e Alto Douro......
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
O despertar do “país sonolento”: contributo das feiras de produtos locais para um novo projecto de desenvolvimento territorial
Com base nos dados do último censo, João Ferrão (2001) classificou 45% das freguesias portuguesas como “país sonolento”. Grande parte destes espaços encontram-se no interior do país, com particular incidência nas regiões Norte e Centro, correspondendo a territórios com perdas demográficas significativas que se encontram, muitas vezes, num “círculo vicioso de subdesenvolvimento” (Ferrão, 2001). Estes territorios de baixa densidade têm vindo, neste início de século, a dinamizar, com maior ou menor intensidade, processos de transformação indutores de mudanças significativas. Os territórios parecem estar a despertar. Entre as alterações mais visiveis, as feiras de produtos locais estão a contribuir para a criação de uma nova inteligência colectiva. Em torno destes eventos têm sido divulgadas produções, costumes e dialectos, originando o despertar dos territórios e das suas identidades. Funcionando como uma forma de manifestação da cultura popular, de promoção e divulgação do artesanato, da gastronomia, do folclore e dos produtos locais de qualidade, redescobre-se e reconstroiem-se os recursos locais, através da mobilização colectiva. São de certa forma uma montra dos municípios e da região, procurando a valorização dos lugares, das gentes e das produções locais.
A visão nostalgica do campo ganha uma força estratégica que está a “acordar” nos territórios de baixa densidade. Os territórios “sonolentos” estão a dinamizar processos de mudança, criando os novos alicerces para um novo projecto de desenvolvimento territorial. As feiras são apenas um dos sintomas desses processos. Com as feiras locais revaloriza-se o rural (enquanto memória, património e paisagem), através de uma alavancagem a partir das autarquias. Neste âmbito, é necessário aproveitar todos os recursos do território, apostar na identidade do lugar e na identificação do consumidor com o lugar - nas feiras os visitantes procuram uma imagem, uma representação do rural. Isto não significa que as imagens e as representações não estejam a ser reconstruídas.
O tema deste estudo focaliza-se nas feiras de produtos locais realizadas em Trás-os-Montes e Alto Douro. Com base em inquéritos realizados aos visitantes e expositores da feira do fumeiro de Vinhais e da feira da caça e turismo de Macedo de Cavaleiros, este artigo visa avaliar o real significado e importância destes acontecimentos na dinamização das actividades locais e manutenção da população, avaliar a sua visibilidade nos territórios urbanos e a capacidade de atracção de visitantes de fora do concelho e de fora da região/país, bem como a avaliação dos seus impactos. Apresenta-se uma analise detalhada dos resultados dos inquéritos realizados, os quais indiciam que estes eventos funcionam como um novo espaço de relacionamento urbano-rural, contribuindo para valorizar “novas actividades” em espaço rural, tendo grande importância na divulgação e venda dos produtos regionais por parte dos expositores locais. Finalmente, refira-se o peso dos visitantes com formação superior, sendo a área de influência destes eventos relativamente grande, com visitantes de várias partes do país e do estrangeiro.
Resumo de artigo a apresentar no VII Congresso de Geografia Portuguesa em Novembro de 2009.
A visão nostalgica do campo ganha uma força estratégica que está a “acordar” nos territórios de baixa densidade. Os territórios “sonolentos” estão a dinamizar processos de mudança, criando os novos alicerces para um novo projecto de desenvolvimento territorial. As feiras são apenas um dos sintomas desses processos. Com as feiras locais revaloriza-se o rural (enquanto memória, património e paisagem), através de uma alavancagem a partir das autarquias. Neste âmbito, é necessário aproveitar todos os recursos do território, apostar na identidade do lugar e na identificação do consumidor com o lugar - nas feiras os visitantes procuram uma imagem, uma representação do rural. Isto não significa que as imagens e as representações não estejam a ser reconstruídas.
O tema deste estudo focaliza-se nas feiras de produtos locais realizadas em Trás-os-Montes e Alto Douro. Com base em inquéritos realizados aos visitantes e expositores da feira do fumeiro de Vinhais e da feira da caça e turismo de Macedo de Cavaleiros, este artigo visa avaliar o real significado e importância destes acontecimentos na dinamização das actividades locais e manutenção da população, avaliar a sua visibilidade nos territórios urbanos e a capacidade de atracção de visitantes de fora do concelho e de fora da região/país, bem como a avaliação dos seus impactos. Apresenta-se uma analise detalhada dos resultados dos inquéritos realizados, os quais indiciam que estes eventos funcionam como um novo espaço de relacionamento urbano-rural, contribuindo para valorizar “novas actividades” em espaço rural, tendo grande importância na divulgação e venda dos produtos regionais por parte dos expositores locais. Finalmente, refira-se o peso dos visitantes com formação superior, sendo a área de influência destes eventos relativamente grande, com visitantes de várias partes do país e do estrangeiro.
Resumo de artigo a apresentar no VII Congresso de Geografia Portuguesa em Novembro de 2009.
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